Descobri que estar com alguém que faz dança é maravilhoso, Filipe conseguia apoiar o peso do corpo numa perna só e erguer o outro pé acima de sua cabeça, demonstrando uma flexibilidade absurda, eu já queria me aproveitar daquilo, mas ele dizia que não aprendeu dança pra ficar fazendo besteira e sim pra dançar.

Às vezes eu entrava no apartamento dele e o flagrava dançando no quarto, qualquer movimento que ele fazia era bonito, nunca vi um quadril mexer tão rápido como o dele, que substituiria fácil essas dançarinas de programa de auditório que passam aos domingos.

Já fazia tempo que não fazíamos nada juntos além de ficar beijando e se pegando na cama dele, definitivamente seu quarto era o nosso lugar, por mais que eu tentasse arrastá-lo para minha casa não fluía, até eu me sentia mais à vontade em seu apartamento, creio que era pelo fato de Allan já saber de tudo e nos dar apoio.

Ele era o melhor pai que um filho podia ter, alto e forte, porém jovem e despojado, professor de educação física para delírio das moradoras da redondeza, tinha mente aberta em relação a tudo, além de aceitar nossa relação dava o máximo de apoio, dizia que não era pra gente ficar brigando, pra gente curtir a adolescência e fazer tudo o que podíamos.

*

Eu estava em casa arrumando minhas coisas, depois de três semanas consecutivas de tarefas e obrigações finalmente estava liberado para fazer tudo o que eu queria, então decidi compensar minha ausência, e para isso usei os super amigos.

Ritinha e Caio chegaram a minha casa por volta das onze horas da manhã, ambos estavam animados e riam o tempo todo. Ela vestia uma bermuda branca com uma camisa preta de gola V e Caio estava usando uma bermuda jeans e camisa branca e estava de óculos escuros.

- Que bom que vocês chegaram! - Falei sorrindo enquanto entrávamos no quarto.

- Sempre que venho aqui eu digo isso amigo, mas teu apartamento é lindo - Ritinha falou se jogando na cama.

- Ritinha dois apartamentos desse tamanho equivalem a sua casa - Falei sentando na cadeira que ficava na escrivaninha.

- Do que adianta uma casa daquela e não ter um boy? Preferia morar num caixote e ter alguém - Caio caiu na gargalhada - Filipe já podia chegar estar aqui com a gente - Ela disse.

- Então você mora aqui e o Filipe mora dois andares embaixo, isso significa que vocês se divertem muito não é? - Caio indagou.

- No começo sim Caio, mas meus pais não tem cooperado, estou morrendo de vontade de ficar com Filipe, tipo, ficar mesmo - Falei sorrindo.

- Podem ir conversando e eu vou mexer aqui no seu armário, vou até escolher uma roupa pra você, uma que Filipe vá gostar - Ela disse.

- Só você mesmo Eduardo pra me fazer vir pra sua casa num domingo e depois pegar um ônibus, eu nem sei andar nessas coisas - Meu amigo falou enquanto ria.

- Obrigado pela força - Respondi - É você que vai pra escola de motorista né Caio?

- Quase isso, meu padrasto, ele não tem emprego, mas minha mãe gosta dele, provavelmente deve ser um desses fogosos, ela o paga pra que a leve e busque no trabalho e me leve e busque na escola - Caio respondeu.

- Sua mãe sou eu no futuro, pagando os boys para mantê-lo aos meus pés - Ritinha falou e gargalhamos.

Ela era cômica e suas tiradas de humor eram imprevisíveis. Morava com a mãe e não tinha muito contato com seu pai, era uma menina um pouco carente e frágil também, preenchia seu tempo com livros, séries, músicas, desenho e muita besteira.

DE AMIGO PARA NAMORADO - DescobertasWhere stories live. Discover now