- A questão é que a Jessy exigia muito de mim, ela queria que eu fosse duro com nossos filhos para eles crescem obedientes e focados nas suas responsabilidades... - ele quebra o olhar e vai até a estante onde tem uma foto dela, pega a foto e deixa o copo no lugar, ele se vira e fica olhando para foto - Jessy batia muito no Luke quando não estava, dizendo ela que ele era levado e merecia apanhar.

Abismada, essa é a palavra para como estou. Como ele aceitou tudo isso? Luke não tinha culpa, ele era só uma criancinha. Essa Jessy não percebia o seu erro?

Claro que não Elise, ela era louca!

- Eu queria poder ser um pai presente para eles, mas a Jessy dizia que tinha que trabalhar duro para sustentar eles. - ele sorri sem emoção e dá de ombros derrotado, esse na minha frente é um Dante quebrado - Eu fazia tudo que ela pedia, achava que a amava...

Ele achava Elise, entenda essa parte...

- Ela me ameaçava muitas das vezes, dizendo que iria se matar, e que se eu a largasse poderia fazer coisas piores aos nossos filhos. Por sentir medo dela fazer algum mau as crianças eu continuava com ela, eu fazia sua vontade. Então, me restava apenas me atolar no trabalho, vivia trabalhando para esquecer as ameaças da Jessy, e acho que culpava meus filhos por isso.

" Uma vez peguei a Jessy com o travesseiro na mão, ela tinha a intenção de sufocar o Luke, dizendo ela que ele se parecia muito comigo e que não queria isso. Tinha momentos que ela falava que o Luke era o menino mais lindo e que era sortuda por ele se parecer comigo.

" Mas, Jessy era louca e devia ter reconhecido, depois que ela se matou, eu... eu me afastei mesmo dos meus filhos, vivo mais no trabalho que com eles. Acho que uma parte de mim sabe o motivo, eles são filhos dela e me odeio por pensar assim. Então sou rude com eles, como se quisesse descontar toda a raiva que a Jessy me fez durante nosso horrível casamento.

- Eles não tem culpa Dante, eles não são culpados por nada. Você acha que se continuar sendo um homem das cavernas, no futuro seus filhos vão te admirar?

Ele olha para mim e nega com a cabeça, suspiro e chego perto dele sem desviar o olhar.

- Eu não contei por que queria dar aos seus filhos o que eles mais querem, a sua atenção. Se eu contasse, você deixaria tudo e focaria apenas na Sofia a forçando e a amedrontando. Fiz isso para o bem de todos, sei que não foi o certo, mas foi o melhor caminho que achei para ajudar.

- O que você anda fazendo com todos nós?

Sua pergunta me pega de surpresa. É a primeira vez que estamos conversando civilizadamente.

- Não faço nada Dante, tive uma infância ótima, uma ótima mãe e por um tempo um ótimo pai. Queria mostrar um pouco disso aos seus filhos...

- Seu pai é um monstro, Elise.

Inclino a cabeça de lado e dou um sorriso fraco, sei bem no monstro que meu pai se tornou.

- Eu sei que não é melhor pessoa, mas não guardo rancor dele. Fui feliz com ele enquanto podia, e isso é o que importa. Acho o Jorge um bom pai, mesmo por tudo que me fez, fugi de casa para me livrar da dor. E mesmo assim um dia antes, ele me falou que iria me arrepender de sair de casa e que querendo ou não eu voltaria pedindo sua ajuda. Não tenho rancor, talvez medo. E por isso quero concertar seu erro com seus filhos, você é muito melhor que aparenta ser.

- Você é uma mulher incrível!

- Obrigada, só aprendi a acertar. Um dia após o outro, tive que controlar minhas emoções ou poderia parar em algum hospital - dou uma risada e ergo meus ombros com indiferença - é vivendo e aprendendo.

Uma Babá Inexperiente - Indisponível em SetembroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora