V i n t e e o i t o | Pedro

Depuis le début
                                    

Abri a porta e vi ela de pé no corredor.

— Você limpou os machucados?! — Maju se aproximou olhando pro meu rosto e neguei. — Precisa desinfetar, senão inflama.

— Não precisa disso. — Falei balançando a cabeça e ela revirou os olhos.

Maju ficou me encarando pensativa, parecia que todas as coisas que ela estava fazendo exigiam que ela se perguntasse se devia ou não continuar.

— Eu não devia estar te ajudando e você sabe disso. — Seu olhar se desviou do meu. — Mas eu vou, não porque você merece mas porque precisa.

Senti uma pontada de mágoa dentro de mim, eu acho que nunca vi ela assim... e mesmo sem ter esperança nenhuma, aquilo fez eu perceber que ela jamais me perdoaria.

Maju pegou a caixinha de curativos de dentro da gaveta, tirou algumas coisa de dentro e me sentei na tampa do vaso... parecia que eu era um garotinho sendo cuidado pela mãe.

Uma de suas mãos tocaram minha bochecha, seu toque era morno e por um momento fechei os olhos imaginando que ela deslizaria os dedos fazendo carinho em mim.

— Tá doendo?! — Maju perguntou apertando de leve e recuei gemendo. — Você não precisa me contar... a menos que queira.

— Não quero. — Sussurrei e vi seu olhar magoado.

Senti quando ela colocou a gaze gelada sob o meu rosto, recuei porque ardeu mas ela segurou meu queixo e nossos olhares se encontraram.

Eu queria tanto poder beija-la, tocar seu rosto e fingir que tava tudo bem. Eu precisava falar agora, antes que a pouca coragem se esvaísse e eu fosse embora.

— Maju... eu... eu sei que é tarde demais, sei que provavelmente você me odeia. — Falei engolindo sem seco. — Mas eu queria te pedir perdão, por ter mentido, por ter traído sua confiança... por ter te machucado.

Ela escorou na pia me encarando, seu olhar mostrava tristeza, agora nela só tinha sobrado uma pessoa quebrada, e dói saber que fui eu quem a quebrei.

Seu olhar magoado se fixou na minha aliança, era como se eu tivesse cometido o pior erro da minha vida ao usá-lo só pela forma como me olhou.

— Não estou te pedindo perdão porque quero que você volte pra mim... quer dizer, eu quero, eu quero muito, mas eu sei que não é mais possível. — Tentei não parecer desesperado. — Eu to te pedindo perdão porque eu me arrependi, e me arrependo todos os dias por ter feito o que eu fiz.

— Pedro eu... eu não sei o que te dizer. — Maju franziu os lábios. — Eu planejei tanto essa conversa e agora que ela chegou não sei o que fazer.

Um silêncio constrangedor se instalou entre nós, meu coração partia em ver aquilo, quando será que as coisas voltariam ao normal?

— Eu penso em você todos os dias. — Soltei sem pensar. Engoli em seco pensando se deveria continuar falando, eu precisava. — todo dia eu acordo e penso no quanto queria ter você de novo, eu pensava em te ligar toda noite pra dizer que sinto sua falta, que cada minuto sem você tá sendo massacrante, que sonho com nós dois todas as noites e queria que as coisas voltassem a ser igual antes...

Maju fungou e tentou esconder as lágrimas, tentei segurar o choro mas não consegui, deixei ela ver o quanto eu era fraco, o quanto aquilo tudo me arrebentava por dentro.

A nossa vez Où les histoires vivent. Découvrez maintenant