Capítulo 1: Flagra

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Encaro o celular desatinada, avaliando minhas opções enquanto aperto o aparelho, será que compensa pagar um Uber para ir até o apartamento do meu namorado? Encher a cara dele de tapa e fazê-lo devolver os trezentos reais que gastei hoje?

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Encaro o celular desatinada, avaliando minhas opções enquanto aperto o aparelho, será que compensa pagar um Uber para ir até o apartamento do meu namorado? Encher a cara dele de tapa e fazê-lo devolver os trezentos reais que gastei hoje?

Não tô querendo bancar a namorada histérica, mas vejam se vocês não concordam comigo... Meu namorado liga desmarcando nosso compromisso em plena sexta-feira, poderia passar despercebido se fosse o primeiro cano, mas não é, já é o terceiro que aquele infeliz me dá. Depois de já ter gastado com lingerie nova, cabelo, manicure e depilação. Sempre a mesma ladainha, desculpa: Mô peguei uma virose, Lice tô com um desarranjo intestinal. Que saco!

Vou ligar para a Lurdes e encher a cara! Tá decidido, ele que passa a sexta enchendo o vaso então.

"Frederico você me paga!" Praguejo louca da vida. Sei perfeitamente que começou agir estranho depois da última tentativa, a gente vem tentando transar, mas eu sou molenga e nunca consigo deixá-lo romper a merda do hímen, doeu pra caramba da última vez, mas eu esperava uma conduta mais resignada dele.

Resolvo ligar para a vadia da minha melhor amiga, e antes que eu efetue a ligação o celular começa vibrar, não é a Lurdes e tampouco Fred.

Número desconhecido.

"Fala!" Atendo contrariada, já rebolando meu scarpin da jimmy choo para longe.

"Alice? É o Caio!" Uma voz masculina bem grave chama meu nome, pera, quem diabos é Caio? Já ouvi falar nesse nome... Fico muda por alguns segundos, tentando reconhecer a voz que soa tão... sexy.

"Não conheço nenhum Caio." Respondo sem paciência, encarando minhas unhas recém pintadas de vermelho bordô.

"Caio Lancaster! Estudamos juntos." Ele responde num tom de resmungo, um tiquinho afobado e impaciente.

"Como você conseguiu o número do meu celular?" Começo bagunçar meus cachos loiros artificiais, enquanto vasculho na minha memória o rosto de alguns garotos do colégio Torre. Caio, Caio... Forço minha mente trabalhar, hum, já sei de quem se trata: O suspenso! Seria mais fácil ele ter dito que era um dos alunos suspensos por ter ameaçado incendiar o colégio, eu não levei a ameaça daqueles góticos tão a sério, mas parece que a direção levou.

Caio possui um punhado de tattoos pelos braços, os integrantes da ganguezinha dele também, mas sem sombra de dúvidas ele é o mais revoltado.

"Isso realmente importa? Eu falo quando a gente conversar pessoalmente, preciso te mostrar uma coisa." Ele continua usando um tom aborrecido e autoritário, como se eu fosse cair no seu papinho, deve ser mais uma das brincadeiras diabólicas que ele e seus amigos sempre fazem.

"Meu, ainda tá aí?" Caio retrocede um pouco no tom insultuoso e a voz fica mais amena.

"O que você quer me mostrar pessoalmente?" Questiono remotamente curiosa e desconfiada.

"Quero mostrar e não falar porra!" Fico chocada pelo seu atrevimento e argumento insolente, quem pensa que é para falar comigo desse jeito?

"Você está me achando com cara de idiota ou o quê? Eu nem te conheço, não vou a lugar nenhum e por favor não me ligue mais." Antes que eu desligue ouço um "Não tô te vendo tapada".

Me jogo no sofá desanimada, ligando a tv para tentar assistir alguma série.

**

Já se passaram quase trinta minutos desde a ligação do Caio, por sorte ele não insistiu mais, porém teve a audácia de enviar-me sua localização pelo Zap.

Sou traída pela minha própria natureza, talvez realmente ele queira me mostrar algo de meu interesse.

"Foda-se!" Entro no app e adiciono o endereço que ele me mandou, já pegando meus Scarpins e bolsa.

Nota que a localização fixa enviada se trata de uma boate, Bedroom Bar, no centro de Lisboa, vou zerar minha mesada hoje pelo jeito.

**
Dou tchau para o tiozinho do Uber e entro no bar apressada, pergunto pelo Caio para a primeira garçonete que vejo, para meu espanto ele trabalha aqui como barman e sou instruída procurá-lo no balcão.

Sigo para a área da coqueteleira e pergunto por ele, ninguém sabe me informar nada, fico de molho por vários minutos e nada, tentei ligar para o idiota várias vezes e nem sinal de vida.

Resolvo dar uma volta pela boate, não deve ser difícil achá-lo, ele é absurdamente alto, corpo atlético e só veste preto, sem falar nos braços musculosos e coberto de tatuagens...

Atravesso o salão lotado, me desvencilhando das mesas, e empurrando alguns braços que são estendidos na minha direção, convidando-me para beber.

"Tô acompanhada." Invento uma desculpa, tentando puxar minha mão, o cara finalmente cede e eu prossigo com a caminhada.

E então, um casal em particular chama minha atenção. Apesar dos efeitos de luzes reconheço de imediato o casal que se beija a poucos metros de distância de onde estou.

O cachorro do meu namorado e Laila Millar, no maior amasso, desmarcou comigo em cima da hora para sair com ela e me chifrar descaradamente.
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Nota: A partir do décimo capítulo vocês notarão uma diferença significativa quanto ao tamanho, serão maiores e numa base de 3k de palavras.

Namoro de Mentirinha [COMPLETO]Where stories live. Discover now