Capítulo sessenta e seis

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P.O.V RICKY ON

-o que você está fazendo com esse bicho? -Kim me ajudava a colocar as malas dentro do táxi
-não é um bicho, é o Dexter. -revirei os olhos. -e ele vai ficar comigo no ônibus.
-mas você sabe se não tem alguém alérgico a gatos ali? -nós entramos no carro e fomos em direção à arena aonde estava o Ônibus e os rapazes. -E se...
-não me interessa se tem alguém alérgico ou não! O gato fica! -eu gritei com Kim, que arregalou os olhos e no mesmo momento me arrependi. -olha Kim, me desculpa. -passei a mão na testa. -eu não deveria ter gritado com você... eu... eu tô passando por uma fase... desculpa.
Kim pareceu surpresa com o meu pedido.
-tá tudo bem, Richard. -ela apertou minha mão e deu um sorriso calmo. -eu sei que não é fácil, seja lá o que esteja acontecendo, não é fácil, eu entendo.
-obrigado, Kim. - ela sorriu e me abraçou e eu retribui. Nunca pensei que um dia fosse precisar tanto de um abraço. Justamente da Kim.
Depois disso fomos o resto do caminho em silêncio. Meia hora depois nós chegamos.
-olha quem voltou! - Ryan disse. -oh! Gatinho! - ele pegou Dexter do meu colo e Angelo me ajudou com as malas.
-eai cara, como está por lá? - Angelo colocou minha mala em cima de minha cama/gaveta.
-Bea bateu o carro... tá no hospital -me sentei na cama e ele sentou-se ao meu lado. -ela descobriu. -Angelo arregalou os olhos. -eu não tenho mais nada, a Bea me odeia, Lucas me odeia, a Nicki provavelmente já me odiava... eu não tenho mais ninguém. - deixei algumas lágrimas escaparem, Angelo colocou a mão no meu ombro.
-não fala isso, cara, você tem a gente, você tem a banda. - ele riu. -eu não sei se é o suficiente mas nós somos sua família agora, o Dexter também. -dei um sorriso fraco. -e você confiou em mim pra me contar de você e do Chris, você sabe que eu não estou aqui pra te julgar, de jeito nenhum. -nós nos abraçamos.
-muito obrigado, cara. De verdade. -eu sorri.
-mas e todas essas malas? -Angelo olhou ao redor, no total eram 3 malas e a bolsa com as coisas de Dexter. -você saiu da sua própria casa?
-eu precisei. Preciso dar um tempo pra mim e pra eles. Lucas mora lá também.
-e você vai ficar morando aonde agora?
-não sei. -dei de ombros. -aqui no ônibus, talvez.
-você pode ficar lá em casa se quiser. Bem, eu ainda moro com meus pais mas eles são legais. -Angelo sorriu. -pode ficar o tempo que precisar.
-obrigado, Angelo. -sorri.
Ouvi a porta do ônibus ser aberta. Era Chris, e ele estava animado por sinal.
-E aí, caras? -ele analisou a situação, e nossas expressões e tirou o sorriso do rosto -o que houve aqui?
O resto dos meninos fizeram cara de reprovação.
-É...A gente ia fumar lá fora, não é? Vamos. -Ryan se agilizou e levou os outros consigo.
Chris os deu licença para que saíssem do ônibus. E se sentou ao meu lado.
-Já pode me falar o que aconteceu?
-Fodeu tudo.
-O que? Richard, nada de enigmas...Seja direto.
-Descobriram...Ou melhor, a Bea.
-O que exatamente? -ele estava completamente confuso.
-Porra, você não é idiota à esse ponto. Ela sabe de tudo...Nós dois, Christopher.
Por um momento eu soube que desmoronava. E que Chris não se importava com isso, não como deveria. Ele só perdeu a cor por alguns segundos, e logo fez uma leve expressão de deboche da situação.
-E aí? -era notável que ele queria rir do que eu estava passando.
-E aí? E aí, que eu não tenho mais a pessoa que me amou infinitamente. Todos me odeiam.
-E o que eu posso fazer por você?-o tom de voz era um puro deboche.
-Sei lá...Consertar isso ninguém pode. Não dá mais. Eu só faço merda.
-Eu sinto muito, muito mesmo, pois gosto da Bea. Mas o que eu tenho a ver com isso?
Ele só podia estar brincando. Me virei para ele e o olhei nos olhos, não acreditava na última frase.
-Caralho...O que você tem a ver com isso? Tudo. Completamente tudo.
Ele apenas riu do meu argumento. -olha cara, acho que você entendeu tudo errado. - Chris ria debochadamente. Eu sentia meu rosto ferver em um misto de raiva e tristeza. -eu não gosto de você, claro que você é um ótimo amigo mas você sabe, eu gosto de mulher. - ele sentou-se no sofá. -eu só queria experimentar.
-porquê? Porquê comigo? -eu gritei. -você...eu e a Bea tínhamos uma vida perfeita! Ela me amava, eu a amo! Você acabou com tudo isso, porquê?
-eu acabei? Tem certeza? - Chris mantinha o semblante mais tranquilo do mundo. -eu apenas fazia brincadeirinhas com você, do jeito que eu sempre fiz com todos os meus amigos. - ele riu. - mas você acabou levando a sério, e eu pensei: por que não? Quem traiu ela foi você, não eu. Se tem um culpado aqui, com certeza não sou eu. -Chris veio em minha direção e me prensou contra a parede do ônibus. -quer mais um beijinho de despedida, senhor Olson? -ele sussurrou em meu ouvido.
-você é nojento. -virei o rosto.
Chris afastou-se e saiu novamente do ônibus, deixando para trás apenas o eco de sua risada debochada.

the boy of the next doorWhere stories live. Discover now