Capítulo sessenta e dois

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-mãe? -eu abri os olhos lentamente, e logo percebi que eu estava no hospital, minha cabeça ainda girava e meu corpo doía. -mamãe?
Eu estava em um quarto com tons de branco e azul, havia mais uma maca vazia e um aparelho que monitorava os batimentos cardíacos igual ao meu, tudo isso dividido por uma cortina que estava aberta.
-pelo amor de deus, Ellie! -uma voz conhecida gritava do lado de fora do quarto. -eu preciso vê-la!
-você não vai vê-la agora! -minha mãe respondeu em um tom mais baixo. -por favor, vá para casa.
-senhores, por favor. -uma terceira voz disse. -façam silêncio ou eu terei que pedir para que vocês se retirem.
-desculpa. -a voz masculina disse em um tom mais baixo. -deixa só eu olhar pra ela. Por favor. -ele disse quase que em tom de súplica
Eu não estava entendendo o que havia acontecido, não me lembrava de quase nada, só que há algumas horas atrás eu havia ido me encontrar com Ashley. Continuei chamando minha mãe, porém minha voz quase não saia, até que achei o botãozinho que chamava a enfermeira, que instantaneamente entrou no quarto acompanhada de minha mãe.
-filha! -ela me abraçou, seus olhos estavam cheios de lágrimas. -eu te amo tanto. Eu fiquei tão preocupada.
-mãe... -eu esbocei um sorriso. -porque eu estou aqui? -A enfermeira aplicava uma medicação na minha veia.
-você não se lembra de nada? Você dormiu por 2 dias. -minha mãe se sentou em uma cadeira ao lado da cama. Eu fiz que não com a cabeça.
-você sofreu um acidente de carro. -ela disse. - você avançou o sinal e o carro capotou 3 vezes. -ela passou a mão nos cabelos. -você havia ingerido muito álcool. Foi um milagre de Deus você não ter morrido.
-Já podemos ir pra casa? -resmunguei.
-Você só poderá ir daqui há dois dias.-revirei os olhos.
-Onde está o Richard?
-Ainda deve estar lá fora, mas se estiver, ele não pode te ver agora...Pois não tem vínculo famíliar.
-ahm... -baixei a cabeça -tudo bem. Se quiser ir comer algo, pode ir. Estou bem. -sorri.
-Tem certeza? -assenti -Já volto.
Minha mãe saiu da sala e eu ainda tentava me lembrar de detalhes. Mas só me vinha flashs do momento com Ashley.
-se tem alguém que pode me explicar o que aconteceu, é Ashley. -pensei alto.
Olhei para a mesinha ao lado da cama e não vi meu celular. Eu precisava falar com Ashley, Nicki, Lucas, Richard. Eles deveriam estar preocupados.
Um turbilhão de coisas passava pela minha cabeça, aos poucos eu ia me lembrando de pequenas partes soltas do que havia acontecido dias atrás. Me lembrei de que havia ido na casa de Ashley para conversarmos sobre o Ricky, lembro que nós choramos muito, dessa parte em diante é como se estivesse tudo em branco. O que havia acontecido?
Meus pensamentos foram interrompidos assim que uma enfermeira, seguida de um médico e um garoto sentado em uma cadeira de rodas entraram no quarto.
-boa tarde, Beatrice. -o médico de cabelos escuros e sorridente olhava minha ficha médica, que estava no pé da cama. Eu sorri -você acordou, isso significa que já está muito melhor. -haviam entrado mais dois enfermeiros para ajudar a carregar o garoto para a cama, ele estava com a perna enfaixada. -por sorte, você não quebrou nenhum osso, teve apenas algumas escoriações e cortes. - o médico agora tinha um semblante sério no rosto. -você está aqui mais por conta da grande quantidade de álcool que ingeriu. Isso é um perigo na sua idade, mocinha.
-quando eu vou poder ir para casa? -o médico sorriu.
-do jeito que você está se recuperando rápido, amanhã você terá alta. Mais uma pergunta?
-qual o horário de visitas? -eu sorri.
-daqui há meia hora. -ele olhou no relógio de pulso. -tem um rapaz ai querendo te ver desde noite passada. Ele parece estar bem preocupado.
"Richard" -pensei.
-tudo bem. -sorri e assenti com a cabeça, o médico sorriu e voltou-se para o garoto da cama ao lado.
-a sua queda foi feia, rapaz. - o médico deu dois tapinhas no ombro do garoto, que sorriu. -você irá ficar aqui em observação até seus responsáveis chegarem.
-meus pais estão viajando. -o garoto disse. -e eu já tenho 18 anos.
-você tem condições de ir para casa sozinho e com a perna assim? -questionou o médico.
-não... -o garoto respondeu.
-então você irá ficar aqui até eles chegarem. -o médico me olhou. -na companhia dessa bela moça. -eu sorri. -nós vemos vocês mais tarde. -o médico e os enfermeiros saíram do quarto.
O garoto assim como eu, parecia bem entediado, ainda faltavam 20 minutos até o horário de visita. Minha mãe provavelmente havia ido em casa, então eu decidi puxar assunto com ele.
-qual o seu nome? -virei-me para ele.
-Eu me chamo vicenzo, mas todo mundo me chama de vinny. -ele sorriu.-E você, como se chama?
-Beatrice. -sorri.
-Beatrice...nome bonito. -ele fitou o chão. -o que aconteceu com você?
-na verdade eu não lembro exatamente o que aconteceu. -ele sorriu. -só lembro que capotei o carro... -franzi o cenho. Aos poucos as coisas estavam ficando mais claras em minha cabeça. -eu capotei o carro por causa...por que o meu... O Richard me ligou. -eu balançava a cabeça.
-quem é Richard? -vinny perguntou
-Meu namorado. Eu acho -disse em voz baixa.
Nesse exato momento uma enfermeira bateu na porta.
-Beatrice, você tem visita. -ela disse com um sorriso amigável e então deu passagem para que Ricky entrasse. -vocês tem meia hora. - então ela se retirou.
Ricky ficou parado me olhando por alguns segundos, ele segurava um buquê de rosas vermelhas.
-você namora o Ricky Horror? - vinny sorriu espantado. -cara que incrível eu sou... -Ricky puxou a cortina que separava minha cama da cama de vinny. -fã da sua banda. -vinny disse desanimado.
-meu amor. - ele sorriu e sentou- se do meu lado na cama. -eu estava tão preocupado, eu pensei que fosse te perder, eu atravessei o país só pra saber como você está. -ele me deu um abraço apertado. -o que aconteceu?
-como você pode ser tão sínico? -eu o empurrei e joguei no chão o buquê de flores que ele havia me dado. -eu já descobri tudo, Richard. Não precisa mais Fazer essa capa de namoradinho preocupado.

the boy of the next doorWhere stories live. Discover now