Capítulo cinquenta e oito

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-eu também te amo. -me virei de frente para Ricky. -muito.
-você me perdoa? -ele se apoiava no cotovelo direito.
-pelo o que? -franzi o cenho.
-por favor só diz se me perdoa ou não, me perdoa por todas as vezes que eu errei com você.
-tá bem, eu te perdôo. -eu dei um sorriso fraco, e ele me abraçou.
-eu preciso tanto de você, mas tá sendo tudo tão difícil, tão complicado...
-Richard, tá tudo bem? -sentei-me e acendi o abajur ao lado da cama. -tem alguma coisa acontecendo que você queira me contar?
-não... -sua voz tremulou. -só nunca me deixa.
-eu nunca vou te deixar, eu juro. -dei um beijo em sua testa. -você precisa dormir, está cansado. -apaguei a luz novamente. -vamos dormir.
Ricky concordou com a cabeça e eu me aninhei em seu peito. Eu não havia entendido nada daquela conversa, Ele estava tão estranho ultimamente, tão distante. Eu tinha certeza que ele estava escondendo alguma coisa de mim, não só de mim, mas de todos nós, porém preferi não pressioná-lo em relação a isso, já que ele é uma pessoa completamente instável e sensível, uma hora ele irá falar, seja lá o que for. Ricky fez carinho em meus cabelos até adormecermos.
Acordamos por volta de 11:00, estávamos exaustos.
-Bom dia, amor. -Ricky soltou um sorriso.
-Bom dia, amor!
Descemos e minha mãe estava preparando o almoço e logo se esquivou para ver quem estava comigo pois o barulho de passos havia duplicado.
-Olá, Ellie! -Ricky disse envergonhado.
-Bom dia, rapaz! -ela sorriu.
-Oi mãe. Chegamos tarde então não avisei que Ricky viria.
-tudo bem, filha. Mas Nicholle não estava com você?
-Estava, mas ficou com Lucas.
Comemos um pré almoço, e eu fui me arrumar para levar Ricky em casa e encontrar com Nicki.
Quando chegamos, Lucas e Nicki estavam no sofá assistindo alguma série que não reparei qual era.
-Oi gente. -Disse em tom vazio.
Ricky logo subiu. Nicki e Lucas se entreolharam, creio que pensando a mesma coisa.
-Bom dia!-Lucas respondeu.
-Vão almoçar conosco? -Nicki perguntou.
-Acho que sim, tanto faz. -respondi.
-Está tudo bem?-Lucas perguntou.
-Teu primo...Ele é instável demais, já disse isso, não é? Então. Isso me bagunça demais.
-Sempre foi.
Nicki estava concentrada na série mas ouvia nossa conversa.
-Vocês namoram mais tempo que nós dois. Se deram mais bem que nós dois no começo. E incrivelmente "brigam" mais que a gente. E Bea, eu não quero te ver chorar...
Ricky desceu as escadas.
-Vamos almoçar? -ele falava animado.
Isso só podia ser algum problema. Cada tipo de humor em cada dez minutos.
-Vamos, né. -Lucas se levantou do sofá, e respectivamente eu e Nicki também.i
Pegamos o carro, e Ricky dirigiu até o Drácula's Pub que havia aberto há pouco tempo no centro da cidade. O lugar estava meio vazio para um domingo.
Assim que Ricky estacionou o carro, alguns adolescentes que fumavam ao lado de fora do bar se aproximaram do carro, reconhecendo Ricky.
-gente, é o Ricky Horror! -um garoto de cabelos pretos e olhos verdes disse apontando para Ricky, que sorria envergonhado. -tira uma foto com a gente!
Nicki e Lucas conseguiram sair do carro e entrar de fininho no bar, eu tentei fazer o mesmo, mas uma garota de cabelo rosa cutucou meu ombro quando eu comecei a me afastar do aglomerado de pessoas.
-você é a Bea? A namorada do Ricky?
-sim -eu disse sem fazer ideia de como ela sabia o meu nome.
-me desculpa, mas eu sou completamente apaixonada pelo seu namorado. -ela corou, eu sorri.
-acho que você está errada em relação a isso. -Ricky parou de autografar um lencinho de papel e virou-se para a garota. -você nem me conhece. -ele deu de ombros e voltou a fazer o que estava fazendo antes, a garota ficou de boca aberta e eu comecei a rir para amenizar a situação constrangedora.
-é, ele é esse amor de pessoa o tempo todo. -a garota forçou um sorriso. -não liga pra ele. -eu abaixei o tom de voz. -o amor de fã é o mais verdadeiro que existe. -ela sorriu e então se afastou.
Ricky deu autógrafos para mais cinco ou seis pessoas e então nós finalmente conseguimos entrar.
-não precisava ser tão rude assim com a garota, Richard. -dei um tapa em sua cabeça.
-au! -ele passou a mão aonde eu dei o tapa. -e eu não fui rude, nem arrogante, nem estúpido, nem nojento nem nada -ele procurava com os olhos aonde Nicki e Lucas haviam sentado. -eu só acho que não é possível amar uma pessoa sem conhecê-la antes. -Nicki acenou para nós e fomos em direção a eles.
-as pessoas não pensam igual você. -eu puxei uma cadeira ao lado de Nicki, Ricky sentou-se de frente para mim. -tenta entender o lado deles, até parece que você nunca foi fã.
-sou fã de bandas que tem homens tocando.
-o que aconteceu? -Nicki perguntou
-Richard disse para uma da que ela não estava apaixonada por ele por que não o conhecia. -eu tentei segurar o riso.
-eu não amo homens. -Ricky continuou.
-mas nem eu? -Lucas fez beicinho.
-cala a boca. - Nós rimos. -vocês já pediram a comida? Eu to com fome
-sim -Nicki respondeu -pedi filé com fritas pra todo mundo.
-ótimo! -eu disse. -Ricky, que horas sai o vôo de vocês? -uma garçonete com o braço esquerdo tatuado e cabelos vermelhos trouxe três garrafas de cerveja e uma coca-cola para nós. -obrigada. -eu disse a moça.
-os caras vão passar lá em casa às oito, Kim não quer que ninguém se atrase dessa vez, mas o nosso vôo sai só às dez.
-ah sim. -tomei um gole da cerveja.
-fica de olho no Dexter pra mim, o Lucas esquece de colocar comida pra ele. -Ricky deu uma cotovelada em Lucas, que fez uma cara feia.
-mentira Bea, ele que esquece de colocar a comida do gato, limpar a areia, eu que faço tudo naquela casa. Acho que eu vou começar a cobrar um salário. -Lucas brincou.
-o teu pagamento é eu deixar você morar lá, seu idiota. - Ricky deu uma gargalhada debochada.
-vocês estão vendo né? - Lucas levantou os braços. -vocês estão vendo como ele me trata.
Nós caímos na gargalhada, e passamos praticamente o dia todo assim: se divertindo, rindo como se nada pudesse separar nós quatro novamente.

the boy of the next doorWhere stories live. Discover now