G͟r͟a͟v͟i͟d͟e͟z͟ i͟n͟e͟s͟p͟e͟r͟a͟d͟a͟ ~͟ S͟u͟p͟e͟r͟c͟o͟r͟p͟ •͟ K͟a͟r͟l͟e͟n͟a͟

𝐗𝐗𝐕

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A sala de jantar era um espetáculo de ostentação. Lustres de cristal pendiam do teto, refletindo o dourado das paredes e o brilho polido da longa mesa de mogno. Cada lugar estava perfeitamente arrumado, com talheres alinhados milimetricamente e guardanapos de seda.

Kara entrou com Liv e Maddie nos braços, os olhares de todos se voltando para elas. Os seguranças, vestidos de preto impecável, ficaram em posição... e, para sua surpresa, curvaram-se levemente em respeito. Não era um gesto teatral — havia uma formalidade quase militar, como se reconhecessem uma hierarquia invisível.

Lilian estava sentada na ponta da mesa, impecável em um vestido verde escuro. Quando viu Kara se aproximando, um sorriso de aprovação surgiu.

— Está perfeita — comentou, observando o vestido que haviam colocado em Kara, um modelo de seda preta com detalhes sutis em prata, combinando com pequenos laços no vestido das meninas. — Agora sim parecem parte da família.

Kara não respondeu. Apenas se sentou, ajustando Liv no colo enquanto Maddie ficava no bebê conforto ao lado.

O jantar começou com pratos finamente preparados. Kara manteve a compostura, pegando pequenas porções e se alimentando em silêncio. Quando terminou, sentiu Maddie começar a se agitar.

— Calma... — murmurou, pegando Liv primeiro, posicionando-a discretamente. O ato natural e íntimo de amamentar fez o silêncio na sala se tornar mais pesado, mas Kara ignorou todos os olhares. Liv mamou até estar satisfeita, relaxando nos braços da mãe, e então foi colocada de volta no bebê conforto para que Maddie tivesse sua vez.

Lilian as observava com atenção quase científica. Quando Maddie terminou, Kara ajeitou ambas confortavelmente, mas não esperava pelas próximas palavras de Lilian.

— Sempre precisei de herdeiras que pudessem continuar o império Luthor — disse, erguendo a taça de vinho. — Que não fossem fracas como Lena.

O nome saiu carregado de desprezo. E foi nesse instante que algo mudou.

Liv e Maddie, que estavam tranquilas, se agitaram abruptamente. Seus olhinhos verdes se fixaram em Lilian e, num estalar invisível, todos os garfos e facas sobre a mesa tremeram e voaram, parando a centímetros do rosto dela e de cada segurança.

O ar se encheu de tensão. Até Kara ficou imóvel, sentindo a energia ao redor vibrar.

Por um instante, a máscara de controle de Lilian se quebrou. O medo brilhou em seus olhos. Mas então ela sorriu — largo, quase sádico.

— Impressionante... — murmurou, olhando para as netas. — Elas são leais à Lena. Como qualquer Luthor deve ser com a família.

A frase ecoou no ar, estranha, quase uma confissão.

Lilian estalou os dedos e um assistente se aproximou, trazendo duas caixas cuidadosamente embrulhadas.

— Eu comprei um estoque de tudo o que elas possam precisar — disse, entregando os pacotes para Kara. — Mas queria começar com algo simbólico.

Kara abriu a primeira caixa com cautela. Lá dentro, um urso de pelúcia macio, com um coelho branco ao lado. O coelho tinha o nome “Liv” bordado na orelha, em letras prateadas. A segunda caixa continha outro urso e um pequeno leão dourado, com “Maddie” bordado na pata.

Ela examinou cada brinquedo com atenção, apalpando, verificando costuras, certificando-se de que não havia nada escondido. Só então entregou os presentes às filhas.

Liv abraçou o coelho, enterrando o rosto nele. Maddie sorriu e apertou o leãozinho contra o peito.

— Quero tentar recuperar minha família — Lilian disse, observando a cena. — Com você, Liv e Maddie.

Kara manteve o olhar fixo nela, tentando decifrar se aquilo era sinceridade ou apenas mais uma jogada.

Mas, no fundo, sentia que qualquer aproximação de Lilian vinha com um preço alto. E ela sabia que precisava estar pronta para quando a cobrança viesse.

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