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O DOE estava mergulhado em um silêncio carregado, quebrado apenas pelo som rítmico dos dedos de Brainy no teclado. Mapas holográficos se sobrepunham no ar, linhas e pontos piscando em intervalos irregulares. Mas nada levava a um ponto exato.
— É impossível — Brainy murmurou, a voz impregnada de frustração calculada. — É como se um bloqueador estivesse alterando todas as leituras a cada trinta segundos.
Alex esfregou a testa, caminhando de um lado para o outro. — Lilian está usando tecnologia de ponta... e magia, talvez. A combinação perfeita para nos manter cegos.
Nia, sentada no encosto de uma cadeira, balançava a perna. — Se não podemos vê-las... talvez precisemos pensar como ela.
Lena, que até então permanecia calada, ergueu os olhos. O rosto estava pálido, mas os olhos verdes ardiam com algo mais forte que raiva.
— Não... precisamos pensar como Kara.
Alex franziu a testa.
— Como assim?
Lena começou a andar devagar pela sala, como se organizasse as peças de um quebra-cabeça invisível.
— Lilian pode esconder sinais de energia, calor, movimento... mas não pode apagar certos padrões. Kara tem hábitos, rotinas... até quando está em perigo.
J’onn inclinou a cabeça, interessado.
— Está falando de um padrão emocional.
— Sim. — Lena parou diante da mesa, apoiando as mãos. — Quando éramos... mais próximas, antes de tudo isso... eu descobri que, quando Kara estava estressada ou tentando se concentrar, ela tinha um truque estranho: cantarolar para si mesma. Quase sempre a mesma melodia. — Lena sorriu de leve, com amargura. — Uma música kryptoniana que ela dizia lembrar do pai.
Brainy começou a digitar.
— Se ela fez isso, posso tentar ajustar o rastreador para captar frequências sonoras incomuns. Mesmo que Lilian tenha bloqueado sinais tecnológicos, vibrações de áudio podem escapar por microfissuras nas barreiras.
— E há mais. — Lena continuou, os olhos agora fixos no vazio, como se a memória fosse mais real que o DOE. — Kara é metódica com as meninas. Se percebe algo que as assusta, ela sempre muda o tom da voz para mais baixo, quase como se estivesse contando uma história.
Alex deu um meio sorriso, compreendendo.
— Você acha que ela está tentando acalmar Liv e Maddie agora...
— Não acho. — Lena a interrompeu. — Eu sei.
Brainy já estava conectando cabos extras, a interface projetando ondas sonoras tridimensionais no ar.
— Se conseguir detectar a melodia, mesmo distorcida, teremos um ponto de origem.
Nia cruzou os braços.
— E se não funcionar?
Lena respirou fundo.
— Então vamos até o inferno, se for preciso. Mas não vamos parar.
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A quilômetros dali, na fazenda, Kara estava sentada no tapete com Liv e Maddie no colo. As meninas brincavam distraidamente com as pulseirinhas de kriptonita, balbuciando sons incompletos.
O peso no peito era quase físico, mas Kara não queria que elas sentissem o medo que a consumia. Por isso, começou a cantarolar baixinho, a melodia suave e antiga que seu pai usava para fazê-la dormir.
Liv parou de brincar, olhando para a mãe com um sorriso pequeno. Maddie encostou a cabeça no ombro dela, os olhos verdes semicerrados.
Kara fechou os olhos e continuou, sem imaginar que, a quilômetros de distância, no DOE, uma série de ondas sonoras começava a se formar no holograma.
— Captei alguma coisa! — Brainy exclamou. — É fraca, mas tem um padrão repetitivo... e não é terrestre.
Lena se aproximou, o coração acelerado. — É ela...
O holograma centralizou um ponto pulsante, ainda instável, mas suficiente para acender uma centelha de esperança.
— Localização provável em menos de uma hora — Brainy informou. — Mas se ela parar de cantar, vamos perder o sinal.
Lena olhou para Alex, e o ar na sala mudou.
— Então não vamos perder tempo.
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G͟r͟a͟v͟i͟d͟e͟z͟ i͟n͟e͟s͟p͟e͟r͟a͟d͟a͟ ~͟ S͟u͟p͟e͟r͟c͟o͟r͟p͟ •͟ K͟a͟r͟l͟e͟n͟a͟
FanfictionEm um dia marcado por sintomas inexplicáveis e uma fome insaciável, Kara Zor-El descobre que está grávida, gerando uma onda de choque em sua irmã mais velha, Alex Danvers. Enquanto Alex tenta lidar com a revelação, a possibilidade de que o pai da cr...
