O tempo parecia correr de maneira peculiar na casa de Kara Danvers.
Entre um desejo alimentar inusitado e outro — como batata-doce crua com molho agridoce ou banana com lascas de queijo parmesão — os dias se arrastavam e aceleravam ao mesmo tempo. Era como se o universo estivesse se preparando para algo grande. Algo mágico. Algo que, claramente, envolvia um enxoval rosa-pastel sendo costurado com tecido kriptoniano reforçado.
Na manhã seguinte à "missão sorvete de picles", Kara acordou em meio a um emaranhado de travesseiros, cobertores e um braço firme ao redor de sua cintura. A respiração de Lena batia suave em sua nuca.
Ela sorriu.
As bebês também. Literalmente.
Um movimento na barriga, como um pequeno empurrão duplo, seguido de uma onda de calor que se espalhou pelo quarto. As luzes do abajur piscaram e o rádio ligou sozinho, tocando Can’t Help Falling in Love em uma versão instrumental de piano.
— Elas estão aprendendo a controlar a magia com a emoção — murmurou Lena, ainda de olhos fechados. — Isso não vai dar trabalho nenhum.
— Zero — sussurrou Kara, tentando não rir. — Vamos ser pais de duas feiticeiras com laser nos olhos e superforça. É tipo... Hogwarts encontra Krypton.
— Ou o caos absoluto.
Kara se virou devagar, encostando a testa na de Lena.
— Sabe o que é louco?
— O quê?
— Eu não sinto mais medo. Mesmo com os surtos de poderes, mesmo com as mudanças... eu olho pra você e sinto que vai dar certo.
Lena abriu os olhos, verdes e suaves.
— Porque vai.
Uma batida alta interrompeu o momento.
— Se for a Alex... — começou Kara.
— Não é. — disse Lena, com um olhar de alerta repentino.
Era J’onn.
Assim que entrou, seu semblante sério denunciou que não era uma visita casual.
— Temos um problema.
Kara sentou na mesma hora, Lena a ajudando.
— É com as meninas?
— Indiretamente. Parece que... a radiação mágica das bebês está atraindo criaturas interdimensionais. Algumas estão aparecendo nos arredores de National City.
— Criaturas como... o quê exatamente?
— Tipos que até eu evito. Um demônio do sono foi visto em um hospital ontem. E uma salamandra elemental surgiu do nada na cobertura da CatCo.
— Ah, ótimo — resmungou Kara. — Meus desejos causam colapsos dimensionais agora.
— Não é sua culpa — disse J’onn, calmo. — Mas precisamos criar uma barreira mágica protetora ao redor do apartamento. E talvez... acelerar os preparativos para o nascimento.
— Como assim acelerar? — Lena perguntou, já com o rosto tenso.
— As meninas estão começando a criar portais instáveis dentro da própria barriga de Kara.
— VOCÊ TÁ DIZENDO QUE MINHAS FILHAS ESTÃO ABRINDO BURACOS NO ESPAÇO-TEMPO NO MEU ÚTERO?
— Literalmente isso.
Lena levou a mão à boca, tentando conter o pânico.
— Isso pode... machucar a Kara?
— Não se forem controladas. Mas precisamos agir logo.
No meio do caos, Nia apareceu na porta, vestida com uma capa roxa brilhante e um grimório embaixo do braço.
— Bom dia, caos emocional em forma de casal!
— Nia, por favor — suspirou Lena. — Diz que você tem um plano.
— Eu sempre tenho um plano. Mas ele envolve um círculo de proteção, oito cristais de ametista e a placenta de um pato.
Todos a olharam em silêncio.
— Brincadeirinha. Só precisamos da Kara deitada, calma, e de Lena segurando sua mão.
Kara, que já estava pálida, resmungou:
— Se eu sobreviver a isso, eu exijo férias na galáxia Alfa Centauri.
**
O resto do dia foi uma dança mágica entre tremores emocionais, energia mística e muito sorvete de coco com queijo.
Alex organizou o círculo no apartamento com ajuda de J’onn, Brainy e Nia, enquanto Sam tentava manter Andrea longe o suficiente para que ela não postasse nada na CatCo como “EXCLUSIVO: Supergirl grávida de gêmeas mágicas e Luthor”.
Quando o ritual começou, Lena ajoelhou-se ao lado do sofá onde Kara estava deitada.
— Pronta?
— Não.
— Vai dar certo.
As mãos se uniram.
A luz dentro da barriga de Kara pulsou, vibrando por toda a sala. As janelas tremeram, e um feixe de energia rosa e dourado subiu em espiral até o teto.
Então...
Silêncio.
Calma.
As meninas haviam dormido.
Nia sorriu.
— Elas aceitaram o elo entre vocês. Reconheceram o amor como âncora.
Lena virou-se para Kara, emocionada.
— Elas entenderam.
Kara chorou. De alívio, de amor, de exaustão.
— Elas sabem que você é o lar delas.
Lena a beijou na testa, os olhos brilhando.
— Nós três somos.
**
E assim, mesmo com os portais fechados, as criaturas afastadas e os desejos de azeitona com chantilly persistindo...
...Kara sabia.
O nascimento estava próximo.
E o amor, mais do que nunca, era o que mantinha tudo em órbita.
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G͟r͟a͟v͟i͟d͟e͟z͟ i͟n͟e͟s͟p͟e͟r͟a͟d͟a͟ ~͟ S͟u͟p͟e͟r͟c͟o͟r͟p͟ •͟ K͟a͟r͟l͟e͟n͟a͟
FanfictionEm um dia marcado por sintomas inexplicáveis e uma fome insaciável, Kara Zor-El descobre que está grávida, gerando uma onda de choque em sua irmã mais velha, Alex Danvers. Enquanto Alex tenta lidar com a revelação, a possibilidade de que o pai da cr...
