A noite caiu suave sobre National City, tingindo o céu de tons violáceos e dourados que pareciam sussurrar promessas ao vento. O apartamento de Kara estava envolto em uma calmaria rara, o tipo de silêncio cheio de significados e suspensões. As risadas do parque haviam dado lugar a uma quietude acolhedora, quebrada apenas pelo som sutil da chaleira elétrica e do coração de Kara batendo mais rápido do que o habitual.
Lena estava na cozinha, preparando um chá de camomila com canela. Não porque Kara gostasse — ela odiava o gosto —, mas porque a bebê da direita parecia se acalmar quando o cheiro invadia o ambiente. Kara suspeitava que essa fosse a mini versão de Lena se manifestando, e isso a fazia sorrir, mesmo com os olhos ainda meio marejados do ciúmes bobo de mais cedo.
Quando Lena voltou com duas canecas — uma com chá e outra com leite quente com chocolate e marshmallows —, encontrou Kara deitada no sofá, com a camisola azul-clara de algodão quase escorregando por um ombro e as pernas encolhidas como se tentasse caber em si mesma.
— Trouxe paz em forma líquida — murmurou Lena, entregando-lhe a caneca certa.
Kara aceitou, mas não respondeu de imediato. Só sorveu um gole tímido e manteve o olhar perdido em algum ponto entre as estrelas além da janela e o próprio coração.
Lena sentou-se ao seu lado. Perto. Muito perto.
— Você ainda tá chateada? — perguntou, baixinho, como se a própria pergunta tivesse vergonha de existir.
Kara respirou fundo e, então, olhou para ela.
— Eu odeio sentir isso. Ciúmes. Parece que estou me desmanchando por dentro... e eu sei que você não fez nada. Mas meu peito... ele arde.
Lena, sem dizer uma palavra, apenas estendeu a mão e pousou sobre a barriga de Kara com uma ternura que fez o ar entre elas vibrar.
— Elas sentem tudo. A dor. O amor. A dúvida. Mas principalmente... a intenção. — A ponta dos dedos traçou um caminho leve pela lateral da barriga, desenhando espirais invisíveis. — E eu só tenho uma intenção com você, Kara: ficar.
O silêncio que se seguiu foi denso, bonito. E perigoso. Porque Lena ainda estava com a mão ali, e Kara estava prestes a se desfazer em mil pedaços.
— Então fica... — sussurrou Kara, sua voz frágil como papel molhado. — Mas fica mais perto.
Lena obedeceu. Lentamente, como se o tempo tivesse diminuído o ritmo só para elas. Deitou-se ao lado de Kara, com a cabeça perto de seu pescoço, os corpos se ajustando com uma intimidade antiga e nova ao mesmo tempo. Uma perna de Lena escorregou por cima da de Kara, cuidadosamente afastando o cobertor.
As mãos da CEO, antes firmes e precisas, agora tremiam levemente ao acariciar a lateral do quadril de Kara, por cima da camisola. Cada toque era um pedido silencioso, uma confissão sussurrada em pele.
Kara fechou os olhos. Seu corpo, tão poderoso e cheio de energia solar, parecia se render a algo ainda mais forte: o toque de Lena. Sua respiração acelerou quando os dedos da morena deslizaram até o início de sua coxa. Não havia malícia — só desejo de conexão, calor, pertencimento.
— Lena... — chamou, entre um suspiro e outro, a pele arrepiada mesmo sob o tecido fino.
— Me diga se eu devo parar.
— Nunca.
Lena subiu a mão devagar, até o centro do peito de Kara, entre os seios, apenas repousando ali. Não precisava ir além. Ali, entre a batida descompassada e o tremor da pele, estava tudo o que ela precisava sentir: que ainda a amava, que nunca parou, que desejava voltar.
Kara gemeu baixinho, se arqueando levemente contra ela, procurando mais. Os lábios de Lena encostaram na curva do queixo da loira, e seguiram até a orelha.
— Você é tão linda... mesmo agora, com tudo... você é tudo.
— EU JURO QUE SE EU VIR MAIS UMA CENA DESSAS SEM QUERER, EU ME INTERNOOOOO!!!
As duas pularam como se tivessem sido eletrocutadas.
— ALEX?! — choramingou Kara, afundando o rosto no travesseiro.
Alex estava parada no batente da porta da sala com uma sacola do mercado na mão e expressão de puro pânico. Atrás dela, Nia tentava esconder o riso, enquanto Andrea apenas sussurrava um "meu Deus" com uma mão na boca.
— Gente... juro por Rao, eu só vim trazer o chá de framboesa com vitaminas que vocês esqueceram hoje de manhã! Eu nem toquei a campainha porque achei que estavam dormindo, MAS NÃO, VOCÊS TÃO AÍ SE ALISANDO NO SOFÁ COMO DOIS GATOS NO CIO!
— Alex! — gritou Lena, se levantando desajeitada, tentando recompor a blusa. — Foi só... um toque!
— UM TOQUE? Lena, você estava metade por cima da minha irmã GRÁVIDA! Você tem noção do trauma visual?
Kara jogou uma almofada em Alex, mas errou e acertou Nia, que caiu no chão gargalhando.
— A culpa é sua! — gritou Kara. — Por que você tem a chave?!
— Porque eu sou a irmã mais velha responsável e vocês precisam de supervisão! Claramente!
Enquanto Alex bufava e saía em direção à cozinha resmungando sobre "instalar alarmes decentes", Lena se virou para Kara, tentando conter o riso.
— Um dia a gente termina isso.
Kara, ainda vermelha, com os cabelos bagunçados e a camisola amassada, suspirou, divertida.
— A gente tenta... mas precisamos de um plano que envolva trancar todas as portas. E talvez... uma mordaça na Alex.
Lena sorriu, os olhos brilhando.
— Eu topo. Mas só se for você quem coloca.
E, entre risos, constrangimentos e desejos interrompidos, a certeza crescia entre elas como uma chama suave: mais cedo ou mais tarde, o amor — e o toque — encontrariam seu momento.
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Me contém o que estão achando, não sei se continuo ou paro. 🤔🙃
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G͟r͟a͟v͟i͟d͟e͟z͟ i͟n͟e͟s͟p͟e͟r͟a͟d͟a͟ ~͟ S͟u͟p͟e͟r͟c͟o͟r͟p͟ •͟ K͟a͟r͟l͟e͟n͟a͟
FanfictionEm um dia marcado por sintomas inexplicáveis e uma fome insaciável, Kara Zor-El descobre que está grávida, gerando uma onda de choque em sua irmã mais velha, Alex Danvers. Enquanto Alex tenta lidar com a revelação, a possibilidade de que o pai da cr...
