O DOE estava um redemoinho de vozes, passos apressados e luzes piscando nos painéis. Mas no centro daquele caos, Lena Luthor estava imóvel.
Não por falta de ação — seus dedos deslizavam pelo teclado e viravam páginas de pastas grossas sem parar — mas porque dentro dela, o que se movia era um vendaval contido.
Ela não conseguia esquecer a última imagem: Kara com as meninas nos braços, e Lilian surgindo com o olhar frio, antes da escuridão do gás.
Alex entrou com passos decididos, trazendo uma pilha de papéis.
— Vasculhei todos os registros rurais do condado. Mas… — ela lançou o dossiê na mesa — nada bate com o perfil de segurança que a Lilian usaria. Ela vai ter escolhido um lugar impossível de rastrear.
— Nada é impossível de rastrear. — Lena não levantou o olhar. Sua voz era baixa, mas tinha um peso perigoso. — Só precisa saber onde procurar.
Brainy, a poucos metros, digitava rápido demais para um humano acompanhar.
— O problema é que não temos um ponto inicial. Se não há energia, sinal de rádio, tráfego ou qualquer vestígio eletrônico… é como se o lugar não existisse.
J’onn, de braços cruzados, observava Lena como se pudesse sentir o turbilhão de emoções dela.
— Ela não quer apenas esconder Kara. Quer isolá-la. Isso muda tudo.
Nia se aproximou, colocando discretamente uma garrafa de água perto de Lena.
— E enquanto a gente está aqui falando, Kara está lá fora… sozinha com as bebês. — Ela hesitou. — Ou pior… com Lilian.
Lena fechou os olhos por um segundo, respirando fundo.
— Não. Kara nunca está sozinha. Eu vou trazê-las de volta.
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Na fazenda
O quarto era maior do que Kara esperava — e para alguém que já tinha dormido em fortalezas alienígenas e naves espaciais, isso queria dizer muito.
Paredes revestidas com madeira polida, cortinas grossas bloqueando a visão externa, um tapete felpudo que abafava os passos.
No canto, um berço duplo feito sob medida, branco, com detalhes entalhados em ouro discreto. Um armário repleto de roupinhas e mantas novas. Uma poltrona reclinável estrategicamente posicionada perto de uma janela trancada.
Tudo pensado para parecer um lar.
Mas Kara sabia reconhecer uma cela de luxo.
Ela estava sentada na poltrona, Liv no braço esquerdo, Maddie no direito. Ambas dormiam, mas seus rostos tranquilos disfarçavam um detalhe que Kara notava desde a primeira hora:
qualquer mudança na respiração dela, qualquer tensão no corpo, fazia as meninas se mexerem.
Como se sentissem o perigo através dela.
Foi assim que percebeu a primeira aproximação de Lilian — antes mesmo que a porta se abrisse.
Kara ajustou as meninas, mantendo a postura neutra.
Lilian entrou carregando uma bandeja prateada. O cheiro de sopa quente, pão recém-assado e um bule de chá suave se espalhou pelo quarto.
— Você precisa se alimentar. Está fraca. E elas precisam de você forte.
Kara ergueu o olhar, sem sorrir.
— Não precisa fingir que se importa comigo.
Lilian pousou a bandeja sobre uma pequena mesa.
— Eu me importo. Pelo menos, no que diz respeito à sua utilidade para elas.
Maddie se remexeu no colo da mãe, como se tivesse ouvido a provocação. Liv franziu levemente a testa, soltando um murmúrio sonolento.
Kara instintivamente as embalou, e o ritmo das respirações voltou ao normal.
Lilian notou.
— Elas sentem quando você se sente ameaçada. Interessante. — Ela se aproximou, agachando-se para ficar na altura das meninas. — Isso significa que é melhor mantermos as coisas calmas.
— Se quer que fiquem calmas, me leve de volta para casa. — Kara respondeu, a voz firme, mas controlada.
— Não. — Lilian levantou-se devagar, andando pelo quarto como uma anfitriã exibindo sua propriedade. — Aqui é seguro. Sem alienígenas interferindo, sem DOE, sem CatCo… apenas nós.— Virou-se, fitando Kara com um sorriso calculado. — Você e eu… e as herdeiras Luthor.
Kara apertou as meninas contra o peito.
— Elas são Danvers. Sempre serão.
— Ah, querida… — Lilian riu baixo. — Olhe para elas. Pele pálida como a minha filha, olhos verdes como os meus, o sobrenome que vai abrir portas e… fechar outras. Você pode lutar contra isso, mas não pode apagar o que corre no sangue delas.
Kara manteve o olhar fixo.
— O que corre no sangue delas é coragem. Isso, elas herdaram de mim.
O riso de Lilian foi mais suave desta vez.
— Veremos. — Ela gesticulou para a bandeja. — Coma. É importante para sua recuperação… e para o leite.
Kara não respondeu, mas sabia que precisava de forças. Engolir o orgulho agora não significava desistir.
Enquanto mastigava o pão, mantinha a mente em movimento, anotando mentalmente:
Trancas físicas na porta. Janela fechada por dentro. Sem câmeras visíveis. Correntes com runas. Cheiro de madeira antiga. Sons de galinhas no quintal. Campo aberto.
Ela poderia fugir. Não agora. Mas poderia.
E quando chegasse a hora, Lilian não estaria preparada.
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De volta ao DOE
Brainy, repentinamente, parou de digitar.
— Acho que tenho algo. Não é exatamente um sinal… é a ausência de um. Uma área com anomalia perfeita, sem nada, sem interferência — como se tivesse sido apagada do mapa. Mas há indícios de cercas e plantações recentes.
Lena inclinou-se sobre o ombro dele, o coração disparando.
— Onde?
— Meio do nada. Uma fazenda isolada, 150 km a oeste daqui. Estradas privadas. Sem conexão.
Alex já pegava o equipamento.
— Então é para lá que vamos.
Lena fechou os punhos.
— Aguenta, Kara. Estou chegando.
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DU LIEST GERADE
G͟r͟a͟v͟i͟d͟e͟z͟ i͟n͟e͟s͟p͟e͟r͟a͟d͟a͟ ~͟ S͟u͟p͟e͟r͟c͟o͟r͟p͟ •͟ K͟a͟r͟l͟e͟n͟a͟
FanfictionEm um dia marcado por sintomas inexplicáveis e uma fome insaciável, Kara Zor-El descobre que está grávida, gerando uma onda de choque em sua irmã mais velha, Alex Danvers. Enquanto Alex tenta lidar com a revelação, a possibilidade de que o pai da cr...
