A lua cheia pairava preguiçosa sobre National City quando Kara sentiu a primeira contração.
Não foi dramático. Não foi como nos filmes — sem rompimento de bolsa explosivo, sem gritos imediatos ou correria pelos corredores.
Foi um silêncio. Um incômodo silencioso e firme que subiu pelas costas e apertou o ventre com força suficiente para fazê-la parar de mastigar o biscoito recheado com goiabada e pimenta que Lena fingia não estar vendo.
— Hm.
— Hm? — perguntou Lena, ao lado no sofá, com um tablet no colo e os pés de Kara em seu colo.
Kara franziu o cenho.
— Acho que as meninas... espirraram. Forte.
Lena levantou uma sobrancelha.
— Espirraram?
Kara assentiu.
— Aqui dentro. Tipo... um atchim mágico. E agora tudo parece... apertado.
Antes que Lena pudesse responder, um quadro na parede se soltou e caiu sozinho.
— Kara.
— Lena.
— Foi só um espirro?
— Talvez um chute junto. Ou um soco de bebê.
Cinco minutos depois, o apartamento estava em completo caos.
— VOCÊ ESTÁ EM TRABALHO DE PARTO! — gritou Alex, entrando pela terceira vez naquela semana sem bater.
— NÃO TÔ! — protestou Kara, de camisola, apoiada na bancada da cozinha. — É só um desconforto mágico!
— Kara, você quase quebrou o chão da sala com a última contração. Isso foi um terremoto de bebê! — exclamou Nia, ajudando Brainy a configurar sensores de estabilização mística na barriga de Kara.
— Isso nem existe!
— Agora existe. Acabamos de inventar.
Lena mantinha a calma. Quer dizer... por fora.
Por dentro, seu cérebro estava girando como um tornado preso dentro de uma taça de vinho. Ela havia se preparado para tudo: explosões, feitiços, desejos de comida esquisitos.
Mas ver Kara suando frio, segurando a pia com uma das mãos e apertando a mão de Lena com a outra como se estivesse tentando esmagar os ossos... aquilo era novo. Assustador. Real.
— Lena — murmurou Kara, entre os dentes. — Lembra que você prometeu que ia estar aqui em cada momento?
— Lembro.
— Então talvez esse seja o momento de eu morder sua mão.
Lena engoliu seco.
— Vai com calma, amor. Ainda temos tempo. A bolsa nem rompeu.
Nesse exato momento…
BLOSH!
Todos congelaram.
Kara olhou para baixo.
— Ok. Eu retiro o que disse.
— EU VOU PEGAR A BOLSA! — gritou Alex.
— EU NEM TERMINEI DE EMPACOTAR AS FRALDAS MÁGICAS! — gritou Nia.
— EU PRECISO DE UMA TOALHA, UM VESTIDO E… RAO, EU ESTOU GRÁVIDA E MOLHADA! — gritou Kara.
— EU NÃO ESTOU GRÁVIDA, MAS ESTOU MOLHADA TAMBÉM! — gritou Lena, apontando para os pés. — ESSE TAPETE ERA CARO!
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Depois de um teleporte controlado de J’onn para um centro médico seguro preparado por Brainy e protegido por runas de Sam Arias (que agora usava um colar de ametista e ameaçava invocar Reign se alguém ficasse histérico demais), Kara foi colocada em uma sala ampla, com luz suave, plantas mágicas flutuando, e um grupo de superamigos que mais pareciam parteiras intergalácticas.
— Estou bem. Estou calma. Posso controlar isso. Sou Supergirl. Já levei um raio na cara e não chorei.
— resmungou Kara, deitada.
— Claro. Mas agora está parindo duas feiticeiras cósmicas com força de mil sóis. Respira. — disse Andrea, abanando seu rosto com uma revista da CatCo.
Kara segurou a mão de Lena com tanta força que Lena teve que usar a outra para massagear os próprios dedos.
— Eu consigo. Só... fica comigo.
Lena beijou sua testa, suave.
— Eu tô aqui.
— Você acha que vão ser parecidas com você?
— Espero que tenham seu coração.
— E eu espero que não tenham seus olhos verdes. Vão me manipular com um olhar só.
— Muito tarde — Lena sorriu. — Elas já fazem isso da barriga.
Kara chorou. Um choro leve, de cansaço e amor ao mesmo tempo.
— Eu tô com medo, Lena.
— Eu também. Mas a gente não precisa ser corajosa sozinha.
Uma nova contração chegou. Forte. Longa.
— Ok — murmurou J’onn, do canto, observando os sensores — estamos oficialmente em fase ativa.
Alex se aproximou da maca, os olhos marejados.
— Ei. Você vai ser incrível, pequena.
— Fica comigo também?
— Sempre.
Kara apertou a mão da irmã com a direita, a de Lena com a esquerda.
As luzes oscilaram.
Uma pequena estrela surgiu acima da barriga.
As meninas estavam prontas.
E, entre magia, luz, caos e amor... o nascimento se aproximava.
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G͟r͟a͟v͟i͟d͟e͟z͟ i͟n͟e͟s͟p͟e͟r͟a͟d͟a͟ ~͟ S͟u͟p͟e͟r͟c͟o͟r͟p͟ •͟ K͟a͟r͟l͟e͟n͟a͟
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