G͟r͟a͟v͟i͟d͟e͟z͟ i͟n͟e͟s͟p͟e͟r͟a͟d͟a͟ ~͟ S͟u͟p͟e͟r͟c͟o͟r͟p͟ •͟ K͟a͟r͟l͟e͟n͟a͟

𝐗

O apartamento de Kara estava mais silencioso naquela manhã. Não porque o caos havia cessado — longe disso —, mas porque, depois de tantos dias de gritaria, pizzas com camarão e glitter mágico saindo pelas tomadas, todos os Superamigos haviam finalmente concordado em dar uma pequena pausa.

Ou quase todos.

Lena Luthor, por exemplo, estava com os nervos à flor da pele.

E não por causa de alguma explosão mágica ou desejo bizarro de comida vinda das gêmeas — embora isso continuasse a acontecer com frequência assustadora. Mas sim porque, desde o “quase beijo” interrompido por Nia, ela tentava, em vão, ter um momento sozinha com Kara.

E toda vez que parecia que finalmente aconteceria… o universo, ou melhor, os Superamigos, decidiam intervir.

Naquela manhã, Kara estava encostada na varanda, usando um vestido leve que acentuava ainda mais a curva delicada da barriga. Seis meses. E já parecia carregar duas estrelas dentro de si. O sol batia de lado, iluminando os cabelos dourados, e Lena… bem, Lena estava derretendo por dentro. De novo.

Ela respirou fundo, ajeitou os cabelos e caminhou até Kara, nervosa como uma adolescente prestes a confessar algo pela primeira vez.

— Ei — disse, tentando parecer casual. — Bom dia. Você tá linda.

Kara sorriu sem virar o rosto, os olhos fechados aproveitando o calor da manhã.

— Bom dia, Lena. As meninas não pararam de se mexer essa noite… mas acho que agora estão dormindo. Por isso o silêncio.

— Hmm… talvez a gente devesse… conversar. Sobre ontem. Ou… sobre aquele momento antes da Nia invadir com sua playlist de meditação intergaláctica.

Kara abriu os olhos e a olhou.

— Você quer conversar ou… beijar? — perguntou com um sorrisinho provocativo.

Lena travou.

— Eu… talvez os dois?

Estava quase. O corpo se inclinando, a respiração entrecortada, o mundo desacelerando ao redor. Os olhos de Kara estavam fixos nos dela, convidando. Era agora.

— INTERFERÊNCIA DETECTADA! — gritou Brainy do corredor, surgindo com um dispositivo que parecia uma torradeira de outra dimensão. — Hora da meditação gestacional alienígena! Não podemos atrasar!

— Brainy! — Lena e Kara disseram ao mesmo tempo, com frustração.

— O campo magnético do DOE está perfeito esta manhã para alinhamento neural fetal. É o melhor momento para a prática. Kara, sua frequência emocional está oscilando. Precisamos balancear antes que as gêmeas decidam levitar a geladeira de novo.

Kara deu um suspiro resignado e virou-se para Lena, com um olhar de desculpas.

— Me dá meia hora. Prometo que vamos tentar de novo.

— Você disse isso ontem. E anteontem. — Lena cruzou os braços, mas seus olhos ainda brilhavam.

— Eu sei. Mas dessa vez eu prometo de verdade. — Kara sorriu, levando a mão de Lena até sua barriga. — Elas também querem. Elas ficam agitadas toda vez que você chega perto. Você acha que é culpa da pizza com camarão, mas não. É você.

Lena sorriu, tocando a testa dela em despedida.

— Volta logo.

— Me espera?

— Sempre.

**

Brainy e Kara saíram, deixando o apartamento mais vazio do que o habitual.