Lena se jogou no sofá, frustrada. Mas mal teve tempo de afundar no drama porque Alex surgiu da cozinha com o celular na mão, pálida como se tivesse visto um fantasma.

— Adivinha quem vai nos visitar hoje?

— Se for o carteiro trazendo uma encomenda de “dispositivos anti-interrupção de beijo”, pode entrar. — Lena murmurou sem levantar o rosto.

— Não. Pior. Bem pior.

Lena se sentou devagar, os olhos estreitando.

— Pior que o carteiro?

Alex respirou fundo.

— Eliza. Nossa mãe. Ela tá vindo.

— Eliza? Eliza Danvers? — A voz de Lena subiu dois tons. — A mãe da Kara? A mulher que me odiaria só por respirar perto da filha dela?

— Ela só quer ver como a Kara tá. Ela soube da gravidez logo no início, eu contei quando ainda não sabíamos direito o que estava acontecendo. Mas eu não mencionei que… você estava envolvida.

Lena arregalou os olhos.

— Você… esqueceu de mencionar que eu sou, tecnicamente, a segunda mãe biológica das netas dela?

— Não foi por mal! Eu só… achei que seria demais. E eu nem sabia se vocês estavam… sabe… juntas. E pelo visto ainda não estão. — Alex apontou com a cabeça para a porta por onde Kara havia saído com Brainy.

Lena começou a andar de um lado para o outro, entrando em modo pânico Luthor.

— O que eu digo? “Oi, Eliza, eu engravidei sua filha por acidente biotecnológico causado pela sua arqui-inimiga e agora estou apaixonada, mas nem sei se ela quer me beijar ou me processar”? Alexandra, me dá um tranquilizante.

— Vai por mim — Alex riu. — Se você sobreviver a uma conversa com Eliza, sobreviverá a qualquer sogra do planeta Terra.

— Você acha que eu pareço estar nervosa?

Alex arqueou a sobrancelha.

— Sim. Você está. E isso já diz tudo.

Lena jogou uma almofada nela.

— Eu não tô preparada pra isso.

— Bem-vinda ao clube. — Alex sorriu com compaixão. — Mas se serve de consolo… se a Eliza não gostar de você, ela provavelmente só vai te congelar com o olhar. Ou te obrigar a ver as fitas caseiras da Kara no coral da escola.

— Isso não é consolo. Isso é tortura.

**

Enquanto Lena surtava e Alex tentava não rir, no DOE, Brainy fazia Kara sentar-se em posição de lótus em meio a um jardim sensorial cheio de flores que cantavam em frequências alienígenas.

— Respire. Inspire. Permita que Liv e Maddie alinhem seus campos de energia com as dimensões cósmicas que elas herdam.

— Brainy, você sabe que elas só querem sorvete e carinho, né?

— Isso é carinho, Kara. O cosmos é afeto.

Kara revirou os olhos, mas sorriu. Uma brisa suave acariciava seu rosto. As gêmeas estavam tranquilas. Por ora.

E, mesmo com a barriga enorme e um humor instável, ela pensava em Lena.

No beijo que não aconteceu. No jeito como Lena falava com as bebês. Na forma como ela sempre ficava, mesmo quando poderia fugir.

Kara sabia que teria que conversar com ela. Dizer o que sentia. Dizer que, apesar de tudo, seu coração ainda era o mesmo — e que ele sempre, sempre, foi de Lena.

Mas antes… ela precisava sobreviver à meditação cantada e ao pânico de Lena ao descobrir que mamãe estava chegando.

**

De volta ao apartamento, Lena encarava o espelho do banheiro como se fosse uma entrevista para CEO do coração de Kara Danvers.

— Tá tudo bem. Você é inteligente. Você é calma. Você já enfrentou monstros. Você consegue lidar com uma sogra. Uma quase sogra. Uma possível sogra? Ok, eu não sei o que eu sou, MAS EU VOU DESCOBRIR.

Do corredor, Alex gritou:

— O que você é? Surreal. Mas a gente te ama mesmo assim.

Lena soltou um palavrão baixinho e passou batom.

Hoje, ela conheceria Eliza Danvers.

E se o universo colaborasse, talvez, enfim, conseguisse aquele beijo.

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G͟r͟a͟v͟i͟d͟e͟z͟ i͟n͟e͟s͟p͟e͟r͟a͟d͟a͟ ~͟ S͟u͟p͟e͟r͟c͟o͟r͟p͟ •͟ K͟a͟r͟l͟e͟n͟a͟Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang