✨ Capítulo 32 ✨

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O local cheirava a putrefação como um verso antigo sussurrado ao vento, um odor espesso que invadia os poros e se grudava à alma. O pântano fora escolhido com precisão calculada: um anfiteatro de lodo e névoa onde até a luz parecia recuar, envergonhada. Plantas retorcidas se arqueavam como dedos negros sobre a água imóvel; insetos murmuravam em coro metálico, e do fundo emergia um vapor que brilhava com uma luminescência doentia, como se a própria matéria decidisse adoecer. Ali, tudo que respirava parecia ceder um pouco de si ao silêncio.

Oberon se erguia no centro daquela profana simplicidade como um nó aberto de maldade. Sua presença era um eclipse: não mais apenas um homem, mas uma ferida ambulante. O poder que o habitava não era apenas força, era uma fome que se aninhava nos ossos. Durante semanas, seu caule de dominação havia crescido arrancando vidas como quem arranca ervas daninhas, e a cada morte o seu coração batia mais frio, mais eficiente. Havia nele, por trás dos olhos, um mapa de cicatrizes tão antigas quanto a ira.

Angèle observava em silêncio forçado. A pele dela tremia debaixo do manto encharcado; os cabelos grudavam na nuca como teias. Ainda havia nela uma fachada de disciplina fria, mas por trás dessa couraça se percebia o ruído de alguém que, em algum lugar, escolhia não ouvir a própria consciência. Ela arrastara até ali três corpos jovens, gesto que parecia pertencer a uma quietude acostumada com o hediondo, e agora via, com olhos que buscavam se justificar, o efeito do que trouxera.

— Precisava ser aqui? — Angèle perguntou, a voz seca como folhas velhas. Havia uma ponta de reprovação, quase doméstica, que só tornava a cena mais cruel: a intimidade entre carrasco e aprendiz.

— Não questione o que não entende, sua burra inútil — respondeu Oberon sem sequer recuar. A sua fala era um açoite onde cada sílaba cortava. — Eu visitei o passado e o futuro; o que eu sei você jamais poderá sonhar.

O tom não pedia objeção. Pedia submissão. E Angèle, com o rosto breve em dúvida, guardou os parcos argumentos que poderiam lhe restar.

— Eu sempre fui uma aliada — disse ela, e a palavra soou pequena. — Pare de me tratar como inimiga.

Oberon finalmente a olhou. Seus olhos refletiam uma noite sem estrelas, um espelho negro que absorvia qualquer vestígio de humanidade. — Não temos tempo pra isso — retumbou ele. — Como vamos entrar no castelo?

O ar pareceu vibrar ao redor deles, como se a própria atmosfera aguardasse a resposta. Angele então revelou o plano: um rompimento da barreira que guardava o castelo, um buraco preciso na couraça protetora que os separava do coração do mundo civilizado. Mas as barreiras não cederiam sem custo; o preço exigido era o sopro da vida, não como em amantes roubados, mas como oferenda às engrenagens do poder.

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