✨ A Cura Dourada ✨

✨ Capítulo 20 ✨

    

     Com o céu tingido por tons dourados do entardecer, o aroma quente das flores começava a se misturar ao vapor perfumado que se erguia da piscina. Elrian já estava lá. Havia arquitetado cada detalhe com precisão cirúrgica, com uma paciência que só alguém profundamente obcecado, e perigosamente determinado, poderia possuir. Tempo não era obstáculo para ele. Não enquanto a alma de Eldarion ainda pulsasse ao alcance de sua presença.

A superfície da água estava coberta por pétalas de rosas em tons de escarlate, coral e rubi, que flutuavam como promessas indecentes sobre um espelho líquido aquecido por sais afrodisíacos. As fragrâncias doces e picantes preenchiam o ambiente com uma tensão invisível, provocativa, feita para entorpecer os sentidos e dissolver resistências.

Elrian estava parado à beira, os pés descalços tocando o mármore frio, em contraste com a brasa que ardia dentro de si. Usava apenas um roupão de seda bege claro, que caía sobre seu corpo como se fosse parte dele, delineando cada curva, cada linha, cada sombra que instigava o imaginário. A pele estava sedosa, polida como marfim sob o luar, perfumada com óleos que exalavam um desejo morno e hipnótico.

Ele sabia que Eldarion viria. A conexão entre eles era impossível de ignorar, incômoda, dolorosa, inebriante. Ele sentiu o ar mudar antes mesmo dos passos soarem. O coração disparou, mas o olhar permaneceu firme, impassível, como a ponta de uma flecha prestes a perfurar.

E então ele o ouviu.

Os passos precisos. A respiração contida. O cheiro inconfundível de quem tenta parecer inabalável, mas está ruindo por dentro.

Elrian não se virou de imediato. Apenas falou, com a voz baixa, aveludada, e tingida por um desprezo que escondia muito mais:
— Por que está aqui, Eldarion? — questionou, mantendo os olhos fixos na superfície da água, como se suas palavras não fossem importantes. — Já deixou bem claro o quanto sente repulsa por mim… e por tudo o que compartilhamos.

O impacto das palavras ricocheteou no ar como um estalo seco. Elrian virou o rosto lentamente, analisando cada nuance da reação do outro.

Eldarion hesitou. Aquilo o pegou de surpresa, nos dias anteriores, seu olhar carregava fogo e promessa. Agora, havia sombra, recuo.
— Eu tenho meus motivos. — murmurou, com um peso que deixava claro que não queria — ou não podia — revelá-los. — Acho que você não entenderia...

Elrian estreitou os olhos, e um meio sorriso triste, quase cruel, curvou seus lábios. Ele balançou a cabeça, com lentidão calculada.
— Não vou me humilhar implorando para estar com ninguém. — disse, com uma firmeza que escondia o nó na garganta. — Sei o meu valor, sei o que mereço. E, honestamente… seus motivos não me interessam mais.