✨🌈Vampiro/Magia/LGBTQIA/Hot🔥/RomanceGay🌈✨
Ezra Aiken
Vampiro milenar, testemunha silenciosa de impérios que ruíram e luas que se apagaram. Seus olhos viram séculos sangrarem, e seu coração, endurecido pelo tempo, já não pulsava por mais nada...
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O pôr do sol sempre me entorpeceu. Mesmo agora, depois de quase milênios caminhando sob os véus da noite, ainda me permito observá-lo à distância, como quem contempla uma relíquia sagrada que jamais poderá tocar novamente.
Há algo de cruel na forma como a luz se derrama sobre o mundo, com aquele dourado casto que aquece a pele dos vivos como um afago de um deus esquecido. Ela acaricia tudo o que toca, transformando o comum em divino: campos tomam ares de paraíso, as águas brilham como espelhos encantados e até os rostos humanos, mesmo os mais desgastados, ganham um breve instante de esplendor.
Mas para mim... Para mim, tudo isso é veneno. Um espetáculo distante. Um prazer proibido. Não sinto mais o calor. Sinto apenas a memória dele, e isso, às vezes, é muito pior.
O mundo sempre foi mais vasto do que os olhos comuns percebem. Sob as copas densas das florestas esquecidas dançam fadas e ninfas em seu idioma primitivo e encantado. Nas cavernas profundas e nos campos onde o vento não se atreve a soprar, uivam as matilhas dos lobisomens, ferozes, tribais, orgulhosos de suas maldições. E em casas abandonadas, boticas escuras e esquinas amaldiçoadas, as bruxas e feiticeiros sussurram feitiços ancestrais, tecendo o destino com dedos tingidos de poder. Os magos, ah, esses se tornaram quase mitos. Eles não desaparecem... eles simplesmente se ocultam onde o tempo não alcança.
Houve um tempo em que os híbridos surgiram, frutos de cruzamentos imprudentes, alimentados pela ilusão de unir forças, poderes e linhagens. Mas o universo não perdoa arrogância: seus corpos não aguentaram, a fusão de naturezas os condenou a uma extinção lenta e inevitável. Ser poderoso demais... cobra seu preço.
E então, há nós, os vampiros.
Os mais velhos. Os que ainda permanecem, escondidos nos castelos esquecidos pelo tempo, onde o sol se recusa a nascer. Eu sou um deles. Não fui transformado, eu nasci assim, sou pura linhagem, sangue original. E por mais que o mundo mude... continuamos sendo a espécie que recorda tudo. A que carrega as cicatrizes de todas as eras.
Já provei de tudo: banquetes, amantes, segredos, guerras, já bebi o sangue de reis e de criminosos, de santos e de pecadores, já mergulhei nos corpos e nas mentes de tantos... Buscando, desesperadamente, algo que me fizesse sentir. Mas tudo que encontrei foi o prazer, nunca o alívio.
Por algumas décadas, odiei o que eu era, tentei me apagar. Neguei meu nome, evitei o espelho. Houve um tempo em que desejei caminhar entre os humanos como um deles, ingênuo da minha parte. A eternidade não nos abandona apenas porque queremos.
Mas o tempo... O tempo é um artista silencioso, ele esculpiu em mim uma aceitação fria, uma espécie de paz gélida. E aprendi a observar a existência com olhos de quem não espera mais nada, e justamente por isso, enxerga tudo com mais clareza.