✨🌈Vampiro/Magia/LGBTQIA/Hot🔥/RomanceGay🌈✨
Ezra Aiken
Vampiro milenar, testemunha silenciosa de impérios que ruíram e luas que se apagaram. Seus olhos viram séculos sangrarem, e seu coração, endurecido pelo tempo, já não pulsava por mais nada...
Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
O romance de Melian e Ezra parecia ter congelado o tempo, e, de certo modo, talvez tivesse mesmo. O castelo estava em silêncio, não por medo ou incerteza, mas por causa do calor que emanava dos afetos, dos beijos, dos toques que em cada quarto encontravam seus pares. Aquela era uma noite onde todos estavam distraídos pelo amor. Um respiro raro. Um presente. E como quase todo presente, trazia em si o risco de ser tirado cedo demais.
Ezra sabia disso. Sabia como ninguém que momentos como aquele tinham um preço. E mesmo assim, ele quis prolongar. Quis gravar cada suspiro de Melian em sua pele, cada traço da expressão adormecida dele, cada vez que o peito subia suavemente com o respirar tranquilo, como se nada no mundo pudesse tocá-lo enquanto estivesse em seus braços.
Melian dormia. Um sono profundo, entregue, quase infantil. Seu corpo, ainda envolto por um manto leve, tremia com o frio da pedra ao redor. Ezra o carregou com cuidado, os pés leves sobre o assoalho do salão deserto, o guiando até os aposentos. O aconchegou sob as mantas com um zelo silencioso, puxando os cobertores até os ombros do rapaz, e então se deitou ao seu lado, apenas para poder observá-lo mais um pouco.
Os cabelos espalhados no travesseiro eram uma desordem doce. A respiração dele era um sussurro de vida. E Ezra, mesmo com todas as guerras que já enfrentara, mesmo conhecendo a escuridão do mundo, se sentia humano ali. Só ali. Ao lado de Melian.
Mas a paz, como ele já aprendera, tem ouvidos frágeis. E o perigo sussurra antes de gritar.
Um som tênue. Sutil. Mas anormal.
Ezra franziu o cenho, sua audição, aguçada como a de nenhuma outra alma naquele castelo, captou o que os demais ainda não podiam ouvir. Passos. Do lado de fora, mas não eram comuns. Tinham algo de irregular. Uma pausa longa entre um e outro. Uma leveza falsa, como se a presença quisesse não ser notada.
Se levantou sem fazer ruído. Com um último olhar para Melian, um olhar que carregava um pedido mudo para que ele continuasse dormindo, se vestiu e saiu. A cada passo pelo corredor vazio, o som dos próprios movimentos era engolido pelas pedras antigas, cúmplices silenciosas da vigília.
Pela janela lateral do salão principal, uma tênue luz violeta serpenteava, como se a barreira mágica ainda estivesse firme. E estava. Intacta. Impecável. Contudo, do outro lado...
Uma figura.
Parada. Imóvel. Sólida como uma maldição que apenas esperava o momento certo para ser pronunciada.
Ezra não precisou de mais do que a silhueta para reconhecê-la. Aquela pose altiva, o manto de sombras ondulando mesmo sem vento, e o brilho traiçoeiro nos olhos. Angèle.
Ela não precisava estar dentro para ameaçar. Seu poder vazava. Atravessava o espaço entre mundos como névoa negra e densa.
Ezra saiu pela entrada lateral, os olhos fixos nela. Seus passos foram lentos, calculados. Ele não queria despertá-la, ela já estava desperta demais.