✨ A Cura Dourada ✨

✨ Capítulo 6 ✨

     

     Assim que a porta se fechou atrás dele, um silêncio pesado tomou conta do ambiente, como se o mundo, por respeito ou por piedade, soubesse que eu precisava de um momento para respirar, ou talvez para tentar me recompor. Mas era inútil. Cada centímetro do lugar ainda parecia impregnado por ele, o ar que ele deixou para trás ainda me rodeava, espesso, quente, carregado do seu cheiro amadeirado que mexe com tudo dentro de mim. Era como se sua essência ainda me abraçasse, mesmo ausente.

Deus... o que foi aquilo?

Eu me joguei no sofá como se minhas pernas tivessem perdido qualquer estrutura. Estavam moles, trêmulas, como se eu tivesse saído de um combate onde a única arma usada contra mim foi o olhar dele. E que arma. A forma como ele me olhou… não era só um olhar. Era como se os olhos dele pudessem decifrar todos os meus segredos, como se ele estivesse me lendo por dentro, página por página. Me senti exposto. Nu. Atraído. Preso.

Ezra.

O nome dele ecoa dentro de mim com a mesma intensidade que seu perfume, aquele aroma de floresta profunda, de noite úmida e calor selvagem,  ainda paira nos meus sentidos. Natureza forte, viva, orgânica, quase animal. Um cheiro que me acalma e me excita ao mesmo tempo. Um cheiro que parece ter sido feito só pra mim. É o meu favorito… e agora tem um rosto. Um corpo. Um dono.

E que corpo.

Meu Deus, que corpo.

Não consigo parar de visualizar cada detalhe. O jeito que a camisa se moldava perfeitamente àquelas costas largas, aos ombros que pareciam ter sido esculpidos com mãos de artista e propósito de guerreiro. Os músculos bem desenhados, contidos, mas visíveis, como se o mundo inteiro estivesse em constante tentação de tocá-lo, mas apenas eu tivesse visto de verdade o homem por trás daquela armadura natural.

E a voz… ah, a voz.

Meu maior ponto fraco. Não adianta fingir que não é. Aquele timbre grave, sedutor, que parece roçar a pele com cada palavra. É como veludo quente escorrendo por dentro de mim, indo direto ao meu estômago, fazendo cócegas nas minhas convicções. Eu me derreto por dentro toda vez que ele fala. Cada sílaba dele é um convite à perdição, e eu, tolo que sou, me vejo dizendo "sim" antes mesmo de entender qual é a pergunta.

Espero, do fundo do coração, que eu tenha conseguido parecer minimamente normal. Que ele não tenha notado o quanto meu coração quase pulou do peito quando ele se aproximou demais, ou o modo ridículo como minhas mãos tremeram quando nossas peles se tocaram, mesmo que por acaso. Porque ele é intimidador. Não só pela beleza que beira o sobrenatural, uma beleza crua, viril, charmosa, mas pela presença. Ele entra num ambiente e o mundo parece parar por um instante só pra reconhecê-lo.