✨🌈Vampiro/Magia/LGBTQIA/Hot🔥/RomanceGay🌈✨
Ezra Aiken
Vampiro milenar, testemunha silenciosa de impérios que ruíram e luas que se apagaram. Seus olhos viram séculos sangrarem, e seu coração, endurecido pelo tempo, já não pulsava por mais nada...
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Mais um dia amanhece, e o céu parece tão indeciso quanto eu. As nuvens passeiam devagar, preguiçosas, como se também estivessem ponderando se deviam permanecer ali ou ceder lugar ao azul. O sol não brilha por completo, mas também não se esconde de vez. E talvez isso combine com meu estado, suspensa entre a luz e a sombra, entre o desejo e o medo, entre ela... e tudo o que eu achava que sabia sobre mim mesma.
Eu me sento no peitoril da janela, as pernas cruzadas, os pés descalços sentindo a brisa que sobe do jardim. Há o perfume doce das gardênias, sempre mais intenso nas primeiras horas da manhã, e um sussurro constante das folhas dançando ao vento. Fecho os olhos por um instante, tentando silenciar o que acontece dentro de mim.
Mas é inútil. Meu coração não entende de silêncios. Ele insiste em bater com mais força cada vez que penso nela.
Merga.
É esse o nome que ecoa em mim, com peso e doçura. A lembrança do seu toque me percorre como eletricidade quente. Não há um único lugar do meu corpo que não tenha sido marcado por ela. Pela forma como me olhou, como se enxergasse além da minha aparência etérea e colorida, além das minhas palavras bem articuladas, além da minha pose controlada de fada racional. Ela me viu. Inteira. E isso me assusta tanto quanto me fascina.
O beijo... aquele beijo.
Meus dedos tocam meus próprios lábios como se pudessem reviver aquele instante. E quase revivem. Foi como um feitiço, mas não do tipo que se conjura com palavras encantadas ou gestos delicados. Foi bruto. Instintivo. Como se os corpos tivessem se reconhecido antes mesmo de nossas mentes entenderem o que estava acontecendo.
Ela me segurou com firmeza, mas sem brutalidade, como se eu fosse preciosa demais para ser deixada escapar. Seus lábios tinham gosto de urgência e terra molhada, e eu me entreguei. Me rendi sem resistência, como uma folha sendo levada pela correnteza. E no momento em que seus dentes roçaram de leve meu pescoço, eu soube, de um jeito inexplicável e ancestral, que algo em mim havia mudado para sempre.
Mas aí... ela disse aquilo.
"Minha loba te escolheu."
Essas palavras ainda ecoam dentro de mim, com o peso de uma promessa e o pânico de uma prisão. Escolhida. Como se meu destino estivesse selado por uma criatura que nem sequer habita meu corpo. Como se o amor fosse inevitável, irrevogável. Como se eu não tivesse escolha.
Mas eu sou uma fada.
Eu fui criada com a ideia de liberdade sendo parte da minha essência. Nós voamos, nós amamos por desejo, não por instinto. Nosso coração não é guiado pela Lua ou por feromônios. Nós não marcamos nossos parceiros com mordidas, não vivemos em clãs com hierarquias animalescas. Amamos quem nos toca a alma, não só a pele. E mesmo assim, mesmo com tudo isso gravado em minha identidade... algo em mim estremeceu de reconhecimento quando ela se aproximou.