✨🌈Vampiro/Magia/LGBTQIA/Hot🔥/RomanceGay🌈✨
Ezra Aiken
Vampiro milenar, testemunha silenciosa de impérios que ruíram e luas que se apagaram. Seus olhos viram séculos sangrarem, e seu coração, endurecido pelo tempo, já não pulsava por mais nada...
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Logo após o ataque, Beaulfort fugiu. Não havia outra escolha. Seu corpo, já em frangalhos pela força avassaladora de Evren, não suportaria um segundo embate com aquele que trazia nas veias a magia ancestral dos Primevos. A dor pulsava em seus ossos como brasas enterradas sob a pele, mas não era a dor física que o consumia.
Era o vazio.
Era a rejeição.
Era o fato de que Melian, seu escolhido, havia mais uma vez virado o rosto diante da sua presença, o ignorado, o rejeitado, o desgraçado entre os lobos.
Ele correu sem pensar, pisando com violência o solo da floresta, rasgando a mata com a pressa de um condenado. O mundo ao seu redor era borrado, indistinto, árvores, pedras, raízes, céu, tudo se confundia em linhas trêmulas de verde e cinza. Seu peito arfava com brutalidade, e a respiração se transformava num rugido rouco, inumano, que denunciava o colapso iminente.
Beau estava à beira do abismo. E saltou.
Sem controle. Sem cálculo. Sem consciência.
O que se ergueu de dentro dele não era mais um homem.
Era a fera.
A metamorfose foi abrupta, violenta, quase como um castigo imposto ao próprio corpo. Ossos quebrando, pele rasgando, músculos se dilatando numa dança sangrenta. O som do estalar das vértebras se misturava ao eco de um grito, ou seria um uivo? que atravessou o véu da floresta como uma lâmina. Era o grito de um lobo que não deveria ter emergido. Não ali. Não agora.
No presente, se transformar fora de uma batalha ou sem ameaça real era considerado heresia. Um ultraje. Um insulto à ordem silenciosa que regia a convivência entre os da matilha. Lobos não expunham suas naturezas diante dos humanos. Lobos não rasgavam a própria carne por capricho. Mas Beau... Beau não era mais um lobo. Era uma besta. Um animal cego pelo desejo, afogado na ânsia de possuir o que lhe fora negado.
Ele correu pela floresta como uma sombra viva, uma maldição desencadeada, dilacerando tudo ao redor com garras e fúria. Os galhos se partiam sob seu peso, os animais silvestres fugiam de sua trilha, e o ar se impregnava do cheiro ácido de suor, sangue e magia. Ele exalava selvageria. Ele era selvageria.
E mesmo assim, o vazio persistia.
Melian não estava ali. Melian havia escolhido outro destino. Outro caminho. Outro toque.
A dor se contorcia dentro de Beau como uma serpente faminta, faminta por algo que nunca havia provado: reciprocidade. E então, ele decidiu. Se não podia ter o corpo, teria a mente. Nem que fosse à força.
Se deteve em meio às sombras da mata. A terra sob suas patas estremecia com o peso de seu ódio. Seus olhos, turvos de insanidade, se fecharam. E ele se concentrou.