✨ Capítulo 23 ✨

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    A alvorada filtrava sua luz suave através das cortinas rendadas do aposento, tingindo o quarto com um brilho rosado e cálido, como se o próprio céu abençoasse aquele instante de intimidade

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    A alvorada filtrava sua luz suave através das cortinas rendadas do aposento, tingindo o quarto com um brilho rosado e cálido, como se o próprio céu abençoasse aquele instante de intimidade. O castelo, apesar de cercado por presságios e perigos que se escondiam nas sombras, parecia respirar mais lentamente naquele quarto. Uma pausa preciosa no tempo, breve e silenciosa, onde duas almas tentavam se descobrir além do medo.

Merga acordou primeiro. Seu corpo grande e forte estava parcialmente envolto nos lençóis de linho cru, mas seu braço permanecia firme ao redor da figura pequena que dormia em seu peito. A pele de Lyra era alva como leite de lua, e seus traços delicados pareciam ainda mais frágeis sob a luz da manhã. Merga apertou levemente o abraço, com uma ternura que contrastava com sua aparência imponente.

Sentia o coração pulsar em silêncio. Um músculo enorme e marcado por batalhas, agora subjugado por algo que não sabia combater: o amor. E mais do que isso, a insegurança. Seu olhar percorreu os fios prateados dos cabelos de Lyra, os deslizando suavemente entre os dedos. A diferença entre elas era gritante, não apenas em tamanho ou força, mas na natureza intrínseca de seus corpos.

A fada se mexeu levemente, seus olhos se abrindo com a lentidão de quem não deseja se afastar de um sonho bom. Sorriu ao encontrar o rosto de Merga tão próximo, aquele sorriso manso que sempre fazia o coração da guerreira estremecer.

- Bom dia, minha tempestade silenciosa - disse Lyra com a voz sonolenta, os olhos ainda semicerrados.

Merga sorriu, mas foi um sorriso contido, quase dolorido.

- Bom dia, minha flor cintilante - respondeu ela, sua voz grave soando como uma promessa que jamais ousaria quebrar.

Elas se encararam por longos segundos. O silêncio entre elas não era vazio, mas carregado de significados não ditos, de gestos represados, de desejos ainda aprisionados por temores antigos.

Lyra, com delicadeza, deslizou os dedos por entre os músculos do peito de Merga, como se desenhasse mapas secretos sobre sua pele.

- Você está distante... - murmurou ela, franzindo ligeiramente as sobrancelhas. - Eu sinto que algo te impede de... me ter por inteiro.

Merga fechou os olhos. Seu peito se contraiu numa mistura de culpa e reverência. A vontade de tê-la, de amá-la plenamente, queimava em seu interior como brasa viva, mas o medo era uma sombra que não a deixava.

- Eu tenho medo, Lyra - confessou, sua voz saindo em um sussurro carregado de sinceridade. - Medo de te machucar... de ser bruta demais. Você é tão pequena, tão delicada... Eu... não saberia me perdoar se te ferisse.

Lyra o fitou, surpresa. Seus olhos brilhavam com uma dor que não vinha da carne, mas da alma.

Ela se inclinou, beijando a testa da fada com uma devoção que transcendia o desejo. Suas mãos grandes continuavam hesitantes, mas o olhar... o olhar era de alguém disposto a aprender a tocar com amor, não com força.

✨ A Cura Dourada ✨Where stories live. Discover now