✨🌈Vampiro/Magia/LGBTQIA/Hot🔥/RomanceGay🌈✨
Ezra Aiken
Vampiro milenar, testemunha silenciosa de impérios que ruíram e luas que se apagaram. Seus olhos viram séculos sangrarem, e seu coração, endurecido pelo tempo, já não pulsava por mais nada...
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Entrei na sala carregando o peso de mais um dia nos ombros, mas bastou colocar os pés no tapete para que a tensão se transformasse em expectativa. O som apressado de passos determinados preencheu o espaço, e antes mesmo que eu erguesse totalmente o olhar, fui atingido por um verdadeiro raio de indignação infantil: Lúthien vinha em minha direção com um bico tão grande quanto sua curiosidade, braços cruzados e aquele cenho franzido que só ele tinha. Aquele olhar de quem já ensaiou cada palavra do protesto que vai lançar.
Ele parou à minha frente, pés firmes no chão, e sua voz carregada de queixa rasgou o ar com precisão.
— Por que a Merga ganha bolo e eu não? — perguntou Lúthien, como quem exige reparação divina por um crime de Estado.
Antes que eu pudesse responder, Merga, sentada no sofá com uma expressão vitoriosa, ergueu a sobrancelha e, com um sorrisinho provocador no canto da boca, balançou levemente a cabeça.
— Eu disse que ele ia causar por conta daquele bolo, — disse Merga, cruzando as pernas com ares de quem já sabia o desfecho desde o início.
Suspirei, levando uma das mãos à nuca enquanto tentava esconder o riso. O cheiro do bolo ainda parecia estar em mim, como se o doce me denunciasse. Eu não tinha planejado nada, só... agido por impulso. Quando vi aquele bolo, imaginei que seria a desculpa perfeita. Mas não pensei em mais ninguém. E isso, claramente, foi um erro de cálculo.
Me aproximei de Lúthien, olhando nos olhos castanhos que refletiam mágoa mais profunda do que merecia tal deslize. Toquei levemente seu ombro, tentando suavizar a tempestade emocional que se formava.
— Não foi planejado, meu amor. Eu prometo que trago outro pra você amanhã mesmo, o seu favorito. De morango com chantilly, certo? — falei com doçura, tentando reparar o dano.
Lúthien piscou, ainda de braços cruzados, mas seus olhos suavizaram um pouco. A voz dele saiu num sussurro, ainda ferido, mas esperançoso:
— Promete?
Sorri, apertando levemente sua mão entre as minhas.
— Sim, eu prometo. Palavra de Ezra.
Antes que o clima se acalmasse por completo, uma terceira voz se intrometeu com a delicadeza de uma adaga.
— É por isso que ele é mimado assim, — comentou Eldarion, de onde estava encostado ao batente da porta, os braços cruzados e a expressão carregada de tédio e julgamento. — Você nunca deixa de fazer as vontades dele.
As palavras dele cortaram o ambiente como gelo rachando sob os pés. Lúthien enrijeceu, e eu pude sentir Merga se preparar para o embate, como uma loba que protege o filhote alheio por puro senso de justiça.