✨ Capítulo 19 ✨

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    Enquanto a manhã se desenrolava com sua luz amena e os demais se ocupavam em suas rotinas, tentando arrancar do cotidiano algum alívio ou distração, Evren caminhava sozinho

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    Enquanto a manhã se desenrolava com sua luz amena e os demais se ocupavam em suas rotinas, tentando arrancar do cotidiano algum alívio ou distração, Evren caminhava sozinho. Seus passos eram firmes, mas havia neles o peso invisível da urgência e da inquietação. O ar parecia mais denso ao seu redor, como se a própria realidade soubesse que algo estava prestes a ser remexido, algo antigo, profundo, perigoso.

Seu olhar, geralmente impassível, trazia agora uma tempestade contida. A mente de Evren girava como um espiral de possibilidades, teorias e suspeitas. Ele não era do tipo que se deixava levar por pressentimentos, mas ali, em seu peito, havia um frio que não vinha do clima. Era o pressentimento de quem vai tocar uma ferida antiga, não a sua, mas a do mundo. E mesmo assim, ele precisava disso. Precisava saber, precisava entender com precisão as artimanhas de seu inimigo, para que nenhuma peça lhe escapasse quando o inevitável confronto enfim acontecesse.

Seu destino? A matilha que um dia abrigou aquele que agora se erguia como ameaça. O lugar onde tudo havia começado, e onde, com sorte, alguma verdade ainda repousasse à espera de ser colhida.

Vestido com as vestes cerimoniais de Mago Adjunto, Evren cortava o caminho como uma flecha de sobriedade. As roupas longas, em tons de cinza profundo com bordas azul-ocultas, tremulavam suavemente ao toque do vento. No peito, o broche da Ordem cintilava com discreta imponência, e o capuz repousava sobre os ombros, revelando os cabelos presos com precisão e o semblante tão composto quanto impenetrável. Sua postura ereta, cada movimento calculado, impunha um respeito que não precisava de palavras para ser sentido.

Ao alcançar os grandes portões da matilha, foi imediatamente reconhecido. Os guardiões se ergueram com solenidade, e seus olhos, mesmo os mais destemidos, baixaram ligeiramente diante da figura do mago. Não apenas por sua posição, mas porque todos sabiam: aquele homem agora representava a Ordem. E a Ordem não esquecia. Nem perdoava com facilidade.

— Evren — saudou um dos sentinelas, recuando e fazendo sinal para os demais. — Sua presença honra este território.

Evren apenas assentiu, sem um sorriso, sem uma palavra, seus olhos percorrendo o horizonte do território como se já soubesse o que procurava.

Os boatos já haviam corrido antes dele, como sempre corriam. A fuga de um prisioneiro perigoso sob custódia da matilha era mais do que um erro. Era um sinal de fraqueza. E para os lobos, isso era tão imperdoável quanto a traição.

Conduzido com presteza por um corredor de árvores e construções rústicas de pedra escura e madeira grossa, Evren caminhava em silêncio absoluto, enquanto o som das folhas sob seus pés e o farfalhar distante do vento compunham a trilha sonora de sua missão. O cheiro da floresta misturado com os traços minerais da terra molhada chegava às suas narinas, e mesmo esses estímulos não desviavam sua mente daquilo que precisava alcançar.

✨ A Cura Dourada ✨Where stories live. Discover now