✨ A Cura Dourada ✨

✨ Capítulo 20 ✨

Silêncio.

Silêncio e tensão, densa como névoa de inverno. O coração de Eldarion pulsava no fundo da garganta. O dele, batia acelerado, misturando orgulho ferido com um desejo devastador de que aquele momento fosse diferente.

E foi nesse instante que Elrian agiu.

Com uma elegância cruel, deslizou os dedos pelo laço de seda e, sem pressa, desfez o nó. O tecido deslizou por seu corpo como um suspiro, caindo aos pés como uma oferenda sacrílega. Ele ficou ali, nu, sem pudor, sem hesitação, como um desafio silencioso à própria divindade.
A luz banhou sua pele como carícia. Seu corpo era uma escultura viva, moldada por deuses que só conheciam o desejo e a perfeição. Era uma visão para fazer qualquer ser perder a sanidade.

Eldarion engoliu em seco. A respiração falhou, um calor intenso se espalhou por seu corpo, subindo pelas coxas e apertando o peito. Ele quase gemeu. O instinto primal rugiu dentro dele, exigindo posse, exigindo marca, exigindo que aquele corpo jamais fosse tocado por outro.

— Eu... — tentou dizer algo, qualquer coisa, mas sua voz morreu em um sussurro sem força.

Elrian o encarou, olhos flamejantes de decisão.
— Estou indo para a cidade esta noite. — declarou, com a frieza cortante de uma lâmina envenenada. — Vou satisfazer minhas vontades com o primeiro que cruzar meu caminho. Por isso estou me preparando — para que minha pele esteja perfeita, e meu cheiro... impecável.

Ele se virou lentamente, deixando à mostra toda a extensão de sua beleza maldita, provocante, feroz.
— Pode sair. Vá fazer... seja lá o que costuma fazer no seu tempo livre. — finalizou, com um desdém que era, na verdade, proteção camuflada de orgulho ferido.

Eldarion permaneceu imóvel, como se tivesse sido esfaqueado no meio do peito. A simples ideia de outro tocando Elrian... outro sentindo seu gosto... outro ouvindo seus gemidos...

Era insuportável.

A dor física que irradiou por seu corpo foi real. Uma pontada aguda no peito, no ventre, nas entranhas, o tipo de sofrimento que apenas a separação de almas gêmeas podia infligir.
Ele sentiu que, se Elrian realmente fosse, ele definharia. Morreria um pouco por dentro.

Mas Elrian já se afastava, cada passo um desafio, cada curva nua uma sentença.

Eldarion precisava decidir, ceder ao orgulho ou se lançar no abismo daquele amor enlouquecedor.

A cena diante de Eldorian era um quadro vívido de beleza etérea, capaz de desarmar até a mais firme resistência. Seu olhar se fixava, imóvel e hipnotizado, como se cada detalhe daquela imagem fosse uma melodia silenciosa que reverberava em cada fibra de seu ser. O corpo diante dele, tão delicado e perfeito, despertava um desejo antigo, quase doloroso, um fogo primordial que ardia sem controle, dominando sua mente com uma intensidade inusitada para alguém de sua imortalidade.

A pele clara, translúcida como porcelana fina, parecia brilhar sob a luz tênue, revelando uma suavidade que convidava ao toque, à devoção. Seus olhos percorriam a curva sutil das coxas esculpidas, a firmeza graciosa do bumbum empinado, e a cintura tão fina que quase parecia impossível existir na realidade. Cada traço exalava uma sensualidade singela, irresistível. Eldarion podia quase sentir a língua deslizando por toda aquela superfície imaculada, imaginando o calor e a umidade do desejo percorrendo aquela pele macia.

Por um momento, se perdeu naquele transe absoluto, alheio ao tempo e ao mundo. Foi o cheiro adocicado dos óleos perfumados, espalhados com mãos delicadas e cuidadosas, que o trouxe de volta à realidade, um golpe tão potente quanto qualquer facada. Seu coração se apertou, um nó de ciúme e fúria o consumiu por dentro. Aquela perfeição, que ele sabia pertencer a ele, estava se preparando para se entregar a outro. Pensamentos vorazes invadiram sua mente: mãos estranhas deslizando por aquela pele, carícias que não seriam suas. O aperto em suas mãos, transformadas em punhos cerrados, era a única manifestação de sua luta interna para expulsar tais imagens.