✨ Capítulo 14 ✨

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A beleza dela me feriu como uma lâmina de cristal,  tão afiada quanto delicada. Seus olhos… ah, aqueles olhos! Eles não apenas me olham, eles me prendem. Me acorrentam com ternura, com um feitiço que não sei se ela mesma entende. O cheiro da sua pele invade os meus sentidos com a força de uma maré encantada, e cada vez que sua voz dança no ar, meu corpo inteiro responde.

Tudo nela é excesso: de encanto, de doçura, de luz. E mesmo assim, ela nunca me pareceu inalcançável, pelo contrário. Ela me vê, me enxerga por dentro, e isso me assusta mais do que qualquer guerra.

Diante dela, não sou guerreira, não sou mestiça, não sou lobo. Sou apenas mulher.
E, talvez, pela primeira vez… alguém digna de amar e ser amada.

Depois que conversamos, eu não consegui mais descansar. A ansiedade arranhava meu peito por dentro como garras inquietas, cada minuto sem vê-la parecia uma eternidade cruel. Meu corpo, minha loba, minha alma, tudo em mim clamava por sua presença. E por mais que eu tentasse respeitar o tempo dela, não consegui. Que loucura é essa que toma conta de mim sempre que ela desaparece da minha vista?

Observei de longe, com o coração disparado, cada vez que ela visitava Melian, seu caminhar era leve, mas carregado de propósito, como quem não precisa da aprovação de ninguém para ser quem é. Ela não seguia uma rotina. Era feita de instantes, de vontade, de vento, parecia viver de acordo com seu humor, como uma música que muda o ritmo conforme o coração sente. E isso me encantava. Me arrebatava. Me desarmava.

E então, numa tarde dourada, eu a vi sair sozinha. Os raios de sol se filtravam pelas folhas, brincando em sua pele como se até a luz a desejasse. Era uma visão que me fez arfar. Meu instinto rugiu dentro de mim, eu precisava protegê-la, mesmo que ela ainda não tivesse me aceitado, mesmo que não dissesse em palavras o que seus olhos tantas vezes gritaram em silêncio.

Eu a segui, não por desconfiança, mas por necessidade. Uma necessidade antiga e incontrolável que crescia em mim como uma tempestade silenciosa. Minha loba rosnava baixo, inquieta, e eu tive que lutar comigo mesma para manter distância. Só que. ela me sentiu.

Mesmo estando longe o suficiente para não ser vista, mesmo contida, ela me percebeu. Ela sempre me percebe. Sua pele vibra quando estou por perto. Seus olhos se moveram, como guiados por um fio invisível, e então me encontraram na sombra das árvores. E nesse instante, eu soube. Eu não poderia mais resistir.

Fui puxada até ela, rápida demais, entregue demais, um imã, uma força ancestral nos unia. Em segundos, ela estava em meus braços. A forma como se encaixava em mim, como se sempre tivesse pertencido ali… era a prova viva de que o destino não erra.

Meus dedos tremeram ao tocar sua cintura. A pele dela era quente, viva, sensível como seda aquecida pelo sol. Ela me olhou, não com medo, mas com desejo contido, um brilho que me deixou completamente desarmada. E nos beijamos. Outra vez. Como se o mundo ao redor desaparecesse, como se só existíssemos nós duas e esse fogo que insiste em queimar cada vez que nossas bocas se encontram.

O beijo dela… ah, aquele beijo, era a junção perfeita entre o anseio e a entrega, me senti inteira, me senti quebrada. Senti minha loba ruir, minha alma exposta, era devoção. Um encontro cósmico, como se nossos corações tivessem sido feitos para pulsar no mesmo ritmo desde o princípio dos tempos.

Eu quis tomá-la para mim ali mesmo. Quis marcá-la, gravar meu nome em sua pele, fazer dela meu território sagrado, mas não podia. Não ainda. Ela precisava escolher, precisava me querer por completo, não por impulso. Então, com esforço quase sobre-humano, respirei fundo, e a levei para casa.

✨ A Cura Dourada ✨Where stories live. Discover now