— Ele é um cavalheiro, Evren. Sempre muito cuidadoso comigo, ele me escuta... me respeita — confessei, lembrando do modo como ele me segurava como se eu fosse precioso demais pra ser tocado com pressa.
— Que bom — disse Evren, arqueando uma sobrancelha. — Assim, não preciso matá-lo.
— Evren! — exclamei, rindo sem conseguir conter o calor que subiu ao rosto.
Ele também riu, e o som da sua gargalhada preencheu o quarto como uma música antiga que sempre me fez bem. O amor que tenho por meu irmão é tão grande que às vezes me dói, como se fosse grande demais para caber em mim.
— Seu aniversário está chegando — ele comentou depois de um breve silêncio, ajeitando os cabelos que caíam sobre meus olhos. — Falta menos de um mês... nem acredito que aquele bebê tão lindo já vai fazer vinte e dois anos. É tão difícil aceitar isso.
Sorri, meus olhos ficaram úmidos com aquela frase. Levantei e me joguei em seus braços, mesmo tendo que lutar contra sua altura para alcançar seu pescoço. Evren me acolheu num abraço que parecia feito de lar. Um abraço que eu reconheceria em qualquer lugar, mesmo de olhos vendados.
— Não importa a minha idade... — murmurei, com o rosto escondido em seu ombro. — Sempre vou querer seu colo e seu carinho.
Ficamos assim por alguns minutos, ouvindo apenas o som do vento lá fora e o compasso dos nossos corações, que batiam em perfeita harmonia, como sempre foram.
— Eu vou viajar — anunciou ele, rompendo o silêncio com pesar. — Mas dessa vez será pra mais longe. Preciso de informações do passado... coisas que podem nos ajudar no futuro. Mas prometo estar com você antes do fim do seu aniversário.
Me afastei só o suficiente pra olhá-lo nos olhos.
— Promete mesmo?
— Sim, eu prometo, meu Cristal — disse ele, selando sua promessa com um beijo demorado na minha testa.
Conversamos mais um pouco. Ele me contou o que pôde sobre seus planos, e eu lhe falei dos meus sentimentos, de minhas dúvidas. Ele escutou tudo com paciência e carinho. Quando o sono começou a me pesar nos ombros, ele me deitou e ficou ali comigo, acariciando meus cabelos, como fazia quando eu era pequeno e tinha pesadelos.
Fechei os olhos e me deixei levar, embalado pela presença que sempre foi meu alicerce. Evren era mais que um irmão. Ele era meu chão, meu céu e tudo o que me manteve inteiro até aqui.
E naquela noite, enquanto adormecia, eu soube com toda a certeza do mundo: por mais que o amor de outro me levasse para longe, Evren sempre seria meu lar.
A noite caiu silenciosa, mas meu corpo não acompanhava o sossego que se espalhava pela casa. Debaixo das cobertas, os lençóis não conseguiam conter o calor que nascia em mim. Um calor que não era meu. Era como se uma corrente invisível, quente e latejante, me envolvesse por dentro, pulsando direto no centro do meu peito. Fechei os olhos, tentando entender... e então senti.
Ezra.
Era ele. Seu desejo por mim atravessava a distância como um feitiço sutil, mas intenso, tocando meu coração com mãos invisíveis. Como se sua alma chamasse pela minha, ansiando por mim mesmo longe, mesmo no silêncio da noite, senti seus pensamentos se perderem em mim, em nosso breve, mas arrebatador encontro. E com isso, o prazer dele me tocava. Leve, mas real, como se, ao se entregar ao desejo solitário, ele permitisse que eu também sentisse a intensidade do que provocava nele.
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✨ A Cura Dourada ✨
Romance✨🌈Vampiro/Magia/LGBTQIA/Hot🔥/RomanceGay🌈✨ Ezra Aiken Vampiro milenar, testemunha silenciosa de impérios que ruíram e luas que se apagaram. Seus olhos viram séculos sangrarem, e seu coração, endurecido pelo tempo, já não pulsava por mais nada...
✨ Capítulo 13 ✨
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