— Obrigada, amigo. Eu volto pra te contar como foi!
E antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ela saiu correndo pelo corredor, provavelmente para se jogar nos braços da mulher que a fazia vibrar.
Fiquei ali por um momento, sorrindo sozinho, tentando saborear aquela alegria genuína da minha amiga. E por um instante… só por um instante, o calor da lembrança de Ezra me pareceu mais leve.
Mas só por um instante.
Depois que ela saiu, o silêncio tomou conta do quarto como um véu delicado, e eu me deixei afundar entre os lençóis ainda mornos, com o peito apertado de sensações que eu mal sabia nomear. A penumbra acariciava as paredes com leveza, e eu fitava o teto como quem tenta compreender um céu que mudou de constelação sem aviso.
Havia algo de novo em mim. Algo que não existia antes daqueles toques, antes dos olhares que me despiram mais que qualquer mão poderia fazer. Meu corpo ainda pulsava uma lembrança viva, quente, como se parte de mim ainda estivesse com ele. Talvez estivesse. Talvez sempre estivesse. O tempo parecia desacelerar toda vez que pensava em seus olhos, aquele âmbar profundo, selvagem e gentil ao mesmo tempo, que me fitavam como se eu fosse o milagre mais improvável do universo.
Meus dedos roçavam, sem querer, a pele do meu pulso, onde ele havia deixado um beijo lento, e aquilo era suficiente pra fazer meu estômago se contorcer em doçura. Ele era tão... impossível. Um monumento de homem, como esculpido pelas mãos dos próprios deuses. Todos dizem que a beleza dos vampiros é hipnotizante, mas a dele... a dele é de outro mundo. Não apenas bela, ele era encantamento, era magnetismo, era tormenta e refúgio no mesmo abraço.
“Se não fôssemos almas gêmeas, eu ainda assim me apaixonaria por ele.” pensei, com uma convicção que queimava dentro do meu peito como um brasão gravado em fogo.
Me perdi nesse devaneio por longos minutos, ou horas, talvez. O tempo parecia escorrer como mel pelos meus sentidos, e só despertei quando ouvi a porta se abrir com suavidade.
Evren entrou no quarto com a mesma elegância discreta de sempre. Seus olhos me analisaram com aquele brilho protetor que sempre teve, mas havia uma ternura diferente ali, talvez resignada. Senti o rubor subir em meu rosto de forma automática, envergonhado por pensar que ele talvez tivesse ouvido algo. Ou percebido. Ele sempre percebia.
— Não vou invadir sua privacidade, meu cristal — disse Evren, com a voz calma, grave e afetuosa. — Apesar de ser difícil pra mim aceitar... eu sei que está crescido. Mais cedo ou mais tarde, vai se entregar ao amor.
Aquelas palavras me desmontaram por dentro. Seus olhos não tinham julgamento, apenas uma saudade antecipada. Era como se ele estivesse me entregando ao mundo, mesmo querendo me guardar só pra ele. Respirei fundo, tentando conter a emoção.
— Obrigado, Evren... — falei baixo, olhando para minhas próprias mãos sobre o lençol. — Eu não queria te decepcionar. Só sinto que... já sou dele. É como se meu corpo, meu coração e tudo em mim já tivessem escolhido.
Ele se aproximou, sentando ao meu lado, e pousou a mão sobre minha cabeça com uma delicadeza ancestral. Fechei os olhos ao sentir seu toque, era como quando eu era pequeno, como se todo o mundo pudesse parar só pra me deixar respirar em paz.
— Eu sei, meu doce — respondeu ele, com um sorriso melancólico. — Não se preocupe comigo. Apenas seja feliz... e não deixe que ele ultrapasse seus limites.
Levantei os olhos até encontrar os dele. Havia firmeza, mas também confiança. Evren sempre foi minha muralha, minha fortaleza. Nunca deixou que nada me ferisse.
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✨ A Cura Dourada ✨
Romance✨🌈Vampiro/Magia/LGBTQIA/Hot🔥/RomanceGay🌈✨ Ezra Aiken Vampiro milenar, testemunha silenciosa de impérios que ruíram e luas que se apagaram. Seus olhos viram séculos sangrarem, e seu coração, endurecido pelo tempo, já não pulsava por mais nada...
✨ Capítulo 13 ✨
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