✨ Capítulo 13 ✨

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— De novo? — gargalhei. — Então quer dizer que vocês já se pegaram e você escondeu de mim esse tempo todo? Sua traíra! Eu vou te pegar!

E então começou a guerra. Travesseiros voaram como se fossem projéteis mágicos, e rimos como duas crianças, esquecendo por alguns minutos de tudo que nos atormentava. Eu, por fim, a derrubei na cama e me sentei sobre ela como um guerreiro vitorioso.

— Tudo bem, tudo bem! — disse ela, rindo. — Eu me rendo, você venceu! Vou contar…

— Acho bom mesmo, sua amiga da onça — falei, ainda ofegante e com um travesseiro em punho.

Ela então começou a desfiar a história, os detalhes de como se aproximaram, os olhares trocados, as vezes em que quase se beijaram mas não o fizeram, até que enfim cederam ao impulso. Fiquei surpreso. As duas haviam escondido tudo tão bem que nem mesmo meus sentidos aguçados desconfiaram.

— Sobre ela… — Lyra hesitou, abaixando o olhar. — Tem algumas coisas que não posso te contar. É um assunto muito pessoal e delicado pra ela. Mas… resumindo, foi isso. Agora tô pirando sem saber o que fazer. Não consigo colocar meus sentimentos em ordem. E o pior… não consigo esquecer a pegada dela. Foi bom demais, Mel. Incrível.

— Nossa… — murmurei, recostando na cabeceira. — Nunca diria que você seria tão cadelinha por uma mulher tipo aquela.

— Calado! — retrucou ela, jogando o travesseiro na minha cara. — Vai me ajudar ou não?

Suspirei, tentando organizar meus próprios pensamentos enquanto respondia com calma:

— Tudo bem. Você gosta dela? Gosta da forma como ela te trata quando estão juntas?

— Sim — respondeu de imediato, com os olhos brilhando. — Ela é tão intensa, dominadora… é bom estar com ela. Desde o primeiro beijo ela não sai da minha cabeça.

— Então você já tem sua resposta — disse eu, olhando diretamente em seus olhos. — Mas tem que entender o que te impede de correr agora mesmo pros braços dela.

Ela ficou em silêncio por um momento, os olhos perdidos no teto, refletindo. E então, com a voz mais baixa, confessou:

— Medo. Medo de perdê-la. Ela é imortal, mesmo sendo uma loba. E eu… eu sou apenas uma fada. Vivo muito, sim, mas não pra sempre. Um dia, vou envelhecer. Vou morrer.

Senti meu peito apertar. Entendia aquele medo mais do que ela podia imaginar. Suspirei e toquei em sua mão com firmeza.

— Então você vai continuar com medo? Vai se privar de viver um amor verdadeiro só porque ele pode ter um fim? Lyra… o fim vem pra todos. Mas o que importa é o que se vive até lá. Vai continuar fugindo? Ou vai viver todos os próximos minutos amando e sentindo tudo com a pessoa que o seu coração já escolheu?

Minhas palavras a atingiram como uma flecha certeira. Vi seus olhos marejarem por um instante, mas ela sorriu. Um sorriso leve, corajoso, como se a decisão finalmente tivesse emergido de dentro dela.

— Você tem razão. Eu não vou morrer amanhã… e ela está disposta a viver isso comigo. Por que eu não deveria viver com ela também? Vou aceitar a proposta dela — disse Lyra, determinada, com a voz firme como uma promessa.

— Isso aí, minha fada favorita. Vai atrás da sua mulher — declarei, com orgulho.

Ela se inclinou e me deu um beijo no rosto, seguido de um abraço apertado que me aqueceu por dentro.

✨ A Cura Dourada ✨Where stories live. Discover now