✨ A Cura Dourada ✨

✨ Capítulo 7 ✨

Ela se levantou com elegância e respondeu, com um veneno doce na língua:

— E é por comentários assim que você nunca vai ser o favorito dele.

Eldarion arregalou os olhos, surpreso e ofendido, como se a verdade tivesse sido uma bofetada.

— Calada! — explodiu ele, a voz mais alta do que o necessário, e o clima na sala prestes a incendiar.

Mas antes que qualquer resposta pudesse ser lançada como faca, uma luz. Uma luz intensa. Invasiva. Sobrenatural.

Explodiu no meio da sala como um relâmpago que rasgasse a realidade. Meus olhos arderam na tentativa de se adaptar, e instintivamente levantei um braço para proteger Lúthien, o puxando para perto de mim. O ar vibrou, zumbindo como se mil asas transparentes estivessem batendo ao nosso redor, e por um breve momento, o tempo pareceu parar. Não havia som. Nem respiração. Apenas aquela claridade insuportável nos cegando a todos.

E então, como se um véu fosse rasgado, a luz se dissipou. Ficamos todos imóveis, atônitos, com os olhos ainda piscando, tentando processar o que acontecia.

E lá estava ele.

No centro da sala, envolto por oscilantes faíscas douradas e azuis, surgiu a figura que jamais esperei ver naquele instante. O irmão do meu companheiro — alguém que eu mal tive uma conversa, — materializou-se diante de nós como um anjo caído de outra dimensão.

Sua presença era poderosa. Um manto pesado cobria seus ombros largos, e seus olhos, ao se abrirem, traziam a fúria e o silêncio das estrelas distantes. Ninguém ousava respirar. Merga segurou meu braço com força, e até Eldarion ficou paralisado, sem voz.

Meu coração batia forte, como se quisesse escapar do peito, e só consegui murmurar para mim mesmo, num tom que ninguém ouviu:

— O que diabos está acontecendo?

O que quer que essa aparição significasse, uma coisa era certa: aquela luz havia trazido mais do que um susto.

Ele respirou fundo, firme, como quem acabara de atravessar mil mundos.

— Desculpe a invasão, mas é uma emergência. Eu não poderia esperar. — disse Evren, sua voz densa como trovão abafado.

Eldarion, ainda paralisado e com olhos arregalados, murmurou quase sem ar:

— Puta merda... isso foi incrível.

Mas Evren não se distraiu. Ele olhou direto pra mim, como se o universo tivesse empurrado aquela frase garganta abaixo, e eu tivesse que ouvi-la,  quisesse ou não.

— Meu irmão está em perigo, e você é o predestinado dele. — disse ele. — Ele foi subjugado por um lobisomem, de forma compulsória. Isso o deixa à mercê do vínculo. Somente você pode quebrar esse laço.

O chão sumiu sob meus pés.

Lúthien, com seus olhos arregalados, se encolheu ao meu lado, tentando compreender o absurdo:

— Que loucura é essa...? Ai meu Deus... Papai é a alma gêmea do Melian?

Evren suspirou, com o peso do mundo nas costas.

— Longa história. Também acabamos de descobrir.

Merga levantou-se de onde estava, cruzando os braços, firme como uma sentinela, sua voz gélida e direta:

— Isso é perigoso. Onde o deixou?

— Coloquei sete camadas de proteção em casa. Nenhum lobo pode passar. Qualquer um que tentar... pode morrer. — respondeu Evren, com frieza calculada.