(Sarah narrando)
Horas antes...Nicolas se jogou no banco do carona do meu carro, seu rosto estava marcado pela aflição. A notícia do desaparecimento de Verônica havia caído como uma bomba em seu fim de noite. Deixávamos a pequena quitinete onde ele morava e seguíamos em direção à casa de Verônica.
— Conseguiu falar com Ema de novo? Ela precisa dar notícias. – disse ele, com a voz tensa, enquanto colocava o cinto de segurança.
— Sinto muito, Nick. A Ema não atende o telefone. – respondi. Nicolas bufou, virando o rosto para a janela, visivelmente frustrado.
— O que vai ser da Vanessinha se a Verônica morrer? – murmurou, quase para si mesmo.
— Vamos tentar ser positivos? – dei partida no carro, tentando manter a calma.
— Seu pai vai estar fodido se ele fizer mal pra Verônica. – disse Nicolas, a raiva era evidente em sua voz.
— Nick, eu também estou preocupada, mas prefiro pensar que a Verônica vai aparecer e estará bem. – comentei, tentando injetar um pouco de esperança na situação.
— Vou ligar para Ema. – Nicolas pegou o celular do bolso e procurou o número de Ema na agenda. Tentou várias vezes, mas todas as chamadas caíram na caixa postal. Frustrado, ele jogou o celular no painel do carro. — Que droga! A Ema parece que sumiu do mapa.
— A raiva não vai ajudar, Nick. Melhor aguardarmos a Ema ligar de volta. Ela deve estar ocupada. – falei, tentando acalmá-lo.
***
Me afastei da entrada da casa de Verônica. Nicolas havia entrado para acalmar a mãe de Verônica, que havia passado mal ao receber a notícia do desaparecimento da filha. Felizmente, Vanessa dormia, alheia ao caos daquela noite.
Liguei para Ema novamente e, dessa vez, deixei um recado na caixa postal.
— Amor, por favor, retorna assim que ouvir essa mensagem. O Nick está nervoso e pode acabar fazendo uma loucura. – respirei fundo. — Até logo. Beijo. – guardei o celular no bolso da calça e entrei na casa de Verônica.
Me acomodei no sofá por quase duas horas, chegando a cochilar. Sem notícias, decidi ir até a delegacia onde Ema trabalhava. Nicolas ficou com a mãe de Verônica e a pequena Vanessa, na esperança de que Verônica entrasse pela porta a qualquer momento.
Dirigi por alguns quilômetros, pelas ruas tranquilas da madrugada. A cidade parecia um cenário de filme, silenciosa e vazia, em contraste com a turbulência que sentia por dentro.
Ao chegar na delegacia, encontrei apenas o plantonista, que parecia cansado e desinteressado. Expliquei rapidamente o motivo da minha visita, mencionando o desaparecimento de Verônica e a urgência em falar com Ema. O policial ergueu uma sobrancelha e soltou um suspiro pesado.
— Ema? Ela esteve aqui mais cedo, mas já saiu. – ele mexeu em alguns papéis sobre a mesa, antes de continuar. — Na verdade, ela se desligou da polícia hoje.
Fiquei atônita, a notícia me atingiu como um soco no estômago.
— Como assim? Ela se desligou? – perguntei, tentando processar a informação.
— Foi isso mesmo. Pediu exoneração e deixou o distintivo. — respondeu o plantonista, voltando a olhar para os papéis, como se isso encerrasse a conversa.
Senti um frio na espinha. Por que Ema sairia da polícia justamente agora, no meio de uma crise dessas? Algo não estava certo. A inquietação crescia dentro de mim, enquanto eu tentava organizar meus pensamentos.
YOU ARE READING
DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)
Short StoryEma, uma policial de uma pacata cidade, tem sua vida transformada ao se deparar com Sarah. A presença enigmática de Sarah não apenas surpreende Ema, mas a conduz a um universo inexplorado, onde as algemas não servem para prender criminosos, mas dese...