DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)

Capítulo XCIX

(Sarah narrando)

Juntei-me a Mariana e Daniele em um restaurante situado a poucas quadras da clínica onde Daniele trabalhava. Inicialmente, minha atenção estava totalmente absorvida pelo celular, aguardando notícias de Ema sobre o encontro com seus pais. Não consegui resistir à tentação e acabei enviando uma mensagem. Antes mesmo de poder verificar se Ema havia lido a mensagem, Mariana tomou o celular das minhas mãos, interrompendo minha distração e trazendo-me de volta ao presente.
— Chega. Você está sendo sufocante. – ela disse, confiscando meu aparelho.
— Mari...
— Não. – Mariana guardou meu celular dentro de sua bolsa. — Lembra por que você evita se envolver romanticamente? Você se torna obcecada. E mais cedo ou mais tarde, isso se torna um incômodo, Sarah. Deixe a Ema ter um pouco de espaço longe de você.
— Eu entendo, mas...
— Sem desculpas. Aproveite seu salmão e vinho pensando apenas no presente. Um pouco de egoísmo não faz mal. Vá até a clínica da Dani. Faça uma limpeza de pele, uma massagem, enfim, cuide de si mesma.
— O sermão acabou? – perguntei com um sorriso no rosto, sabendo que Mariana só estava preocupada comigo.
— Tenho horário marcado na clínica às 15 horas. Gostaria de me fazer companhia?
— Uma tarde no SPA? – perguntei.
— Sim, com direito a uma relaxante massagem e um tratamento de peeling. Minha pele precisa de cuidados especiais para mante-se lisa como um pêssego. Seria ótimo ter você me acompanhando para colocarmos a conversa em dia. –disse Mariana com sua característica perspicácia.
— Tudo bem, eu topo. – sorri.
— Faça isso mesmo, Sarah. A nova massagista é incrível. Faz milagres. – disse Daniele, segurando uma taça de vinho tinto.
— As únicas mãos que eu gostaria de ter agora estão bem longe. – comentei. Mariana revirou os olhos.
— Eu gostava mais daquela Sarah que seduzia as mulheres.
— Quando eu fiz isso? – perguntei, intrigada.
— A filha do prefeito ainda deve ter guardada uma calcinha sua. E provavelmente chora abraçada a ela nas noites frias. – Mariana exagerou.
— Você acha mesmo que ela ainda se importa comigo?
— Com certeza. Mulheres magoadas não esquecem facilmente quem as feriu. – respondeu Mariana.
— A Norman já deve ter saído com várias mulheres desde então. – comentei.
— Isso não muda o fato de que você a usou para se aproximar da Ema. – Mariana me encarou.
— Você está me chamando de manipuladora?
— Não é? – Mariana provocou. — Você parece uma cadela de raça perdida, se misturando com os vira-latas.
— Você está insinuando que a Ema é uma vira-lata? – estreitei os olhos.
— Não, mas convenhamos, ela não tem o mesmo status que você.
— Pare com isso. A Ema é melhor do que qualquer outra pessoa que já passou pela minha vida. Incluindo sua amiga Lina. – respondi firmemente.
— Está com ciúmes, Sarah? Meu coração é grande o suficiente para muitas mulheres. – disse Mariana.
— Sério, Mariana Félix? – Daniele interveio, erguendo uma sobrancelha.
— Apenas uma na posição de esposa. – respondeu Mariana.
— E quantas na posição de amante? – questionou Daniele.
— Nenhuma, meu amor. – respondeu Mariana. — Talvez com uma participação especial eventualmente.
— Eu quero uma família, bebês, cachorros... Idas ao parque, cinema e almoços em família. Eu vou cozinhar para você e para nossos filhos. E você vai trocar fraldas e dar muitos banhos. – disse Daniele. Mariana terminou todo o vinho de sua taça, optando por permanecer em silêncio.
— Isso mesmo, Dani. Coloque ordem na casa. – eu disse, abrindo um largo sorriso. — Eu faria o mesmo pela Ema, exceto a parte de cozinhar. Acho que precisaria de algumas aulas de culinária antes de me aventurar nisso. – ri.

***

Mariana e eu nos acomodamos nas duas espreguiçadeiras luxuosas, que pareciam abraçar nossos corpos cansados com seu conforto. O ambiente do spa era verdadeiramente uma obra-prima de tranquilidade, com o aroma delicado dos óleos essenciais pairando no ar, enquanto a luz das velas dançava suavemente pelas paredes, criando padrões hipnotizantes. A música de fundo, suave e melódica, envolvia-nos como um abraço caloroso, induzindo um estado de relaxamento profundo.
Ao fechar os olhos, entreguei-me ao toque habilidoso da massagista, cujas mãos pareciam conhecer cada músculo e tensão do meu corpo. Cada movimento era executado com uma precisão suave e firme, desfazendo os nós de tensão e liberando a rigidez acumulada. Sob seus cuidados atenciosos, cada fibra do meu ser se rendeu ao relaxamento, e uma sensação de paz profunda tomou conta da minha mente, como se todos os problemas e preocupações do mundo tivessem se dissipado.
Após a sessão revigorante, Mariana e eu nos reunimos em uma área comum do spa, nossos corpos envoltos em roupões felpudos. Sentadas confortavelmente, mergulhamos em uma xícara de chá quente, sentindo o calor reconfortante espalhar-se por nossos corpos relaxados.
Enquanto trocávamos conversas despreocupadas, a atmosfera ao nosso redor parecia tingida de uma serenidade contagiante. Cada gole de chá era como um elixir que prolongava a sensação de bem-estar, enquanto nossos sorrisos revelavam a satisfação de termos aliviado as tensões do dia. Em meio às risadas e confidências compartilhadas, eu me senti verdadeiramente nas nuvens, envolto em uma sensação de paz e contentamento que parecia transcender o tempo e o espaço.
— Você me conhece tão bem, Mari. – eu toquei levemente seu antebraço, expressando minha gratidão. — Obrigada pelo convite. Estou adorando passar esse tempo com você.
— A tarde mal começou, ainda podemos dar um trato nas unhas e no cabelo no meu salão predileto. – ela sugeriu com um sorriso.
— Preciso. – respondi com um sorriso, levando a xícara de chá até a boca. A ideia de cuidar um pouco mais de mim, com a companhia da minha melhor amiga, só aumentava a sensação de bem-estar e relaxamento que estava experimentando.