Capítulo LIV

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— Valeu pela carona, Sarah. – Nicolas desceu do carro e acenou para mim ao fechar a porta.
— Almoça comigo? – perguntou Sarah, tocando minha coxa.
— Claro.
— Vamos para minha casa. – disse Sarah, dando partida no carro.
Não demoramos a chegar, e o cheiro que emanava da cozinha anunciava que a comida estava pronta. Sarah caminhava na minha frente.
— Mari? Dani? – ela chamou.
— Aqui. – disse Daniele, sentada à mesa, que já estava posta. Mariana levava uma travessa com bife à milanesa para a mesa. Seu cabelo estava preso em um coque mal feito, e um avental florido protegia sua regata branca.
— Dêem os créditos pelo almoço para a Mari. Eu só fiz a salada. – disse Daniele.
— A Mari cozinha bem melhor que eu. – Sarah comentou.
— Precisamos de vinho. – disse Daniele, se levantando da cadeira.
— Senta, Ema. Vai comer conosco não é? – disse Mariana colocando a travessa no centro da mesa.
— Sim. – respondi.
— A corretora vem ver a casa hoje. Então, eu e a Ema vamos precisar ficar. Eu adoraria que você e a Dani ficassem mais um dia. – disse Sarah.
— Não. – Mariana respondeu retirando o avental. — Já ficamos mais do que o previsto. A Dani tem que ir para a clínica. E eu estou com uma pilha de casos acumulados na  mesa da minha sala.
— O que você tem contra a tecnologia? Pode pedir para sua assistente escanear a papelada e te enviar por e-mail. – Sarah ocupou um lugar à mesa.
— Gosto de sentir o papel entre meus dedos. E prefiro olhar dentro dos olhos dos meus clientes para saber se não estou entrando em uma enrascada. – Mariana sentou ao lado de Sarah.
— Hm, sei. – Sarah respondeu com desconfiança.
— Já estou à beira da insanidade sem o barulho do trânsito frenético e a poluição do ar da metrópole. Eu vou adoecer nesta cidade. – Mariana confessou. Sarah riu.
— Como você é exagerada.
— Eu compreendo. Foi difícil me acostumar com a calmaria de Santa Mônica. Eu estava acostumada com o frenesi de Nova Aurora. E... – respirei fundo. — Estou ansiosa para sair daqui. – sentei de frente para Sarah.
— Nós vamos embora em breve, amor. – disse Sarah, esboçando um sorriso.
— Podemos abrir esse vinho, Sarah? Parece de boa safra. – Daniele se aproximou segurando uma garrafa de vinho tinto.
— É um Cabernet Sauvignon, meu amor. – Mariana se antecipou. — É o mínimo que mereço por vim visitar Sarah nesse fim de mundo.
— Vamos tomar um bom vinho com a sua deliciosa comida. – Sarah se inclinou para beijar o rosto de Mariana. — Minha velha ranzinza. Se eu fosse a Daniele não passaria o resto da minha vida com você.
— Ela pode até encontrar alguém mais bonita, mas não encontrará alguém que a satisfaça como eu. – disse Mariana.
— Preciso concordar, a Mari é extraordinária na cama. – disse Daniele pondo a garrafa de vinho sobre a mesa.
— Não alimente o ego dela, você está criando um monstro. – Sarah comentou.
— E você Ema? Tem treinado? A experiência leva a perfeição. – Mariana me olhava.
— Ela tem feito um ótimo trabalho. – Sarah respondeu por mim.
— Acho que eu e Sarah estamos nos acertando. Temos muito a conversar ainda para melhorar nossa afinidade. – respondi.
— A julgar pelo jeito que ela olha para você, eu diria que você já a tem em suas mãos. E pode tirar dela o que quiser. – disse Mariana. — Mas saiba que estou de olho em você. Não quero que destrua a vida dela.  Ela não precisa de mais alguém arruinando a vida dela. O pai dela já é mestre nisso.
— Não tenho a intenção de fazer mal algum para ela. – respondi.
— Que assunto chato, hein?! Vamos comer e beber para comemorar a nossa volta para Nova Aurora. – Sarah sugeriu.

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora