Capítulo vinte e quatro: de volta?

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•Levi Ackerman.

O caminho de volta para o interior estava tranquilo, saímos antes do sol nascer, então a maioria nem dormiu. Todos estavam com um olhar cansado, todos eles beberam a noite inteira. As olheiras embaixo de seus olhos, o silêncio e os tapas que davam a si mesmos só deixava cada vez mais eminente seu cansaço.
O lugar já não era mais uma cidade, agora era um campo. A grama verde era palco de muitos pássaros que pousavam sobre o lugar. Era um lugar limpo, sem poluição humana. Dava uma certa calma quando olhava os arredores. Aurora também parecia um pouco cansada, apesar disso ainda sorria alegremente com Armin, que acredito ser o único que não bebeu. Eles andavam um pouco à minha frente. Sinto um frio estranho na barriga. Me questiono o porquê. Na noite anterior ela me deixou confuso com suas perguntas, não consegui responder, mas pensei a respeito por um temp...
Um barulho estridente toma meus ouvidos me fazendo recuar com o cavalo. Uma espécie de vidro aparece em minha frente e tenta puxar Aurora e seu cavalo para dentro. Ela começa a gritar e tenta fazer com que o Kuro corra o mais rápido possível, mas ele apenas anda no mesmo lugar e começa a flutuar. Armin não estava mais tão perto dela, o estrondo fez seu cavalo perder o controle. A cada segundo que se passava, Aurora estava mais perto de ser engolida por aquela coisa. Pego velocidade, passando pelo lado daquela espécie de buraco negro de vidro e chego ao seu lado. Solto as rédeas e seguro sua mão, a puxando para mim e em seguida, saindo o mais rápido que posso. O cavalo que Aurora estava montando foi partido ao meio quando aquele portal se fecha, deixando a parte da frente dele para fora enquanto seus órgãos escorriam.

Paro e desço logo em seguida com ela. Seu rosto emitia uma expressão tão assustadora que, até mesmo eu, sentia sua dor. O terror em seus olhos era comum para mim, ela via a sua própria morte milhares de vezes de novo, mesmo que não tivesse vivido. A mesma situação passava pela sua cabeça, e como se não fosse o bastante, ainda via os destroços do cavalo. Vejo lágrimas caírem de seus olhos enquanto suas mãos tamparam a boca. Puxo um dos seus braços e a trago para perto de mim, encosto sua cabeça em meu peito enquanto apertava com força uma de sua mãos. Não me lembrava a tempos o que era sentir desespero na pele. Não sentia medo de perder alguém a tanto tempo. Os sons dos cavalos se aproximam, não tinha percebido que os outros haviam corrido, provavelmente perderam o controle dos cavalos e o resto tentou ajudar, estavam desligados do mundo, com a guarda baixa. Ela se distancia e começa a olhar em volta, limpando seus olhos com o dedo indicador.
- O que foi isso?? - Pergunta Connie.
Me viro para Aurora que está ainda assustada.
- Vamos conversar quando chegarmos no QG. Sasha, leve Aurora com você. Ela acabou ficando sem cavalo. - Os olhares se voltam para o corpo no chão.

...

- Sim, é isso mesmo Armin. Acredito que aquela coisa seja o mesmo portal que trouxe Aurora até aqui, mas dessa vez ele pretende devolvê-la de onde veio. - As pessoas na sala começam a olhar para Aurora, que finalmente havia se acalmado. A questão aqui era que, ou ela ficava aqui, ou deixava aquela coisa engoli-la e levá-la para, talvez, o seu mundo. E repito de novo "TALVEZ". Não era de certeza, foi apenas um palpite. Ela veio aqui sem nenhum motivo aparente, deveria ir do mesmo jeito? Sem nenhuma diferença? Do que foi útil sua vinda então? Respiro fundo.
- Estão dispensados. Não darei tarefas para vocês durante o dia, mas trabalharam o dobro durante a tarde. - Digo enquanto ando até o lado de Aurora. - Quero conversar com você.
Ando até meu escritório e ela vem atrás de mim. Me sento no sofá e a convido para fazer o mesmo.
- Não se preocupe, não chamei você aqui para tomar uma decisão sobre ir embora ou ficar. - Faço uma pausa. - Sei que é algo difícil para você agora, afinal, ficou se questionando sobre isso desde o dia que chegou aqui. - Dou uma pausa maior ainda e como ela não disse nada, continuei a falar. - Aurora, não tenha pressa para se decidir. Aquilo tentará pegar você de volta, mas prometo que não deixarei que toque em um único fio de cabelo seu, até que você se decida. - Pode não parecer, mas era puro egoísmo meu.

- Levi, eu não quero ir. Eu quero... Ficar com vocês. - Ela se vira para mim. Seu olhar parecia preocupado, mas doce ao mesmo tempo. - Eu... Quero ficar com você. - Ela diz enquanto virava seu rosto para frente, quebrando a troca de olhares.
Eu não queria assumir, queria ter tido a coragem para mentir para mim mesmo até acreditar. Mas não podia mais. Eu não conseguia mentir. Eu queria ela para mim, o último incidente deixava claro o suficiente.
Levo minha mão a seu rosto e o viro de volta para mim. Seus olhos brilhavam com a luz da janela em minhas costas. Me olhava com medo e paixão ao mesmo tempo. Ela começa a vir em minha direção antes que eu a puxe para beija-la. Fecho meus olhos quando estamos a alguns centímetros. Sinto sua respiração quente correr da ponta do meu nariz até o resto do meu rosto. Nossos lábios se tocam e sinto o quão macios eles são. A delicadeza em seu beijo se torna tão cativante que sinto que o mínimo movimento faria eles se rasgarem. Sua língua envolve a minha com calma, deixando os sentimentos envolver cada centímetro do nosso corpo. Trazendo arrepios que percorrem a espinha. Até que nos afastamos por falta de ar. Seus olhos se encontram com os meus, preenchendo meu peito com um sentimento que não consigo explicar, mas sei bem o que é. E também sei que ela sente o mesmo, leio isso em seu olhar. Suas mãos adentram meus cabelos e ela mais uma vez volta a me beijar ficando de joelhos no sofá. Coloco minhas mãos em sua cintura e a ajudo a sentar em meu colo.

O beijo passa a ser diferente, mais rápido, mais quente. Sinto meu corpo se mover involuntariamente enquanto suas mãos passam a puxar meus cabelos e arranhar minha nuca, me fazendo arrepiar...
O barulho de batidas na porta nos interrompe e Aurora pula de cima de mim e se levanta. Seu rosto claramente demonstra susto, o que me faz sentir vontade de rir. 
- Capitão, posso entrar? - A maçaneta gira e Eren entra no lugar.

- Você já entrou de qualquer forma. - Digo cruzando as pernas e me virando para ele.
- O que quer? - Foi sorte ele ter batido antes e não entrado de uma vez só como Hange faria.

- Eu... Eu vou... Já terminamos. Pode ficar a vontade Eren. - Ela diz enquanto sai desesperadamente do quarto. Me deixando sozinho com Eren.
Respiro fundo e decido pensar sobre isso mais tarde, quando não estivesse com alguém na minha sala e nem com um sentimento estranho na barriga que está andando para outros lugares no meu corpo.

Estilhaçados Pelo Tempo Where stories live. Discover now