Capítulo dezoito: velho conhecido.

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•Levi Ackerman.

Estava trancafiado no meu quarto, sentado no chão. Não tinha forças suficientes para andar até a cama em minha frente ou ir até a cadeira ao meu lado. Eu só queria sumir. Desaparer. Que pelo menos essa dor sumisse. Nem quando me machuco, nem a dor física, dói tanto quanto isso. Queria voltar no tempo, consertar o que fiz, ter deixado ela me beijar, tê-la abraçado, beijado sua testa e dito que ficaria tudo bem, e não a abandonado. Tive tudo em minhas mãos e deixei cair apenas por causa de um trabalho de merda como esse, por medo de perde-la como os outros, por medo de machuca-la, e agora que diferença fez? Eu a machuquei de qualquer forma, mas pelo menos na primeira opção eu a teria em meus braços, teria aquele sorriso em meus olhos.

Nunca imaginei estar em uma posição como essa. É ridículo, humilhante, mas eu não consigo evitar.
Sentia a porta de madeira tocando em minhas costas, o chão gelado penetrando o fundo da minha alma, escutava o barulho da chuva deixando o clima cada vez mais triste, as gotas de água escorriam pela janela de vidro. A cada segundo que se passava, a sensação lúcida de ter perdido uma chance incrível tomava conta da minha mente.
A frase "Pessoas confusas perdem pessoas incríveis" nunca fez tanto sentido quanto agora.

...

A lua cedia seu lugar ao sol mais uma vez. O quarto passava de escuro e preto a um laranja meio amarelado. O chão ainda se mantinha frio, e eu voltava a minha rotina sem vida. Ainda não podia aceitar, embora já estivesse definido. Uma noite mal dormida não é novidade, meus olhos sempre foram fundos e minha aparência sempre foi rígida e fria. Ninguém perceberia.
Me levanto e vou em direção ao banheiro. Faço minhas necessidades e vou para o corredor.

Apesar das janelas, há pouca luminosidade no local, o que o deixa aparentemente macabro. Olho para o final do corredor e vejo a silhueta de alguém parado. Me pergunto quem seria uma hora dessa e porque estaria acordado. Começo a ir em direção a pessoa, mas ela, vendo meus movimentos, dá um passo para trás. Provavelmente é o Connie, acredito que ele seja o mais medroso em relação a "fantasmas", e olha que é um bom soldado. Vou em sua direção andando cada vez mais rápido, até que a pessoa anda para frente e consigo ver seu rosto por causa da luz de uma das janelas.
- Hange? O que você está fazendo aqui uma hora dessa? - Falo enquanto paro e deixo que ela venha até mim.

- Tenho más notícias.

- E quando a gente teve alguma boa notícia? Diga o que é.

- O pastor Nick morreu, quer dizer, ele foi assassinado no distrito de Trost. O que você acha que a polícia da capital estaria fazendo no sul de Trost? A mão do guarda estava machucada, foi ele quem o torturou até a morte. - Ela estava com raiva, deixava isso bem claro no seu tom de voz.

- Eles queriam as mesmas informações que nos foi dada. Você viu quantas unhas foram arrancadas? - Pergunto.

- Não sei dizer, só vi de relance. - Ela dá uma pausa. - Mas acho que arrancaram todas.

- A maioria das pessoas falariam na primeira, então não haveriam motivos para arrancar as outras. Pensei que ele fosse só mais um velho idiota, mas ele lutou pelo o que acreditava até o fim.

- Vamos acordar os cadetes. Eles precisam saber. - Ela vira as costas e escuto aos poucos o barulho das batidas nas portas, dos passos vindo em minha direção. Sei que é egoísmo pensar nisso uma hora dessa, mas me pergunto como vou ter coragem de encara-la. - Todos vocês, vão para a sala de reuniões.

Me viro antes que possa vê-la e vou para o lugar falado. Me sento na mesa e vejo os outros entrarem. Hange começa a contar tudo que havia acontecido. O silêncio da sala deixa o lugar desconfortável. Aurora estava a minha frente, olhava para baixo pensativa. O cômodo estava bem claro, o sol já tomava conta da sala, deixando o lugar cada vez mais aquecido.

O som da porta se abrindo toma meus ouvidos e vejo Luna entrando na sala.
- Capitão, o comandante Erwin mandou lhe entregar isso. - Tomo o papel em minhas mãos e o leio.

- Peguem tudo que for preciso, não deixem rastros e vistam seus uniformes. - Falo enquanto me levanto da cadeira e vejo o restante das pessoas fazendo o mesmo.

...

Destruindo as portas com violência, derrubando tudo que tinha em frente, chutando as mesas e cadeiras que a pouco estávamos sentados. Essa foi a visão que tivemos de cima do morro.
- Por pouco não nos pegam. - Hange diz.

- O que está acontecendo?? - Eren faz a pergunta que todos sentiam vontade.

- Todas as ações do reconhecimento foram paralisadas. Estão mandando a gente entregar o Eren e a História. - Digo para eles.

- Depois que o Erwin me entregou a carta, vários soldados da polícia militar o prenderam. - Os cabelos vermelhos de Luna eram curtos, como da maioria das mulheres soldadas, menos Aurora, embora agora fosse uma.

- Estão tratando ele como um criminoso!! - Hange estava com raiva. Acho que foi a única coisa que ela sentiu hoje.

- Vamos para o distrito de Trost. - Digo.

- Por que vamos para onde o pastor Nick morreu? - Um dos subordinados de Hange pergunta.

- Precisamos ficar longe do interior. Com os acontecimentos recentes, Troste deve estar uma bagunça. Vai ser fácil de entrar. E se precisarmos, podemos usar isso livremente. - Levanto a capa marrom-acinzentado e mostro o DMT. - Vamos descobrir quem está por trás disso. Hange, me empresta alguns dos seus soldados?

- Claro. - Ela para e pensa um pouco com a mão no queixo. - Eu vou atrás do Erwin. Moblit, você vem comigo. O resto vai com o Levi. - Ela se vira para subir no cavalo, mas é impedida por Eren.

- Hange, me lembrei mais cedo de uma conversa entre a Ymir e o Bertholdt. Não tive tempo de falar, mas escrevi tudo aqui. - Ele a entrega um papel dobrado.

Ela sai em seu cavalo junto com seu subordinado.

- Se preparem, a caminhada vai ser longa. Acredito que tiveram treinamento para isso. - Agora as coisas vão ser diferentes. Tudo está mudando e esse é apenas o começo.

...

??? - Eles certamente se movem rápido. Aquele nanico não brinca mesmo em serviço.

??? - Vocês se conhecem?

??? - É um velho conhecido.

_______________________________________________Olá, de novo. Desculpem, eu acabei ficando sem internet por dois dias. É. DOIS DIAS. Mas vou ser sincera, não escrevi nós outros por pura preguiça. Obrigada pela não compreensão e eu deixo vocês me xingarem dessa vez. Eu mereço.

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