Prólogo

85 10 7
                                    


•Levi Ackerman

Estava voltando de uma missão a cavalo. A noite era fria, por sorte, havia trazido minha capa e usava roupas pesadas. A lua, meio amarelada, iluminava bem o caminho por onde eu seguia. Não estava correndo, a tempos esperava pela oportunidade de estar sozinho para pensar um pouco, o que é impossível naquele lugar. O barulho de soldados treinando lutas, o tintilar das espadas, os cascos do cavalo batendo no chão enquanto correm, um bando de idiotas se gabando por terem entrado no reconhecimento, outros se lamentavam por terem praticamente assinado sua sentença de morte.

- Que irritante. - digo pra mim mesmo enquanto faço o cavalo ir um pouco mais devagar. Estava estressado o suficiente para não querer chegar nunca em casa, se é que dá pra chamar aquilo de casa.

A missão havia sido um sucesso, não que fosse muito difícil, até um cadete poderia cumpri-la sem problema algum. Pedi eu mesmo para ficar encarregado dessa missão, não aguentava mais um segundo aquela "quatro olhos" no meu pé por causa da Petra.

Uma das melhores do meu esquadrão, escolhida por mim, como todos que também fazem parte. Ela sempre foi muito carinhosa comigo e com os outros também, talvez eu tenha sido menos rígida com ela, mas isso não significa que a deixo em vantagem sobre qualquer coisa. Ela ainda é uma soldada, e terá um futuro brilhante... Se não morrer antes de chegar lá.

Para falar a verdade, tenho pena dela, esse carinho que sempre demostrou comigo deixa bem claro o que ela sente por mim. Embora nunca tenha me dito.
Eu não sinto o mesmo por ela, a tempos não sinto isso por ninguém.
- Amor, que besteira. Soldados não podem ter isso, não depois de ver tudo que já vimos. Todas aquelas mortes, a imagem dos nossos companheiros sendo comidos ainda vivos. Isso não é algo que possa ser esquecido. Por isso nunca nos apegamos a ninguém, porque sabemos que iríamos perdê-los.- Sinto uma tristeza tomar meu peito, como uma agulha furando meu coração de todas as direções possível.

Ando mais um pouco, tentando tirar esses pensamentos da minha cabeça.
Isabel... Farlan...
Por um momento eles se esvaem de uma vez só quando me assusto.

- Mas que merda! - O cavalo começa a se desesperar e levantar as patas da frente. Seguro firme o cabresto para não cair e tento controlá-lo. O acalmo um pouco antes de descer.
Meu coração ainda está um pouco acelerado, nem sei mais se foi pelo susto ou pelos meus sentimentos, mas não deixo isso se envolver na minha cabeça. Tomo partida e começo a olhar ao redor, para onde o karu viu algo que o fez se assustar, porém não vejo nada além da bela paisagem que me cerca. Ando um pouco para à frete e dou de cara em uma parede invisível.
- Que porra é esse? - Caminho alguns passos para trás por causa da batida. Coloco a mão na testa, onde sinto os calos de minhas mãos e um pequeno "galo" crescendo sobre ela.

Estico a minha mão direita e consigo tocar em algo, mas não vejo nada além do lugar que estaria à frente. O chão envolto pela grama agora um pouco amarelada por causa da luz da lua, algumas pedras na beira da estrada de terra pelo qual eu andava com meu cavalo agora pouco. E é claro, as ilustres estrelas que enfeitam o céu durante aquele noite, percebo agora que não as observo a bastante tempo.
- Estive tão ocupado ultimamente. Queria que esse trabalho tivesse algum tipo de férias.

Será que fiquei louco de vez? 

Em um único segundo a parede quebra, alguns cacos de vidro voam ao meu redor e sinto um deles atravessar a palma da minha mão. O reflexo de um quarto com as paredes lilás neles o tornam cada vez mais irreal. A dor que sinto, não só na minha mão, responde bem o meu questionamento de agora pouco.
Sinto algo se debruçar sobre meu corpo, algo pesado o suficiente para que me fizesse perder o equilíbrio e cair direto no chão, que agora percebo estar cheio de pedras.
A queda doeu bastante. Minha visão se embasa, a última coisa que vejo são alguns fios de... Cabelo... Castanho.

Estilhaçados Pelo Tempo Where stories live. Discover now