Capítulo treze: Pura confusão.

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•Aurora.

Eu não sabia se era só adrenalina, mas sentia que poderia derrubar o mundo se eu quisesse. E eu queria.
Eu não tinha pensado direito, não tinha me questionado, mas depois dele ter se aproximado daquele jeito eu tive a certeza. Eu gostava desse babaca. E ele me dispensou.
Por que fez isso? Eu queria tanto beijar-lo e sei que ele também queria. Então por quê?
Ele deveria ter um motivo, eu sei disso. Mas minha raiva era maior que meu raciocínio.

Jean, que antes estava no chão, já havia se voltado para a cozinha a pedido do Levi.
Ele queria ficar sozinho comigo? Mas para quê? Ele estava em posição de combate, era óbvio que eu perderia. Então o que estou fazendo aqui?
Ele se aproxima de mim, e marca um chute em minha direção. O seguro, mas logo em seguida ele tenta me dar um soco com a mão esquerda. Me abaixo para desviar e sou recebida com uma rasteira.
Desgraçado! Como consegue ser tão rápido?
Pulo, mas não adiantou nada já que ele chutou minha barriga tão forte que tenho a impressão de ter voado alguns segundos antes de bater no chão.
Ele sobe em cima de mim e começa a me socar.
A dor era imensurável.
Tento para-lo, mas ele segura as minhas duas mãos só com a sua esquerda. Ele continua com os socos, sem dar uma única brecha. Não que eu conseguisse me desvencilhar dele.

Depois de alguns segundos ele para. Eu sentia o sangue quente escorrendo pela minha boca. Só agora pude ver seu rosto. E olha que surpresa, estava com a mesma expressão fria de sempre. Ele se levanta e imagino o quanto eu estou sendo humilhada.
Como suas pernas estavam do meu lado, as duas bem separadas, eu acabei que por um momento de raiva e impulso deu um chute no seu saco. O que fez ele cair no chão com as duas mãos lá.

- É, parece que o grande Levi Ackerman também tem um ponto fraco. - Limpo o sangue quente que escorria pela minha boca, e agora também pelo meu nariz.

- Desgraçada!!! Eu vou matar você, pirralha!!! - Ele estava se levantando. Comecei a sentir medo, quem não sentiria?
Eu ia morrer, certeza. Mas pelo menos dei uma porrada nele.
Levi começa a andar em minha direção com fogo nos olhos, eu estava prestes a sair correndo, mas decidi manter minha postura e fico lá o encarando. Ele se aproxima, ficando a menos de meio metro de mim.
- Na minha sala, agora. - Vira as costas e sai. Sinto a dor em minhas costelas e barriga, era como se elas tivessem se dissipado por um momento, mas agora estavam todas de volta e me torturavam.

...

Havia passado na enfermaria antes de ir ao escritório do Levi. Depois que eu falei que tinha lutado com o capitão ela perguntou como eu havia saído viva. Nem eu sei. Ela me limpou e me deu uma gaze para estancar o sangramento no nariz. Não estava quebrado, ainda bem.

Paro em frente a porta do escritório e respiro fundo. Sendo sincera, não estava nem um pouco afim de entrar ali, mas se eu não fizer vai ser pior.
Bato na porta e espero a resposta. Entro e vejo ele sentado em sua mesa mexendo em alguns papéis que nunca entendi o que são.
- Demorou. - Ele fala com a voz seca.

- Eu passei na enfermaria. Olha, foi mal pelo chute.

- Não se preocupe, o motivo não é esse. - Levi solta as folhas, levanta da cadeira e vai em direção ao sofá. Eu apenas o acompanho com o olhar. - Venha, sente-se. - Faço o que ele manda.

Do lado do sofá havia uma lixeira de ferro onde jogo a gaze depois de ver que o sangramento tinha passado. Me sento na outra ponta do sofá com um dos pés apoiados sobre ele e recebo uma carranca do Levi.
Chato.

- Eu pensei um pouco e cheguei a conclusão de que você... - Ele está relutante em dizer, não olhou para mim em nenhum momento desde que entrei. - ...você tem o direito de saber. - Ainda fixava seu olhar para a parede em sua frente.

Eu já sabia do que se tratava.
- Então diga. - Eu queria uma resposta. E queria muito.

- Eu não posso me relacionar com ninguém. Isso poderia vir a ser prejudicial para a tropa, principalmente agora que você também é um membro. Já seria ruim eu ter algum tipo de relacionamento, e pior ainda quando a pessoa faz parte do meu trabalho. - Era ridículo. Seu olhar frio esconderia muito bem seus sentimentos, mas dessa vez, por causa dos acontecimentos recentes, eu sabia que não era exatamente aquele o motivo. Ele se culpava. Era muito peso para a consciência de alguém, ele não deveria ter que passar por isso. Ninguém deveria.
Será que eu conseguiria fazer ele relaxar seus ombros? Nem que fosse por alguns minutos. Será que eu conseguiria fazer ele parar de pensar um pouco?

- Ei, Levi. - Ele olha em minha direção, me aproximo dele e consigo ver seu olhar se direcionar para minha boca. Eu estava de joelhos no sofá, por causa disso estava mais alta que ele. Seu olhar estava cheio de desejo. Me aproximo mais ainda e o beijo.
Só um selinho, mas Levi me puxa com força antes que eu pudesse conseguir me afastar. Sua língua se entrelassa com a minha, suas mãos apertavam seu rosto contra o meu e puxavam meus cabelos. Todo o desespero que suas mãos mostravam era o completo oposto de seu beijo. Era lento, dava para sentir cada movimento que ele fazia dentro da minha boca. Eu não imaginava o quanto queria aquilo até sentir. Era como se eu tivesse vivido a minha vida inteira só para chegar a esse momento.

Ele interrompe o beijo e levanta do sofá colocando a palma da sua mão na testa enquanto levantava sua cabeça e olhava para o teto.
- Eu não quero isso. - Ele falou.

- Então por que colocou a língua? - Seu olhar se volta para mim e ele revira os olhos logo em seguida. - Ah, vai. Não foi tão ruim assim. Você não parecia querer parar.

- Dá para você calar a boca.

- Se não o que? - O desafio. Ele estava olhando para a porta. Queria sair? - Não seja tão seco. Eu só... Queria... Sei lá. Enfim, deixa quieto. - Me levantava do sofá e vou em direção a porta. Não posso continuar com isso, vou acabar me machucando. Acho que já me machuquei na verdade.
Giro a maçaneta da porta, mas Levi a empurra.
- Será que dá para você decidir logo!! Que inferno. - Ele vira meu corpo em sua direção e me empurra me fazendo bater na porta. Uma de suas mãos vai direto em minha cintura puxando meu corpo mais para perto do seu enquanto sua outra mão mais uma vez estava em meus cabelos me forçando a beija-lo.
Ele para, sem ao menos deixar acontecer por um minuto. Olhava em meus olhos e tenho certeza que ele pode ler minha mente.

- Precisamos nos apressar para a reunião com o Erwin. - Ele abre a porta em minhas costas e sai. Acabo ficando lá por alguns momentos.
O que isso significa? Eu não entendo. Foi pena? Ou ele... Quer alguma coisa?

Estilhaçados Pelo Tempo Where stories live. Discover now