Capítulo vinte e um: capela.

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•Aurora.

Estávamos a caminho da capela, Hange encontrou a gente e nos deu as notícias. O comandante foi solto e os falsos monarcas foram presos. Isso é bom.
O bater das carroças era um pouco irritante, mas não era hora para pensar nisso.
Hange estava ao meu lado contando tudo que havia acontecido e mais algumas coisas sobre a família Reiss. O restante escutava atentamente, mas eu estava desligada. Presa em minha própria mente, me forçando a voltar a realidade. Mas qual das realidades? Me perguntou se tudo que vivo nesse momento é realmente verdadeiro. Será que eu entrei em coma? Morri? Enfim, não é lugar para ter esse tipo de pensamento. Verdadeiro ou não, eu já percebi que posso me machucar e tenho a oportunidade de salvar as pessoas, ou pelo menos tentar.

- Chegamos. - A carroça para e todos descem. Armin começa a apresentar o plano para os outros membros do esquadrão que estavam em outros cavalos.
Começamos a nos mover e entrar no lugar. A princípio, parecia apenas uma igreja comum, paredes de pedra, um altar na frente, alguns bancos cheios de poeira já que a tempos ninguém os usava, tochas presas as paredes. Até que uma entrada perto do altar é vista. Uma escada levando lá para baixo, nossos olhares se cruzam e seguimos a diante, mas antes, pegamos os equipamentos necessários. O silêncio pairava sobre o lugar, uma das poucas vezes que vejo o Jean sem falar merda. Em certo momento, o lugar sai de apenas pedras e passa a ser um cristal azulado e himpnotizante. Os olhos de todos começam a brilhar, inclusive os meus. Aquilo não era só belo, era mágico.

- Vão para suas posições!! - Grita Levi.
Começo a usar meu DMT e vou para cima de um pilar feito com esses mesmos cristais. Olho a minha volta e vejo Levi, que claramente estava me encarando. Acabo me lembrando da conversa quando decidimos o plano.

"Armin - Aurora fica junto com os outros no ataque, ela é boa com o DMT e parece ficar mais forte a cada vez que usa as espadas.

Levi - Ela não pode ficar no ataque.

Hange - Ué, por quê?

Levi - Porque precisamos dela viva, não deveríamos ficar arriscando assim.

Hange - Dá um tempo Levi. Se duvidar, ela derruba você tranquilamente"

A frase de Hange havia sido feita apenas para descontrair. Bom, no fim acabei fazendo parte do ataque do mesmo jeito. Não fez diferença, e sendo sincera, apesar de lembrar daqueles olhos, não aguento mais ficar parada e ser um peso morto. Se para conseguir o improvável, eu precise vencer o impossível, usarei de coragem para não arredar diante do que os outros chamam de obstáculos. Afinal, pra que serviria todas as aulas do capitão?

Começo a escutar o barulho dos DMTs novos do inimigo e me preparo. Eles entram e as bombas de fumaça são atiradas. Se eu não tivesse visto eles antes, provavelmente mataria um dos meus companheiros. Era quase impossível de enxergar. Um dos homens que avistei se manteve no mesmo lugar, em um pilar a minha direita. Pulo e prendo meu gancho no lugar próximo a ele. Uso o peso do meu corpo para ganhar impulso e corto seu peito. Acabo não olhando para trás para averiguar, pois uma mulher de cabelos vermelhos começa a atirar em mim. Me escondo entre a fumaça e chego por suas costas, cravando a espada na mesma antes que percebesse minha presença. Deixo seu corpo cair no chão e me misturo a fumaça mais uma vez, preparando meus olhos para a próxima pessoa.
Olho em volta e vejo Mikasa matando três de uma só vez, me pergunto o que a pessoa que escreveu Attack On Titan tinha na cabeça. Estava drogado, só pode.
Ao lado esquerdo vejo Hange se divertindo como se estivesse em um parque de diversões, meio que o DMT é quase um bungee jump. Até que ela leva um tiro e começa a cair.
Droga!!!
Talvez fosse sorte, ou algo sobrenatural, só sei que, naquele momento, nunca tinha me movido tão rápido quanto agora. Foi quase que instantâneo. Ela não chegou nem na metade do caminho para o chão e eu já havia pegado-a em meu colo. Usei o DMT e pousei poucos segundos depois enquanto ouvia os outros gritarem para evacuar. Armin corre em minha direção e me ajuda a carrega-la. O lugar começou a desabar. Estava caindo sobre nossas cabeças.
- Temos que tirá-la daqui. - Armin grita para mim enquanto passa o braço de Hange sobre seu ombro. Apesar do barulho ensurdecedor, consigo entender o que ele diz e começo a andar.
O resto do esquadrão foi mais ainda para dentro da caverna, porque precisavam salvar o Eren. Sinto uma vontade imensa de ir com eles, mas nunca conseguiria abandonar Armin e Hange. Permaneço firme até que finalmente chegamos ao lado de fora. A capela se destrói completamente, deixando impossível a passagem de volta, pelo menos não por aquele mesmo buraco.
- E agora? Como vão sair de lá? - Me viro para o loiro que está usando algum tipo de pano, que não sei de onde tirou, para estancar o sangramento da mulher deitada no chão.

- Eles vão dar um jeito, não se preocupe. Esse negócio é velho, com certeza há muitas outras saídas. - Ele fala com sua voz calma de sempre, o que me deixa a ponto de surtar.

- Então vou procurar essas passagens. - Sinto uma pequena pontada na perna, mas não do importância, tinha coisas mais importantes.

- Espera, não é uma boa ideia. O chão pode desmoronar e você não vai ser rápida o suficiente para conseguir sair. - Olho para ele, mas um barulho alto vindo daquela direção chama minha atenção. Vejo Sasha saindo de um buraco recém formados no chão. Corro na direção e começo a puxa-la para fora. Em seguida vem Connie, Jean, Crista, Eren, Mikasa e por fim, Levi.
- Precisamos sair daqui agora mesmo!!! - Ele grita enquanto aperta minha mão para sair do buraco. Vejo o chão começar a cair e algo tenta se desvencilhar dos escombros. Levi aperta meu braço com sua mão e começa a correr.
Vejo todos fazerem o mesmo e quando finalmente conseguimos uma distância segura, encontramos Erwin, Pixis e mais alguns soldados. Olho na direção que vinhemos e meus olhos encontram um titã enorme. Com certeza, o maior já visto pela humanidade, passando até do titã colossal. Ele estava saindo do buraco e se arrastando em direção a muralha.
- Aquele é o Lord Reiss. - Levi aponta para o Tita. Erwin faz uma expressão de confusão, mas logo entende o que está acontecendo e passa a dar ordens aos soldados. Sinto uma leve pontada no meu pulso e percebo que o capitão ainda o apertava.
- Aurora, sua perna... - Ele diz e quando olho para baixo vejo a mesma coberta por sangue. Não entendia o que havia acontecido. Não lembrava de nada disso. Quando eu levei um tiro??
Nem sequer dor eu estava sentindo. Até agora pelo menos. Sinto algo corroer ela por dentro, como facas sendo enfiadas aos poucos dentro dela. Um sentimento de ardência toma conta da mesma e passo a me sentir fraca.
- Ei, ei, calma. - Acabo me desesperando e perdendo o equilíbrio. Levi passa minha mão esquerda sobre seu ombro e me pega no colo. Minha visão fica embaçada e cada vez mais preta. O mundo vai sumindo, junto com os barulhos que estavam quase fazendo meus ouvidos sangrarem. Sinto meu corpo sendo posto em uma superfície dura. A última coisa que vejo é o rosto de Levi, não consigo identificar sua expressão, mas pela sua voz, ele parece preocupado. Até que... Tudo se torna apenas o nada.


Estilhaçados Pelo Tempo Where stories live. Discover now