Capítulo quinze: um dia normal pra lá de anormal

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•Aurora.

Já faz duas semanas desde a reunião com o Erwin. As visitas da tenente Hange e de alguns engenheiros ficaram cada vez mais recentes. Eu fiz o projeto das lanças de trovão que eles mesmos fariam daqui a um tempo. Assim, poderiam ter acesso a elas muito mais rápido. Isso ajudaria bastante.
Contam comigo para ajudar na tecnologia, mas não é como se eu soubesse de tudo. É difícil, mas posso ajudá-los com o que sei. É pura sorte eu ter o mínimo de curiosidade para saber como funcionam as coisas, por causa disso vou conseguir criar e fazer o que já existe no meu mundo.
Os novos membros do esquadrão do Levi já estavam cientes do que acontecia, já sabiam de onde eu vim. Todos ficaram de boca aberta, mas depois se recompuseram. Foi muito engraçado vê-los daquele jeito. O cara de cavalo, como chama Eren, me encheu de perguntas enquanto a Sasha ficava me cutucando. Armin ficava sorrindo, nunca havia reparado no quão fofo ele era. Seus olhos me lembravam muito os do Comandante. Na verdade, lembrava o Erwin por completo, principalmente no caráter. Era excepcionalmente inteligente, e por isso estava me ajudando nos projetos. Por causa disso, passávamos a tarde inteira juntos, ele era muito legal. Compartilhava seus sonhos sem medo ou receio. Me perguntava se realmente existiam e como era, qual era a sensação. Ver seus olhos brilharem foi muito incrível. Neles existiam a esperança que os meus nunca puderam demonstrar.

Levi me expulsou do quarto dele. Quer dizer... Ele falou as seguintes palavras: "Você já é uma dos membros do meu esquadrão. Já tem minha confiança e quando conseguir um corte descente vai poder ir nas missões junto conosco. Embora o Erwin não goste muito da ideia, eu acredito que isso seja essencial. Mas não se preocupe, nada vai acontecer com você, eu não vou permitir. O único motivo por você dormir no meu quarto era para que eu te vigiasse, mas como isso não é mais necessário, pode ir embora."
Ele fechou a porta na minha cara logo em seguida. Acho que ele queria isso a muito tempo, e agora, por causa de tudo que aconteceu entre a gente, ele deve querer mais ainda. Sinceramente, não sei como reagir quando estou perto dele. Ainda é muito estranho. Mas ele parece lidar bem com isso, o que me desanima muito.

- Aurora? Tudo bem com você? - A voz doce e gentil de Armin me tira do transe. Olho para ele e encontro seus lindos olhos demonstrando preocupação.

- Estou sim. - Dou um sorriso. - Só estava um pouco perdida em meus pensamentos. - Ele assente com a cabeça e se volta para a mesa coberta por papéis cheios de cálculos e desenhos. Se eu não estivesse acompanhando ele durante todo o processo, não entenderia absolutamente nada. A sala era bem espaçosa, precisava ser assim. Pelo contrário, não conseguiríamos fazer os testes. Estávamos só nós dois hoje, se precisamos de ajuda poderíamos pedir a os outros presentes no QG.
- Ei, vocês dois. É hora da pausa para o almoço. - Connie aparece na porta.

- Aheeee, finalmente. Tô morrendo de fome. - Digo sentindo o alívio nas palavras dele.

- E quando é que você não está com fome? Daqui a pouco vai estar igual a Sasha. - O de cabelo raspado comenta.

Nós três rimos um pouco e caminhamos até às mesas próximas à cozinha. Me sentei com os mais jovens, tendo ao meu lado Armin e Mikasa. Levi não almoçava com a gente, não sabia onde ele ficava. Nós o chamamos várias vezes, mas ele não aceitou nenhuma vez. Me pergunto se o motivo sou eu. Ou se ele apenas não gosta.
- Quem preparou o almoço hoje? - Jean pergunta.
História levanta a mão e em seguida aponta para Eren. Estava mastigando a comida, por isso não falou.
- É por isso que está horrível. O Eren colocou a mão. - Diz Jean novamente tirando um sorriso de quase todos na mesa.

- Cala a boca, idiota. - Ordena Eren.

- Cala a boca você!! - Diz Jean.

- Vocês brigam igual um casal. - Estava me irritando já com eles.

- Fica quieta na sua, Aurora. - Jean mostra levanta sua mão para mim dando sinal para que eu parasse.

- Que foi Jean? Tá afim de levar outra surra? - Retruco.

- Hou, que barulheira irritante. Vocês não conseguem parar de brigar por um segundo? - Levi estava andando em nossa direção com a mão na cabeça.

- Desculpa, capitão Levi. - Os dois, Eren e Jean, abaixam suas cabeças e voltam a comer.

Levi se volta para mim. Seu olhar frio havia voltado ao normal.
- Como estão os projetos?

- Está tudo bem. - Minha voz acaba saindo mais fria do que deveria. Duas semanas e eu ainda não consegui superar ele. Eu preciso parar com isso.

Ele não me responde, apenas pega seu prato de comida e sai. A sala permanece em silêncio por alguns segundos. Queria que aqueles dois voltassem a brigar, era melhor do que isso. Como ele consegue controlar tão bem as pessoas? Com o resto dos soldados eu entendo, eles tem medo. Mas como pode controlar tão bem minha mente? Basta apenas um olhar e meu coração volta a ficar acelerado como se eu tivesse corrido uma maratona. Mas o fato de não poder tê-lo, me destrói. Me enche de raiva. Eu deveria ao menos ter feito o beijo durar mais.
Que merda eu tô pensando? Respiro fundo e deixo meus pensamentos de lado.
Não é hora para isso.

O almoço passou normalmente, em seguida fui ajudar a lavar a louça e arrumar a cozinha. O treinamento aconteceria daqui a pouco, era o de corte. Apenas eu participava dele, era a única pessoa ali que não conseguia fazer de forma decente.

Já estava em cima de uma árvore esperando o sinal do Capitão. Ele me julgava em todos os treinos. Era irritante o seu olhar.
O sinal de fumaça verde é acionado.
Dou um salto e prendo um dos ganchos em uma árvore a esquerda, uso meus pés para pegar impulso e logo em seguida me atiro para frente de novo, dessa vez mais rápido. Os movimentos passam a ser leves e tranquilos, mas tento manter ao máximo a velocidade. O primeiro titã é avistado (feito de madeira e com algo que parecia pele de titã na nuca). Tem cerca de sete metros. Prendo os ganchos na árvore ao lado e uso como impulso para pegar velocidade enquanto giro meu corpo para a direita. A nuca é cortada, porém não é muito fundo. Seria o suficiente para matar, mas ainda sim é pouco. Talvez eu esteja sendo muito "Levi".

Uso o gás para voltar a velocidade e começo a ir cada vez mais rápido. Outro titã é visto, estava de lado. Perfeito. Uso o gás e vôo em direção a ele. Seguro as espadas com força até sentir minhas mãos doerem, dessa vez sem medo do gás acabar. Prendo um gancho na cabeça do titã e corto sua nuca. Acabo perdendo um pouco o controle, mas me penduro na árvore usando o cabo do DMT e não caio do chão. Olho para o corte e sinto orgulho.
- Então era só apertar minhas mãos até elas quase sangrarem? - Penso alto.

- E manter os braços rígidos. - Levi aparece no chão com o DMT. Estava me vigiando o tempo todo.

- Podia ter falado então.

- Mas eu disse. - Era mentira. Ele nunca disse. Apenas me mostrou como se faz e entregou as espadas. E assim ele esperava que eu aprendesse. Talvez realmente estivesse me tratando como uma Ackerman. - Eu quero testar uma coisa com você. Estive pensando no dia que você me deu um chute. Você não só copiou a posição da Annie, fez exatamente igual os seus movimentos. Como sabia disso se nunca a viu lutando? - Sua pergunta mexe um pouco comigo. Era algo realmente interessante.

- Eu não sei. Apenas fiz o que meu corpo mandou. Extremamente igual agora. Talvez seja alguma memória. - Respondo.

- Impossível. Aqueles movimentos não se aprendem apenas com o olhar. Você precisa treinar até conseguir. É por isso que quero você no meu escritório hoje depois do jantar. Se minha ideia estiver correta, você vai precisar ir em uma missão urgentemente. - Fico chocada com sua fala. O que será que ele quer?

Estilhaçados Pelo Tempo Where stories live. Discover now