- Não entendo... - a jovem parecia confusa. - Me mandaram fazer tudo que você quiser.
- Quem disse isso para você? - questionei.
- Não posso contar. - ela abaixou a cabeça, fitando o chão.
- Angelina?! Eu vi você no mesmo grupo que ela. Foi Angelina que te enviou para cá? - indaguei, com firmeza. A jovem ficou em silêncio. Decidi então ir até Sarah. Estava pronta para ir embora, aquilo tinha sido a gota d'água para mim. Abri caminho entre os convidados, sem me preocupar com as boas maneiras, tão furiosa estava. Ao entrar na cozinha, percebi que Sarah não estava lá, apenas o silêncio reinava, quebrado apenas pela presença solitária de um copo de água derramado sobre a mesa. Um sinal de alerta disparou em minha mente, e sem hesitação, chamei por Sarah. - Sarah! - exclamei, percorrendo a cozinha com o olhar, até perceber a porta da despensa entreaberta. Um grunhido saiu de lá, fazendo meu coração saltar. Corri para o local e escancarei a porta. A visão que tive me revoltou. Angelina encurralava Sarah em um canto, uma de suas mãos tapava a boca de Sarah, enquanto a outra pressionava o seio esquerdo. Sarah não parecia confortável e tentava afastar Angelina com os braços. Avancei na direção delas e puxei a parte de trás da roupa de Angelina. Quando ela se virou para mim, a surpreendi com um soco, fazendo-a derrubar alguns enlatados ao colidir com algumas prateleiras.
- Aaiii... Perdeu o juízo, Ema? - Angelina reclamou.
- Ema... - Sarah fechava a roupa com uma expressão de medo no olhar.
- O que estava acontecendo aqui? Quem pode me explicar? - questionei, irritada.
- Não é óbvio? Essa vadia passou a noite me provocando. - disse Angelina.
- Não, isso não é verdade! - Sarah contestou. - Ema, você sabe que não fiz isso. Eu estava com você.
- Você está tentando me jogar contra a Sarah? Como pode ser tão suja? - indaguei, revoltada.
- Qual o problema em compartilhá-la comigo? - Angelina indagou, conferindo o canto da própria boca, onde havia um pouco de sangue.
- Cale sua boca! - ergui a mão, mas contive o impulso antes de acertar o rosto de Angelina. Eu estava à beira de perder o controle, e se isso acontecesse, as consequências seriam drásticas.
- Você nunca será uma dominatrix, e sinceramente, não consegue controlar a Sarah. Por isso, senti-me no direito de fazer o seu trabalho. Eu daria prazer a Sarah se você não tivesse me atrapalhado. - Angelina respondeu, recompondo-se.
- Ema...
- Agora não, Sarah! - interrompi. - Agora, meu assunto é com essa cretina. - encarei Angelina. - Você enviou uma mulher para me distrair enquanto tentava violentar Sarah, é isso mesmo?
- Ema, seja razoável. Sarah não é virgem, e além disso, ela sente prazer em ser tomada com força.
- Eu não te dei consentimento para isso. - disse Sarah. - E você me atacou.
- Não minta. Você me deu autorização para isso. - disse Angelina. - Sem seu consentimento, eu jamais teria feito nada disso.
- Não tente me culpar. Você sabe muito bem que qualquer poder que tinha sobre mim acabou quando assumi meu namoro com Ema. - Sarah explicou.
- Você não deixou isso claro, e... - Angelina me olhou. - Você deveria se acostumar com esse tipo de situação, Ema. Sarah é uma vadia, usa o sexo para conseguir o que quer das pessoas. Fez isso comigo, com aquela garota da sua cidade e com você. Não percebe que ela te controla? - disse Angelina, alimentando ainda mais minha irritação.
- Ema, eu juro que não fiz isso. - Sarah disse, segurando o choro.
- Seu colo... - notei que o colo de Sarah estava arranhado. Seus olhos marejados e a expressão de tristeza em seus olhos fizeram meu corpo tremer de raiva.
- Que fique claro, Ema. Eu não tentei violentar Sarah. Só fui um pouco enérgica, entende? - um pequeno sorriso brotou nos lábios de Angelina. - Vai chamar a polícia para mim por causa de um mal entendido? Ou vai me prender você mesma? Ainda pode fazer isso?
- Sua sorte é que não quero sujar minhas mãos com seu sangue. - respondi baixo, soltando uma respiração lenta.
- Que climão, hein?! Vamos voltar para o salão. Eu te desculpo pelo soco, sei que foi um mal entendido.
- Não me desculpe. - direcionei um olhar pesado para Angelina e fechei os punhos. - Se tocar na Sarah novamente, ou mesmo olhar para ela, vou garantir que precise fazer uma reconstrução facial.
- Nossa... Precisa disso tudo? - Angelina parecia não me levar a sério.
- Ema, vamos embora, por favor. - Sarah insistiu, se aproximando de mim. - Eu estou bem, eu juro.
- Você me ouviu, Angelina. Nunca mais ouse se aproximar da Sarah. - falei, tentando manter o controle. Eu queria desfigurar o rosto daquela mulher cínica.
- Ei! Aqui está mais divertido do que a minha festa de noivado? - disse Mariana ao entrar na dispensa.
- Que bom que chegou. A Ema perdeu o juízo, está me ameaçando. - Angelina ousou se defender.
- Mari... - Sarah sucumbiu ao choro. - A Angelina me atacou.
- Como pôde? - Mariana ergueu uma das sobrancelhas.
- Eu não fiz nada demais. A Sarah está exagerando para se passar por vítima. - disse Angelina.
- Sua desgraçada! - avancei em direção a Angelina e fui contida por Sarah e Mariana.
- Amor, por favor, não dê o que ela quer. - Sarah suplicou.
- Ema, tire a Sarah daqui. - ordenou Mariana. - Eu trouxe a Angelina para cá, sou responsável por isso. Confiei na pessoa errada. Então, se uma de nós vai perder o réu primário, será eu.
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DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)
Short StoryEma, uma policial de uma pacata cidade, tem sua vida transformada ao se deparar com Sarah. A presença enigmática de Sarah não apenas surpreende Ema, mas a conduz a um universo inexplorado, onde as algemas não servem para prender criminosos, mas dese...
Capítulo CXIX
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