22- Os últimos dias de agosto

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Quando Sirius acordou, o sol já estava alto e o zumbido constante do trânsito atravessava a janela aberta. Seria um dia quente, Sirius percebeu pela falta de nuvens no céu azul. Não que ele se importasse.

Snivy ainda estava dormindo. Sua respiração era constante e profunda, e um pouco áspera, talvez devido à posição enrolada em que o sonserino estava dormindo. Ainda lembrava a Sirius um croissant, embora Sniv não tivesse um cobertor para si dessa vez.

Sirius sorriu calmamente. Ele respirou pela última vez no cabelo do outro garoto, saboreando o cheiro, antes de cuidadosamente se desembaraçar do outro garoto e se levantar para sentar. Ele se perguntou quão tarde seria.

“Monstro,” ele sussurrou.

Demorou alguns segundos até que o elfo aparecesse, não direto para o quarto, mas para o corredor. Sirius pôde ouvir o estalo abafado e depois os passos leves que levavam à porta do quarto. De alguma forma, os elfos sabiam como abrir silenciosamente até as portas mais barulhentas, para não perturbar seu mestre.

"Sim, jovem mestre?" o elfo perguntou, parecendo cansado.

"Traga um café para ele," Sirius sussurrou. “Preto, sem açúcar. Coloque-o na mesa de cabeceira. E coloque-o sob um feitiço de estase. Quanto a mim, por favor prepare o café da manhã. Vou levar no meu quarto.”

"Sim mestre."

Quando o elfo saiu, Sirius se perguntou como exatamente ele sabia como Sniv tomava seu café. Foi importante? Ou relevante? Ele não sabia.

Depois de alguns segundos, ele suspirou e levantou-se lentamente da cama. Ele foi na ponta dos pés até a porta e a abriu, dando uma última olhada no Sonserino adormecido. O que ele viu, porém, o fez piscar de surpresa.

Sentado no batente da janela aberta estava o pássaro de estimação de Snape, lindo e branco como a neve. Sirius não o ouviu voar até lá, mas lá estava ela sentada, pequenos olhos negros fixos nele.

Sirius engoliu em seco. Ele não tinha certeza se o pássaro era amigável ou não, mas certamente não queria descobrir agora.

Então ele abriu um pouco mais a porta, saiu para o corredor e fechou a porta atrás de si, tomando cuidado para não fazer barulho.

Que manhã estranha.

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Nas semanas seguintes, Sirius visitou Snape todas as noites. Sempre acontecia da mesma forma, como se tivessem uma coreografia pré-determinada para seguir.

Sempre começava com Sirius abrindo a porta do quarto do Sonserino. Ali ele ficava, na porta mal iluminada, esperando pacientemente até que seu noivo, que já estava sentado na ampla cama de dossel, o reconhecesse. Snivy nunca disse nada durante esses momentos, optando apenas por acenar levemente com a cabeça, um movimento tão pequeno que Sirius teria perdido se não estivesse olhando para o outro.

E então, em três passos precisos, Sirius entrava no quarto e sentava na cama fofa e perguntava: “Posso?”

Então, mais uma vez, o sonserino assentia e franzia as sobrancelhas em sinal de insatisfação, depois virava as costas, e Sirius cobria os dois com o fino cobertor de verão. Só então ele abraçaria o magro Sonserino, sempre esperando resistência, mas nunca conseguindo nenhuma. Ali ficavam deitados, acordados e emaranhados, respirando o mesmo ar por um número indefinido de horas: às vezes até o sol nascer, ou os pássaros pararem de chilrear, às vezes até começar a chover.

Tudo parecia tão preciso, tão predeterminado, que em algumas noites Sirius se perguntava se eles estavam em um loop temporal. Mas o calendário estava sempre correndo, de terça para quarta e de quinta para sexta, e a mesma data nunca reaparecia, mesmo que Sirius tivesse a sensação de que algo estava estranho.

o longo caminho para lugar nenhum ( TRADUÇÃO)Where stories live. Discover now