o longo caminho para lugar nenhum ( TRADUÇÃO)

3- Abraxas Malfoy

Quando Severus acordou, ele percebeu várias coisas.

Em primeiro lugar, ele estava com a dor de cabeça do século, como se alguém tivesse partido sua cabeça em duas. Claro, ele já havia sentido dores de cabeça antes, mas nunca assim. Nunca tão agonizante, tão fragmentador como este. Parecia que a dor estava irradiando para seus membros, não queimando seus nervos, mas perto. Ele cerrou os punhos e tentou se concentrar em outra coisa.

Essa "outra coisa" era que ele estava flutuando. Realmente, flutuando fisicamente. Ele estava de costas e podia ver o céu, sem nuvens e tão insuportavelmente claro que o fez apertar os olhos. Ele ouviu os passos de Lucius no caminho de cascalho da Mansão à sua esquerda e viu o sol, desprotegido pelas nuvens. Então ele sentiu a brisa do verão roçar suas costas e o mundo se inclinou. De repente Severus estava perto do Lago Negro, pendurado de cabeça para baixo diante de Potter e seus comparsas. Ele podia ver as pessoas apontando, e ouvi-las rindo, e sentir o vento aumentando e fazendo cócegas em suas coxas nuas no ar - Pessoas rindo, Lily rindo, Black gritando alguns insultos, e Severus não podia fazer nada, nada, nada -

"Então você está acordado," veio a voz de Lucius de algum lugar distante. "Tomei a liberdade de levar você para a Mansão, e levitar foi o mais fácil-"

"Deixe-me descer," sussurrou Severus, quase inaudível. "Eu imploro, me decepcione."

Ele estava tendo dificuldade para respirar agora. Sua respiração era superficial e rápida e ele sentia que não conseguia respirar o suficiente. O vento também havia parado, mas as imagens não, e ele sentiu como se a dor em sua cabeça estivesse enrolada em seu coração como uma serpente constritora. Havia água em seus olhos e, embora Severus não tivesse ideia de como ela havia chegado ali, ele sabia que não conseguiria impedir que ela fluísse. Ele nem tentou. Ele mal estava consciente do que estava ao seu redor.

Ele não percebeu quando foi jogado no chão. Ele também não percebeu os braços apertados envolvendo-o, não até Lucius começar a falar com ele.

"Está tudo bem, Severus. Você está perfeitamente seguro aqui. Respirar. Sim, assim mesmo. Agora de novo. Bom..."

De alguma forma, a voz de Lucius cortou as memórias nas quais Severus estava preso. Ele ouviu e perseguiu como um nômade em busca de um oásis no deserto. A cada palavra tranquilizadora - "Está tudo bem, Severus, continue respirando" - ele se sentia relaxar mais, lenta mas seguramente, e as respirações, ainda superficiais, tornaram-se mais lentas agora. As lembranças ficavam mais fracas a cada minuto, e as lágrimas, embora ainda escorrendo, não eram mais induzidas pelo pânico. Eles simplesmente eram.

"Sinto muito," Severus sussurrou, inclinando-se para o peito de Lucius. Sua cabeça ainda doía, mas não parecia tão ruim agora.

"Você não pode dizer isso. Shh. Está perfeitamente bem. Você teve alguns dias muito ruins..."

"Eu sou um incômodo, não sou? Eu não deveria ter incomodado você.

"Não. Você não é um incômodo, seu idiota. Você está apenas angustiado, e isso é de se esperar quando você passa pelo que passou.

Lucius passou os dedos pelos cabelos de Severus. Severus fechou os olhos.

"Vamos levar você para um bom banho quente, hein? E então você pode comer algo gostoso e tirar uma boa soneca. Tive um sono sem sonhos no St Mungus."

"Tudo bem," Severus disse lentamente.

"Acha que pode andar?"

"Sim. Por acaso você também tem alguma Poção para Aliviar a Dor?

"Claro. Agora vamos deixar você de pé..."

Uma hora depois, quando Severus estava mergulhado em um banho escaldante preparado pelos elfos domésticos dos Malfoy, ele teve que admitir que estava se sentindo muito melhor. A dor de cabeça foi reduzida a um latejar surdo, graças a uma Poção para Alívio da Dor bem colocada, e seu pânico, por mais profundo que fosse, chegou ao fim após uma boa dose de Poção
Calmante. Severus estava se sentindo quase normal agora, se não extremamente exausto.