Eu estava chorando, sentia meu peito pesar e meu coração acelerar. Era quase que impossível o Felipe ser assim, mas ele se provou alguém totalmente ao contrário. Ele foi a primeira pessoa que eu confiei por completo, que eu me joguei de cabeça, mas novamente eu tomei uma ação precipitada, deixei-me agir pelas minhas emoções. Me encolhi no canto do banco do carro, abracei minhas pernas enquanto fiquei relendo nossas antigas conversas. Onde mandei a foto da Nala, ele combinando de ir me ver, ele marcando um encontro na praça...
Vou guardando o meu celular entre meus seios e fico pensando em tudo que a gente viveu em tão pouco tempo. Ah! Como odeio chorar!
Ele me entregando o livro por meio do Abimael...eu até agora não o li, até agora eu nem...
Escuto a porta ao meu lado, abrindo, e vejo o professor com uma sacola de supermercado na mão.
- Carol?...O que aconteceu? - Eu não o respondi, corri diretamente para seus braços e o abracei fortemente. - Calma Carol, calma. - Ele foi deixando a sacola de lado e aos poucos retribuiu o meu abraço. Chorei em seu ombro enquanto sentia um leve carinho do mesmo em meu cabelo. - Calma...calma...respira tá tudo bem! Tá tudo bem! - Ele foi se distanciando, segurando meu ombro. - Eu tô aqui, tá tudo bem. Você quer me falar sobre o que aconteceu?
- Eu...eu...- Meus lábios tremiam
-Olha, come um pouco, bebe um pouco. - Ele tirou da sacola o pão doce embrulhadinho em um saco de padaria. Eu dei um leve sorriso entre minhas lágrimas, logo ele sorriu para mim. Respirei fundo.
- Nunca...vi o senhor sorrir.
- Ah, talvez eu nunca tenha visto você chorar assim. - Ele pegou um suco de garrafinha e sacudiu.
- O senhor comprou suco? Eu não pedi.
- E você ia comer somente o pão? - Eu fui enxugando as minhas lágrimas e assim fui comendo um pedaço do pão, logo o professor foi abrindo o suco e me entregou. Comi. - Então, não vai me dizer?
- Ah...é um garoto...
- Um garoto? O tal do Gabriel? - Quase esqueci que ele conhece o Felipe por esse nome.
- Err...o Gabriel...
- O que ele fez?
- Bom...ele...ele escondeu coisas de mim, coisas que ele sabia que me machucavam.
- Nossa, isso em relação a que?
- Ah...nada professor...- Terminei de comer e fui entregando tudo completamente vazio para o professor.
- É. Você tava com fome.
- Obrigada, de verdade. Não sei porque ele me disse para não confiar no senhor.
- O que? O Gabriel disse para não confiar em mim? - Arregalei meus olhos, mas logo fui coçando a nuca.
- É porque ele é muito desconfiado de tudo...o senhor sabe. - Dei um sorriso sutil, logo bocejei, um sono muito forte foi batendo do nada, me espreguicei para tentar acordar.
- Ah..bom...talvez o Felipe não esteja completamente errado, sabe? Você não deveria sair comendo tudo que lhe entregam. - Eu o encarei assustada, até que o mesmo sorriu para mim com um sorriso que eu jamais vi em minha vida. - Tenha bons sonhos Carol.
- Você...- Apaguei completamente.
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BORBOLETAS DO MEU ESTÔMAGO (+18)
RandomEntre as linhas de um caderno perdido, o caminho de duas pessoas se encontram. Só que a partir daí, tudo vai por água a baixo... Não estou falando de romance, nunca estive falando de romance... Estou falando de suas vidas sociais e suas rotinas que...