》Capítulo 34《

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Contém Gatilhos



Era um beco escuro e totalmente vazio, passos são ouvidos, passos rápidos que logo se transformam em uma correria. Uma perseguição!

Meu celular havia descarregado, eu pouco sabia o porquê tinha inventado de ir naquela festa com o Gabriel. Agora, aonde está ele quando preciso?

Ah...claro...brigamos...

De novo e de novo, a mesma coisa de sempre!

Enquanto corro, sinto o meu suor escorrer pela minha testa, meu coração está acelerado e eu sei que se eu parar, essa coisa irá me pegar. Nem sequer me atrevo de olhar para trás! Mas eu sei que esta coisa é uma pessoa...

Uma pessoa que até hoje me lembro exatamente de suas feições...

De novo não, de novo isso não!
Acabo tropeçando, perdendo meu equilíbrio, caindo no chão.

Não, não! De novo não!

Sinto que a pessoa se aproxima, viro para poder olhar mais uma vez para aquela face que me assombra em todos os dias que eu respiro e tento, sempre tento esquecer e fingir que estou bem.

Só que nada nunca muda!

Tento gritar por ajuda, mais uma vez, chorando pelo Gabriel que me deixou ir sozinha para casa, mesmo sabendo que eu mal conheço esse local.

Enquanto sou puxada para dentro daquela escuridão...



Mais...






Uma...







Vez...










*Pesadelo Off*

Acordo assustada, estou suada em minha cama e minha respiração está ofegante.

Sinceramente eu não sei quantas vezes já tive esse mesmo pesadelo e mesmo assim continuo acordando dessa maneira.

O ar-condicionado do meu quarto vai esfriando mais o ambiente. Pego meu celular e olho o horário, de novo...sete da manhã, como sempre, nunca consigo acordar cedo desde aquele dia. Também, eu sempre tento revirar a noite para não passar por esses pesadelos toda vida.

Engulo em seco e percebo que minha garganta está seca.

Olho para o lado e vejo que, como o de costume, um copo de água, um comprimido e um bilhete estão na minha cabeceira da cama. Vou me sentando devagar e assim vou pegando o bilhete e lendo.

"Toma assim que acordar, beijinho da mamãe!"


Respiro fundo e deixo de lado, assim vou tomando aquele remédio horrível. Claro, quem sofre contra ansiedade é entupido de remédios até as orelhas.

Vou me levantando e tomando um bom banho de água gelada, tentando ainda dizer para mim mesma que aquilo já passou, que agora estou no presente. Vou parando minha mão na barriga, fazendo um leve carinho.

Depois saio, visto uma roupa para a escola e me arrumo como o de costume.

Muita maquiagem para esconder minhas olheiras fundas e por fim, aqueles cropped, com a calça da farda que eles me obrigam a usar, para manter a imagem de filha bonita, para assim chamar atenção de mais clientes.

*

Estou sentada na mesa, com minha mãe e meu pai. Enquanto um dos nossos empregados nos serve o café da manhã. Todo mundo está em silêncio. Meu pai está mexendo em seu computador, enquanto minha mãe mexe em seu celular, nem parece que eles são um casal.

Meu pai, como sempre , com uma cara de sério, enquanto minha mãe fica curtindo roupas no instagram para depois ir gastar o dinheiro todo.


Vou olhando para a mesa e vejo que em meu prato só existe um pequeno pedaço de pão e ao lado três uvas. Eu suspiro e vou indo comer. Meu pai me encara de canto e vai pegando uma maçã, comendo em seguida.

- Vi que tem uma clínica que é bem limpa, parece que os médicos também são bem renomados. - Meu pai falou, voltando a olhar para a tela do computador.

- Já falei que não quero. - Eu disse.

- Eu já disse que você não vai ter esse traste. - Ele disse de maneira fria. Eu apenas engulo a uva que eu mastiguei e vou acariciando minha barriga.

- Eu já disse que ele não é um traste. Não preciso nem ficar com a criança, podemos dar ele para adoção! Eu somente quero ter ele! - Eu disse, olhando diretamente para meu pai. O mesmo foi me encarando, com aquele olhar que mete medo em qualquer um, até mesmo em mim.

- Já pensou quanto de dinheiro eu vou perder enquanto você estiver sumida porque vai estar grávida? - novamente, seco e direto.

- Por favor...- Minha mãe foi falando. - Não discutam na mesa. Carol, escute seu pai, ele sabe o que é o melhor para você.

- Não, ele não sabe! - Fui direta e fria, igual a ele. O meu pai franziu o cenho.

- Como é? - Disse ele. Eu nunca nem sequer havia me atrevido contra meu pai, esta realmente é a primeira vez que faço isso.

- O senhor somente pensa em ganhar dinheiro! Ainda por cima trata o meu amigo como se ele fosse uma ameaça para nossa família, tenta até agredir ele! O senhor é totalmente descontrolado e- Meu pai bate na mesa, assustando a mim e a minha mãe. Assim eu me calo e vou abaixando a cabeça devagar.

- Vou marcar em breve uma consulta para você.- Ele vai fechando o computador.

- E o nosso acordo? Eu ainda não completei dois meses! - Levantei novamente o olhar.

- Mas em breve vai completar. E até agora, você não arranjou ninguém que queria ficar ao seu lado cuidando dessa criança, não é? - Eu abri a boca para falar, mas...eu não tinha o que falar, ele estava certo...eu espantei a todos...Espantei a Gabriel, a Felipe...todos eles foram embora por minha causa. Felipe, eu só...não queria envolver ele ainda mais nessa história. Não quero que ele se meta nessa confusão...- Marcarei a sua consulta em breve. - Ele vai se levantando e assim vai saindo.

Deixando eu e minha mãe a sós na mesa.

Como sempre faz...

- Querida, seu pai ele- A interrompo.

- Não venha defender ele! Ele fez um acordo comigo, deve pelo menos cumprir!

- Ele tem medo de que você possa se machucar ainda mais com essa criança filha!

- Ele tem medo é de perder dinheiro. É isso que ele tem! - Minha mãe ficou calada, enquanto eu voltei a comer o resto que tinha em meu prato.

BORBOLETAS DO MEU ESTÔMAGO (+18)Where stories live. Discover now