》Capítulo 17《

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Parecia que minha mente estava mais ansiosa do que eu mesmo estaria, pois quando acordei ainda era cinco e nove, e eu tinha colocado o despertador para cinco e quinze. Me sentei na maior disposição do mundo.

Peguei meu celular, totalmente sem sono fui tomar um bom banho para poder ir na escolinha particular da princesinha. Já que vamos lidar com gente rica, nada melhor do que ir pelo menos arrumado, não é?

Ainda bem que meu celular estava com 100% de bateria. Eu iria precisar!

Enquanto tomava banho, pensava no caminho que teria que ir pegar para poder chegar na escola de riquinho.

Tenho que pegar a topique 10, isso eu sei, porque antes de dormir dei uma olhada no endereço que a Carol havia me enviado depois da nossa ligação.

Quando terminei meu banho, fui vestindo a melhor roupa que eu tinha ali disponível. Até coloquei uma calça jeans! Peguei minha mochila, com minhas coisas de escola só para passar despercebido pela minha mãe mesmo.

Peguei até meu fone de ouvido e já fui colocando no ouvido, antes de ir na cozinha vasculhar alguma coisa pra comer.

Coloquei para escutar a música foi a “Carolina, Carol bela - Jorge Ben Jor”.

Olha, não tem nada a ver com o fato de eu ter que ver a Carol. Só é uma música, nada demais!

Fui na cozinha, abrindo o armário vendo um pacote de cream crack amarrado com uma liga de dinheiro, peguei aquilo mesmo e um bom copo de água. Comecei a comer em pé mesmo, enquanto aproveitava a música, mó climazinho calmo da manhã de uma sexta-feira! Vi a minha mãe aparecer na porta da cozinha, com a maior cara de sono do mundo. Fui diminuindo o volume da música.

- Oxi menino! Tá fazendo o que acordado uma hora dessa? – Minha mãe perguntou, fui bebendo água para desintalar as cream crack seco que comia.

- Tenho que sair mais cedo hoje mainha! – Num menti, e tinha mesmo!

- Mar uma hora dessa? Pra escola?

- É mainha, hoje é um dia especial. – Novamente falei a verdade, seria mesmo especial.

- Hum...tu tá muito felizinho hoje hein, Felipe! Que é que aconteceu?

- Nada mainha! – Sorri. – Só o dia que tá bonito. – Falei na maior malemolência. Minha mãe me encarou desconfiada.

*

O ônibus tava completamente lotado, porém consegui ir sentado na maior facilidade. Até tava com meu celular escondido nas calças, só para evitar de ser roubado. Sem fone de ouvido claro, porque não sou besta!

O motorista do ônibus tava escutando “Tempo perdido- Legião urbana”.
 
Mas...entrou uma senhora de idade no ônibus, encarei em volta, torcendo para que alguém cedesse o lugar. Só que aquele bando de abestado fizeram foi virar a cara!

Respirei fundo...

- Ei senhora! – Falei, chamando a atenção da mesma para mim. – Que se sentar aqui? – A senhora com um sorriso gracioso caminhou lentamente na minha direção. Fui me levantando, se segurando nos lugares para não cair, e a senhora de idade foi se sentando.

- Eita Felipe? – Escutei uma outra voz familiar que vinha atrás de mim. Olhei de relance e era a mãe da Ester, Dona Luísa.

- Vixe dona Luísa, tô sem os vinte agora oh! – Falei na maior espontaneidade. Ela riu.

- Num vim te cobrar não menino! –Ri envergonhado. – Tô indo é na feira pra repor o mercado.

- Ah sim! – Falei sem jeito.

- E tu Felipe? Que é que tá fazendo aqui logo tão cedo? – Ela perguntou. Eu teria que inventar uma desculpa. Só que...sou péssimo em mentir.

- Ah, é que meu ônibus atrasou e eu resolvi vir nesse!

- E a topique passa na tua escola? Menino se eu soubesse disso levava a Ester todo dia no portão da escola de vocês. – Ri sem jeito. O mano...num vem me dizer que ela vai começar a levar a filha dela por aqui! Pior que nem passa!

- Pois é, né? Que loucura! – Falei sem saber o que dizer. Ela sorriu e eu fui abaixando minha cabeça sem graça. É a primeira vez na vida que eu dou uma gazeada na aula e logo de primeira encontro a dona Luísa??

Que azar felipe, que azar!

*

Eu já estava na rua que iniciava a parte rica de fortaleza. E era por aqui que ficava a escola da Carol. Fui andando pela calçada, recebendo o olhar de surpreso e receoso das pessoas que passavam ao meu lado.

Ahg...que angustiante.

Ainda bem que não demorou muito para eu chegar em frente aquele muro gigante da escola da Carol. Olhei e olhei, percebendo que o segurança me encarava com maus olhos...

Afinal, era 9:50, o que um garoto iria querer na hora do intervalo deles?

Engoli em seco, tentando não encarar tanto o segurança, e continuei seguindo o meu caminho para a tal reforma que ela havia me dito. E quanto mais eu caminhava, mais ficava perto o som de reforma. Me escondi perto da parede, olhando de canto para ver quantos que estavam ali...

E olha...tinha bem uns oito de acordo com o que eu contei na cabeça. Ainda bem que eu num fui visto, só...como é que vou fazer para entrar? Passei meu olhar novamente por cada um dos trabalhadores, tentando imaginar um plano.

Até que...parei meu olhar em um rosto reconhecível. O José do domingo. Ele é conhecido assim lá no meu bairro, porque em todo domingo ele aparece bêbado nas ruas. É a primeira vez que eu o vejo sóbrio na vida! Parece até ser bem mais sério do que ele é bêbado.

Ainda bem que minha mãe tem uma certa amizade com ele...

Será que devo pedir ajudar?

BORBOLETAS DO MEU ESTÔMAGO (+18)Where stories live. Discover now