》Capítulo 14《

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- Eu já disse pra você. Minha mãe tá vindo me buscar e se você não me deixar passar, ela vai processar você e essa escolinha de baixo nível! - Carol falava, enquanto fazia o maior escândalo, pois o coordenador Luís não deixou que ela saísse da quadra para esperar a mãe dela no portão de entrada.

- Eu já falei garota, não vou repetir de novo. Ninguém pode sair até que tudo esteja resolvido! - o coordenador falava sério, mantendo-se na frente de Carol.

Todo mundo estava nos observando...sentia uma vergonha imensa só por estar passando por esse vexame.

- Carol, fica calma aí. - Falei, tentando segurar em seu ombro. Porém ela me empurrou. Respirei fundo, até que senti alguém tocar em meu ombro, olhei e era...Ester. Arregalei meus olhos.

- Você tá bem? - Ester perguntou baixinho e eu, com cara de abestalhado, acenei que sim com a cabeça. Ester encarou séria a Carol, parecia que ela não havia gostado de como Carol estava agindo.

- Eu vou mostrar pra esse cara quem eu sou! Você deveria valorizar por ter minha presença em sua frente! Então eu acho melhor você vê se eu tô na baixa da égua para- Carol foi interrompida.

- Com licença...- Ester falou. Chamando a atenção. - Não querendo me intrometer, mas porque você apenas não aguarda sua mãe sentada na arquibancada? - Ester foi olhando para Carol.

- Eu não quero ficar do lado desses pobres! Eu não suporto essa escola nem por mais um minuto! - Carol falou debochando.

- Você não deve ser tratada como se fosse especial só porque tem dinheiro. - Ester disse, eu fiquei sem reação, enquanto Carol franziu o cenho. Parecia ter se sentido ofendida.

- Mas eu não sou igual a vocês! - Carol disse dando dois passos pra frente. Puxei a Ester mais para trás, apenas para tentar evitar uma confusão entre as duas. - Vai defender ela Felipe??? - Carol olhou para mim chocada.

- Eu...eu...- Falei pensativo. Ester respirou fundo, começando a falar camalmente.

- Você está na nossa escola, então deve ser tratada da mesma maneira que todo mundo aqui!

- Felipe?!?! - Carol falou, olhando para mim, como se esperasse alguma coisa.

- Hã...eu concordo com ela, você deve...esperar sua mãe aqui. - Falei meio sem jeito. Carol fechou a cara e bufou, logo passando por mim, batendo com força seu ombro contra o meu. Fazendo até com que eu fosse um pouco pro lado. Apenas acompanhei a mesma com o olhar.

A cadela que antes me seguia, olhou para mim e para Carol...logo seguindo a Carol para trás da quadra.

*

Isolado novamente, no canto da quadra apenas com minhas coisas e meus pensamentos...

Arruinei tudo? Não sei...

- Cês são amigos a quanto tempo? - Despertei dos meus pensamentos, olhando pro lado vendo Ester se aproximar com a sua garrafinha de água cheia.

- A-ah...- Respira fundo cara...calma...- A gente...meio que é mais conhecido do que amigos. - Fui sincero, afinal conheci ela hoje.

- Ah...é que...ela, sei lá, não desgrudava de tu! - Ester percebeu? Ester estava de olho em mim esse tempo todo? O que??? - Tu foi corajoso ao enfrentar Hugo. - Ester deu um sorriso meigo.

- Ah..Ga-Gabriel fez tudo. - Sorri meio nervoso por receber o elogio de Ester. Nossa...é a primeira vez que temos uma conversa descente.

- Tá nervoso? - Ela percebeu?

- Que??? - Não consegui conter que estava chocado.

- Se tu tá nervoso com essa história de invasão, sabe?

- Aahh! Er...nu-num é todo dia que isso acontece, né? - Brinquei. - A-acho que é frescagem desse povo.

- É, deve ser! - Ester ficou pensativa. - Num vai falar com ela não? - Ester disse.

- Eer...cada um tem seu momento. - Falei.

- Sei lá, vai que né?- Ester olhou para mim, ela estava...preocupada. Como sempre sendo uma garota atenciosa, até com aqueles que não conhece.

- Tá...eu vô tentar. - Falei, não queria incomodar Carol nesse momento. Ela estava brava comigo...sentia isso.

- Pois vai lá! - Ester sorriu e deu um beijo em minha bochecha. - Depois me fala como foi tá? - Arregalei meus olhos, sentindo minhas bochechas esquentarem.

Mas...e o Gabriel?

- A-ah tá-t-tá bom! - Ester foi saindo andando e eu fiquei a encarando com o olhar mais besta do mundo. Engoli em seco.

*

Quando fui apra trás da quadra, vi Carol abraçando suas pernas, enquanto deitava sua cabeça em seus joelhos. Ao mesmo tempo fazia carinho na cadela que a encarava sentada.

Notei que...toda a maquiagem dos olhos de Carol estavam borrados. Ela...ela estava chorando?

Comecei a caminhar na direção da mesma, porém ela me notou. Pegando as suas coisas e se levantando.

- Ei! Carol! - Chamei, porém ela me ignorou, começou a limpar seus olhos. - Carol! - Consegui chegar até a mesma, antes que ela saísse, segurei em seus ombros.

- Me larga! - Carol disse com autoridade. A soltei no mesmo momento, ela começou a andar pra sair de trás da quadra.

- Carol! Pera aí! Bora conversar! - Fui indo atrás, mas nenhuma resposta dela. - Por que tava chorando? Carol! - Quando voltamos para dentro da quadra, todo mundo nos encarava. Aquilo era...perturbador, apertei meus punhos enquanto andava...não liga pra isso Felipe...tenta não ligar...

*Lembrança On*

Tente não lembrar Felipe, tente se esquecer. Tente não ligar...

As lembranças ruins precisam ser esquecidas, você precisa criar uma nova vida.

Mesmo que papai tenha tirado a sua inocência tão cedo.

Papai era um homem mal, papai sempre vai ser mal. Mas mamãe nunca pode saber...

Na história da chapéuzinho-vermelho existia um lobo mau, porém na sua história Felipe...não teve o caçador pra te salvar.

E sempre, sempre se sentiu culpado, sempre se sentiu julgado. A opinião dos outros sempre invade a sua mente, não é?

Você sempre se condenou, papai colocou isso em você.

*Lembrança off*


Parei de andar, sentindo um aperto no peito. Minha respiração estava acerelada...

Levantei meu olhar devagar, vendo Carol passando pelo coordenador como se ele fosse um nada...

Eu não conseguia escutar nada em volta, minha visão estava meio embaçada. Porém consegui ver de longe que Carol abraçou a uma silhueta feminina...eu não conseguia ver se ela ainda estava a chorar, eu a fiz chorar...

Eu sou o culpado...
Sou o culpado de tudo...
De novo e de novo...

Eu...

Eu não estou bem...
Pois...depois dessa cena toda, tudo em minha volta desapareceu e foi sendo consumido pela escuridão.

BORBOLETAS DO MEU ESTÔMAGO (+18)Where stories live. Discover now