》Capítulo 12《

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- Com licença. - Carol falou deixando o livro de lado e saindo da biblioteca. Acompanhei a mesma com o olhar sem entender.

- Reserva pra mim. - Sussurrei para a moça do balcão e ela assentiu. Saí atrás de Carol, pois sentia curiosidade sobre o porquê dela ter ficado tão surpresa com aquela ligação.

A avistei nos corredores falando ao telefone. Me aproximei devagar para tentar ouvir...

- Sim senhor Alberto, eu comi o mínimo daqui. Ah...era...era...- Carol ficou alguns segundos sem falar. - Desculpe, eu acho que não estava na dieta. Tá...desculpa...de verdade pa- Ela parecia que queria falar alguma coisa, mas engoliu em seco, se interrompendo. - Senhor Alberto...- Ela desligou a chamada e respirou fundo.

Franzi o cenho quando vi que ela colocou a mão em sua barriga, nem olhando para trás Carol seguiu em frente encarando os lugares em sua volta desesperada.

Eu segui ela preocupado. Prestei atenção para onde ela entraria e...entrou no banheiro feminino. Mordi meus lábios tentando pensar e repensar se entrava ou não.

Sinceramente era preocupante, aquela conversa não era normal.

"Senhor Alberto"...
Quem é ele?

A mão em sua barriga podia significar mil e uma coisas. Uma delas era que estaria passando mal por conta da comida.

Arriégua! Tá, tá! Vou entrar!

*

Entrei no banheiro feminino, vendo que era bem mais limpo que o nosso...
Não tinha aqueles cheiro de mijo e etc.

Duas cabines estavam abertas, só uma estava fechada...

Então quer dizer que estou sozinho com a Carol dentro do banheiro.

Escuto passos acelerados e me assusto olhando pra porta, aliviando quando vi que era a cadela. Ela havia corrido até nós e também parecia estar preocupada.

Comecei a escutar uma pessoa vomitando.

Dito e feito! Ela estava passando mal.

Fui até a cabine dela e bati duas vezes na porta. Respirando fundo pra que nenhuma coordenadora me visse aqui dentro.

- Ocupado!- Carol falou.

- Eu sei princesinha...- Falei. Por poucos segundos tudo ficou em silêncio, até que escutei a descarga. Me encostei, de costas pra pia, cruzando meus braços. Quando a cabine abriu, vi Carol me encarando séria.

- Você sabe que se te pegarem aqui...

- Num vão me pegar. - Cortei ela no mesmo momento. A mesma bufou.

- Chato!

-Hurum... - Não queria discutir, agora não...

Carol caminhou até a pia ao meu lado e começou a lavar as mãos, em seguida a boca, borrando todo aquele batom vermelho que ela usava.

- Num vai me querer dizer nada, princesinha do nordeste? - Falei a encarando. Ela apenas me olhou pelo espelho, pegando um pouco de papel higiênico na bolsa, começando a limpar o batom borrado. - Tô esperando!

- Mas é intrometido viu! Não é da sua conta garoto. - Ela falou grossa, como sempre.

- Cê sabe que tamo do mesmo lado agora, né? - Fui sincero.

- Não, não estamos! - Ela foi tirando um batom de sua bolsa, começando a retocar, enquanto falava. - Estamos trabalhando profissionalmente. As coisas que acontecem pessoais, ficam sendo pessoais! Como você mesmo falou, eu e você não tem nada haver! - Carol disse em um tom de deboche.

- Isso é em oto sentido menina! Tu sabe muito bem. - Carol guardou o batom na bolsa novamente.

- Não importa bebê, o que acontece comigo pertence a mim. - Ela falou enquanto me encarava pelo espelho. Revirei o olhar, ela foi saindo do banheiro, saí atrás acompanhado da cachorra.

*

Foi uma surpresa pra mim, que quando saí do banheiro feminino vi toda minha turma no andar de baixo, perto do portão de saída, com suas mochilas.

-Oxe...- Falou Carol. - Vão gazear?

- Sei não...- Falei franzido o cenho. Que diacho era aquilo?!?!

Até que, não só a minha turma estava no andar baixo, mas todas as outras turmas começaram a sair desesperadamente, todo mundo se atropelando para chegar no portão que permanecia fechado. Eu coloquei Carol para ficar mais perto de mim, para evitar que ela fosse atropelada ou algo do tipo.

Ela apenas encarou aonde a toquei, mas não se distanciou.

Quando o lugar que nós estávamos se esvaziou mais, eu e Carol nos encaramos tentando entender a situação. Ainda bem que estávamos com nossas coisas, então fomos descendo para tentar encontrar alguém que poderia explicar alguma coisa!

Avistei a Ester perto do Gabriel, abraçando o braço do mesmo, com medo. Do outro lado todos os coordenadores apareceram.

- Com licença. - Tentei falar, mas eles passaram por mim. Senti alguém segurar em minha mão. Quando olhei percebi que era Carol, retribui ao seu toque com o mesmo gesto, pois ela parecia estar com medo por aquele amontoado de pessoas e...

- Por que esses pobres tão desesperados? - Tá, esquece o que eu disse, ela tá com medo do porquê desse alvoroço de um bando de pobre!

Olhei para onde os coordenadores iam e percebi que havia pessoas tentando pular o muro da escola, os coordenadores estavam tentando impedir disso acontecer.

-IRRRHUUUU!!!! - gritou alguns alunos , o gritinho cearense. - TACA FOGO CABARÉ! - sim...alunos tentando só jogar mais lenha no que esteja lá acontecendo.

Vi aquele garoto que segurou a cadela na minha sala passar por mim, com a minha mão livre, toquei em seu ombro. O mesmo olhou para mim.

- Que é que tá acontecendo? - Perguntei.

- Eu não sei muito bem, mas parece que todos os alunos receberam uma menssagem anônima dizendo que terá uma invasão aqui. - Ele falou na maior tranquilidade do mundo e depois saiu andando como se não quisesse nada.

Senti a lambida da cadela em minha perna, como se ela desejasse me acalmar...

Meu coração acelerou, medo era o que sentia...

Eu e Carol nos encaramos, chocados e tentando ainda processar a informação...

O que vamos fazer?!?!?!????

Obrigado menssagem de ônibus idiota! Fez eu acreditar que hoje seria um lindo dia!

SÓ QUE eu descubro que pra conseguir pegar meu caderno tenho que separar a Ester do Gabriel, caí em minha primeira briga na vida com Hugo, arruinando a amizade que eu tinha com ele! Depois descubro que Gabriel trai a Ester, depois Carol parece esconder alguma coisa e para acrescentar...uma invasão???

O que falta? Vamos lá universo! Estou esperando! O que falta????

Ahg!
Minha vida parece um livro de comédia romântica clichê!

BORBOLETAS DO MEU ESTÔMAGO (+18)Where stories live. Discover now