》Capítulo 8《

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Entrei na sala de aula sem pensar duas vezes, surpreendendo os garotos que estavam lá dentro. Carol olhou para mim, ela não estava aliviada por minha presença, mas sim apavorada! Como se já tivesse desistido de resistir, pois seu olhar entregava que ela não acreditava que eu mesmo  conseguiria salvar a ela do que sei lá que estaria acontecendo aqui.

-O que tu tá fazendo aqui Felipe? - Hugo perguntou, virando para mim com um olhar agressivo.

- O que tu pensa que tá fazendo Hugo? - Perguntei. A cadela que me acompanhava rosnou para Hugo, mas ele nem ligou.

- Nada demais, só tamo batendo um papo com a menina nova, né não gatinha? - Ele olhou de canto pra Carol, com um sorrisinho atrevido.

Carol empinou o nariz. Os dois garotos que a seguravam, pareciam apertar mais forte suas mãos contra o braço de Carol.

- Eu não tenho nada pra falar com vocês, suas almas sebosas! - Ela respondeu. Hugo sorriu de canto.

-É Hugo, parece que ela não tá muito afim de conversar com você não. - Irônizei. - Solta a garota, solta!

- Olha Felipe. - Ele virou pra mim, se aproximando. - Papo reto pá tu aqui! Se tu não quiser confusão comigo, é bom tu virar as costas e sair por aquela porta de bico calado! - Ele encostou seu dedo indicador contra o meu ombro com força, depois apontava para porta.

Hugo sabia intimidar as pessoas, principalmente gente como eu, introvertida que não tem muitos amigos. Hugo era meu amigo...ERA!
Por um momento eu não sei como agir, o medo me toma, eu sou um completo covarde.
Olho de canto pra Carol, que também me encara angustiada.

Só que... só um de nós aqui presente tem iniciativa. Não, não foi um humano, foi a cachorra!
Ela avançou com tudo na perna de Hugo, que começou a gritar com a mordida dela.

Aproveitei e criei coragem- não sei da onde tirei isso- e dei um soco na cara de Hugo. Minha mão doeu!

Hugo conseguiu chutar o animal e depois virou para mim com um olhar de ódio.

- Me solta seus pobres! - A Carol gritava, enquanto se debatia.

Eu nem tive tempo de reação, pois Hugo avançou para cima de mim, me sufocando com as duas mãos em meu pescoço. Eu tentava tirar as mãos dele de mim, mas eu não conseguia respirar.

Era terrível o sentimento de você querer puxar ar e não conseguir.

Isso...me despertou uma lembrança que a muito tempo havia me esquecido...

Um gatilho...

*Lembrança on*

Quando eu era pequeno, com meus dois anos de idade. Mamãe ia trabalhar, mas o papai ficava em casa...

Papai era mal, me dizia para não falar nada, ficar calado se não deixaria a mamãe triste e machucaria ela...

Papai fazia coisas que eu não entendia o porquê que ele fazia isso comigo.

Eu era o culpado, ele dizia.

Papai sempre me culpou por suas ações...

Até hoje me culpo pelas coisas que papai fazia comigo.

BORBOLETAS DO MEU ESTÔMAGO (+18)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن