》Capítulo 50《

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Vou acordando lentamente, minha cabeça dói, meu corpo dói. Eu estou completamente acabado...

Como...como fui deixar isso acontecer? Como fui chegar aqui? Como pude ser tão descuidado? Eu briguei com as únicas pessoas que estavam me ajudando...

Como eu pude deixar aquele sentimento me dominar? Eu não sou assim....

Por causa disso vim parar em um lugar completamente escuro, não consigo nem me mexer direito, minhas mãos estão atadas e tudo dói...

Até que escuto uma porta abrir, e logo as luzes são acesas. Instantaneamente eu fecho meus olhos com aquela luz que foi tão de surpresa, que chegou a me incomodar. Logo sinto alguém apertar fortemente o meu queixo e levantar, vou abrindo novamente meus olhos e....

Era uma pessoa mascarada, pelo jeito, essa pessoa não era o professor, apenas pela sua silhueta. Quando tento falar, percebo que estou com minha boca tampada por um pano. Aquela pessoa me encarava e eu não compreendia. Movia meu rosto de um lado pro outro.

Tentei me debater, para que essa pessoa pudesse parar de me encarar, isso já estava me incomodando.

Entretanto, aquela pessoa não pareceu ficar feliz em eu me remexer, logo dando um soco na minha cara como se não fosse nada. Eu tossi no mesmo instante, sentindo minha visão ficar embaçada com tamanha força...isso só poderia ser a força de uma adulto. Então, o mesmo foi tirando a mordaça de minha boca, me puxando pelos cabelos para lhe encarar. Até que ele me mostra a tela do meu celular..., ele estava bloqueado.

- Ah...então você quer a senha? – Sorri com deboche. – Porque eu daria? – A pessoa suspirou fundo e sem dizer nenhuma palavra, me deu outro soco que quase fez com que eu caísse no chão junto com a cadeira. Senti um gosto de sangue chegar a minha boca, então cuspo no chão, novamente ele puxa meu cabelo para levantar meu olhar. Eu me sentia fraco...como sempre fui..., ele novamente mostra a tela do meu celular. – O que você quer de mim? Você e aquele professor..., o que querem comigo? Só porque eu fui atrás de saber a verdade? – Falei ainda com um sorriso no rosto, sentindo um pouco de sangue escorrer pelo meu nariz.

Aquela pessoa, totalmente sem paciência, dá um soco em minha barriga, fazendo eu ficar com falta de ar, eu fico tentando voltar a respirar.
Não importa o que aconteça...

Eu não vou entregar o que eles querem que eu entregue! Eu não vou!

Se eles querem alguma coisa sobre a Carol, não vou falar nada! Eu vou fazer isso por ela...vou aguentar isso por ela...

Vou tentando encarar ele, e aparentemente ele parece que vai digitando alguma coisa no meu celular, acho que ele está tentando colocar a senhor por si só. Eu acho que não tem como ele saber..., é o ano de nascimento da minha mãe, junto com o meu dia de nascimento e as minhas duas iniciais...

Parece que ele tenta…tenta...

Até que escuto o som do meu celular desbloqueando, olho e...

Seus olhos sorriam...

Não, Não! Como ele conseguiu??? NÃO!

Ele vai mexendo no meu celular, até que me mostra o contato da Carol...

- O QUE VOCÊ QUER DELA, PORRA??? – Gritei. – DEIXA ELA EM PAZ! DEIXA- Fui interrompido com um tapa. – Deixa...deixa ela...por...por favor...- Ele clica em ligação de voz. Claro, ela jamais poderia ver o meu estado atual. Por que ele quer que eu fale com ela? Por que? Chama...chama...e ela atende.

- Você resolveu me ligar depois de me deixar sem notícias alguma sobre você? Sério, Felipe? Eu não tô pra conversar com você! – Era tão bom poder ouvir sua voz...porém eu...eu não sabia o que falar...eu...será que....com toda certeza eu vou apanhar, mas tenho que avisar ela! – Felipe?

- Carol! – Falei um pouco ofegante. – Não confia no professor! Não confia nele!

- O que? Como assim Felipe?

- Aquele seu professor, Samael, Samuel, EU NÃO SEI!

- NÃO GRITA!

- Carol.... por favor...

- Aonde você tá? Aonde você estava quando eu precisei? – Escutei sua voz de choro.

- O que? Carol...

- Felipe...você…mentiu pra mim? – Ela parecia estar começando a chorar do outro lado, eu não entendia muito bem.

- Mentir? Como assim? Eu nunca menti pra você! Nunca!

- Então...fala pra mim...que o seu pai não se chama Fernando Monteiro, me diz que você não é um Monteiro! Me diz! – Eu fiquei totalmente congelado, eu não sabia como ela havia descoberto. Senti um aperto em meu peito e minhas lágrimas subiram aos olhos. – ME, DIZ! – Ela falou pausadamente.

- Carol...eu ia te contar! Eu não sabia que meu pai estava envolvido nisso! Eu juro que quando descobri eu ia te contar!

- E quando  você descobriu? – Fiquei em silêncio....minha voz saia falhada e saber que eu estava fazendo a Carol ficar daquele jeito, me dava um sentimento péssimo.

- Eu...eu não tinha certeza se era ele...mas...quando eu comecei a investigar  sobre você, sobre seu passado.

- Espera, você me investigou? Eu não preciso da sua ajuda, sabia!

- Carol...por favor! Você precisa me escutar, não confia no professor! – Falei chorando, torcendo para que ela me ouvisse.

- Então...você tava na escola, naquele dia, pra me investigar.

- No começo não! Eu queria te ver, a gente tinha um acordo que acabou logo quando comecei a gostar de você! Eu queria te ajudar quando soube do seu passado! Naquele dia na sua casa...eu não poderia ficar parado! Eu tinha que fazer algo! Carol...

- CALA BOCA FELIPE! VOCÊ NÃO RESPONDEU! A quanto tempo sabia...- Engoli em seco.

- Eu tô te falando, quando descobri, eu não sabia se era ele mesmo, eu tava tentando saber...

- Foi antes ou depois de eu ir pra sua casa que você desconfiava?

- Foi...foi antes...- Ficamos em silêncio, eu soluçava de chorar. – Carol, por favor...acredita em mim! Eu tô te falando a verdade! Mas foi só depois que eu fui ter a certeza que ele tava envolvido, eu ia te contar, eu ia! Só...não sabia como...

- Felipe...- Fiquei em silêncio, esperando ela responder, até que eu escuto um suspiro do outro lado da ligação. – Não me ligue mais!

- Carol...por favor...

- Tchau Felipe.

- CAROL! – Ela desliga. Eu me desabo em lágrimas...não..não...Como...como ele foi ser mais rápido que eu? Como ele conseguiu fazer a cabeça da Carol? – Eu preciso sair daqui... – Falei engolindo o meu choro, sentindo um ódio subir as minhas veias.

- Ah...não se preocupe meu filho...- O que?..., levantei meu olhar devagar, assustado e surpreso. Comecei a sentir algo que eu não sentia desde pequeno...- Você deu o seu melhor..., mas você sabe como são as mulheres. – O homem foi tirando a máscara...era...era...meu pai...
Meu ar foi faltando, senti o pânico invadir minhas veias. Eu queria correr, queria sair dali, mas além de eu estar amarrado, eu estava completamente congelado.

- Nã—nã-não! – Falei em desespero. Até que o mesmo se aproxima de mim com aquele sorriso terrível que me perseguia pelos cômodos da casa.

- A quanto tempo...olha como você está grande...já é um homem! – Ele faz um leve carinho em minha bochecha. Sinto repulsa! Quero vomitar, porém o meu medo parece não deixar eu fazer nada. Eu nem desviava o meu olhar daquela face que me assombrou a minha vida inteira. – Papai estava com saudades de você.

BORBOLETAS DO MEU ESTÔMAGO (+18)Where stories live. Discover now